Resenha de Função docente: natureza e construção do conhecimento profissional. (ROLDÃO).

A autora na introdução já destaca que questões ligadas a profissionalidade docente está nos interesses dos sistemas educativos e das instituições nas pesquisas educacionais, assim como cresce também o papel nuclear do professor em todo o processo educativo. Direcionamento de interesses que prende-se ao fato da atividade docente se encontrar em um período de redefinição no seu percurso de afirmação profissional, percurso que liga-se diretamente com a problemática da escola atual no seu papel social. Aspectos históricos e sociais da atuação da profissão docente em um passado recente sobre a imagem refletida perante a sociedade do papel do professor como educador e formador demonstra grande destaque, estima e valorização; qualquer reflexo nos tempos atuais, não pode desconsiderar essa imagem, pois ela ainda influência uma forte representação social. Esse referencial profissional serve-se como base a muitos docentes, mesmo que segundo a autora o exercício da função do professor tenha mudado, mas no essencial a função profissional não mudou. Estruturando-se a profissionalidade em torno de alguns eixos fundamentais: a natureza, o saber, o poder e o nível de reflexividade.

Na natureza da profissão está a essência da função de sua ação motivadora, e como toda ação a caracterização de um verbo, segundo Roldão (2007, p. 95)¹, ensinar configura-se como a especialidade de fazer aprender alguma coisa (a que chamamos currículo, seja de que natureza for aquilo que se quer ver aprendido) a alguém (onde o ato de ensinar só concretiza-se nesta segunda transitividade); ajudando segue Freire (2011, p. 24)²: "... ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção". O segundo eixo, o saber, também chamado pela autora de saber educativo, não é apenas o saber teórico, muito menos acrescido da prática cotidiana que o profissional adquiri ao longo de sua carreira, mas a união dos seus diversos saberes na prática docente aplicado em cada situação educativa do seu objetivo na aprendizagem do aluno. A prática da profissão também caracteriza-se pelo quanto de poder esse profissional possui, poder que envolve vários aspectos da profissão, como o poder sobre o conteúdo ministrado, poder na sua autonomia profissional, poder na sua decisão quanto a modificação ou adequação de sua ação, contudo tal poder sofre algumas vezes limitações seja ela de razões intrínsecas (posicionamento pessoal na profissão, passividade, acomodação); seja pelas extrínsecas (sistema centralizado, imposições metodológicas, controle). Para complementar segue-se o último eixo, a reflexividade, capacidade do profissional refletir sobre sua função, prática e eficácia da profissão para contribuição da melhoria de sua atuação.

Entre as mudanças que acarretaram alterações na prática docente, podemos citar as mudanças ocorridas na sociedade, seja de fatores econômicos e sociais; o papel social da escola e a cobrança em uma formação do aluno mais eficaz  por conta de tais mudanças no desenvolvimento histórico-social, políticas neoliberais, demanda do mercado e mundo globalizado; e a atenção ao conteúdo ministrado, o currículo, onde matrizes ditas como estáveis dão lugar a matrizes modificadoras para atender um domínio mais consistente do conhecimento, exigindo da escola e dos professores mais saberes, mudando com isso o grau de consciência crítica dos próprios profissionais. Diante de toda essa reflexão estamos diante de um novo contexto de relação do professor com sua profissão, destacando o papel da necessidade de autonomia no processo curricular e entendimento do currículo como unidade integradora do que se quer ensinar, tudo a todos de maneira eficaz. Podemos ainda citar como algumas implicações do conceito da profissionalidade na prática docente a atualização curricular, que demonstra necessidade no planejamento curricular, sua autonomia no processo curricular e sua objetividade no processo de ensino aprendizagem. Uma segunda implicação é o enquadramento da escola diante da necessidade de um novo conceito a instituir-se mais fortemente sobre a determinação educativa e gestão educativa, muito relacionado a autonomia escolar. Esse processo educacional vem mostrando a necessidade e efetividade de um trabalho colaborativo  necessitando de um  desenvolvimento e evolução na prática institucional e profissional. Educar melhor e mais adequadamente atendendo a diversificação dos públicos escolares constitui o grande desafio para escola e docentes.

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