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Atividade Referente ao Livro: A Invenção da Natureza

Por:   •  23/5/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.543 Palavras (11 Páginas)  •  286 Visualizações

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Atividade referente ao livro: A Invenção da Natureza

Ele queria navegar pela América do Norte, de modo que pudesse conhecer Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos. Por longos cinco anos Humboldt havia visto a natureza em seu apogeu – exuberante, luxuriante e inspiradora – e agora queria ver a civilização em toda a sua glória, uma sociedade construída como uma república e alicerçada nos princípios da liberdade.

Na véspera de sua chegada, Humboldt escreveu uma longa carta a Jefferson expressando seu

desejo de encontrar-se pessoalmente com ele em Washington, DC, a nova capital da nação. “Seus escritos, suas ações e o liberalismo de suas ideias inspiram-me desde a minha mais tenra idade”, escreveu Humboldt, que também informou que trazia consigo uma profusão de informações da América Latina, onde havia coletado plantas, fizera observações astronômicas, encontrara hieróglifos de antigas civilizações nas profundezas da selva tropical e compilara importantes dados dos arquivos coloniais da Cidade do México. Humboldt escreveu também a James Madison, o secretário de Estado e o mais fiel aliado político de Jefferson, declarando que “tendo testemunhado o formidável espetáculo dos majestosos Andes e o esplendor do mundo físico, tencionei desfrutar o espetáculo de um povo livre”. Política e natureza andavam juntas – ideia que Humboldt discutiria com os norte-americanos.

Assim que desembarcou na Filadélfia, Humboldt trocou cartas com o presidente e foi convidado por Jefferson a fazer uma visita a Washington. Jefferson escreveu que estava empolgado, porque considerava “esse novo mundo com maior esperança parcial de que apresentasse um estado aprimorado da condição humana”. E assim, a 20 de maio, Humboldt, Bonpland e Montúfar embarcaram rumo a Washington, DC, cerca de 240 quilômetros a sudoeste.

Tal qual Humboldt, Jefferson transitava com facilidade entre uma ciência e outra. Era obcecado por medições e compilava uma imensa quantidade de listas que variavam das centenas de espécies de plantas que cultivava em Monticello a tabelas de temperaturas diárias. Contava os degraus das escadas, mantinha a “contabilidade” das cartas que recebia das netas e sempre carregava uma régua no bolso.

A jornada desde a Filadélfia levou três dias e meio, e Humboldt e seus companheiros de viagem finalmente chegaram a Washington na noite de 1o de junho. Na manhã seguinte, Humboldt encontrou-se com Jefferson na Casa Branca. O presidente deu as boas-vindas ao cientista de 34 anos em seu gabinete particular, onde mantinha diversas ferramentas de carpinteiro, porque tinha aptidão para mecânica e gostava de fabricar coisas – da invenção de uma estante de livros giratória ao aperfeiçoamento de fechaduras, relógios e instrumentos científicos. Sobre os peitoris das janelas havia vasos de rosas e gerânios, de que Jefferson adorava cuidar. Mapas e diagramas decoravam as paredes. E as prateleiras estavam repletas de livros. Os dois homens gostaram um do outro imediatamente.

No decorrer dos dias seguintes, Humboldt e Jefferson encontraram-se diversas vezes. Em uma dessas ocasiões, já de tardezinha – o lusco-fusco começava a se assentar sobre a capital, e as primeiras velas eram acesas –, quando Humboldt entrou na sala de recepções da Casa Branca e deparou com o presidente rodeado por meia dúzia de netos, às gargalhadas e brincando de pega-pega. Jefferson demorou um instante para notar a presença de Humboldt, que ficou observando em silêncio a ruidosa cena familiar. Jefferson sorriu. “O senhor flagrou-me fazendo papel de bobo”, disse ele, “mas estou certo de que para o senhor eu não preciso formular um

pedido de desculpas”. Humboldt ficou encantado de ver seu “herói vivendo com a simplicidade de um filósofo”. Ao longo da semana seguinte, Humboldt e Bonpland foram levados de reuniões para jantares e ainda mais reuniões. Todos estavam empolgados para conhecer os intrépidos exploradores e ouvir suas histórias. Humboldt era “objeto de atenção universal”, disse um norte-americano –, tanto que Charles Willson Peale, pintor da Filadélfia e o organizador da viagem a Washington, distribuiu uma grande quantidade de silhuetas que ele mesmo havia feito de Humboldt (e Bonpland), incluindo uma para Jefferson. Humboldt foi apresentado ao secretário do Tesouro, Albert Gallatin, que julgou que ouvir os relatos de Humboldt era um “requintado regalo intelectual”. No dia seguinte, Humboldt viajou para Mount Vernon, propriedade de George Washington, cerca de 24 quilômetros ao sul da capital. Embora Washington tivesse morrido quatro anos e meio antes, Mount Vernon era agora um destino turístico popular, e Humboldt queria ver o lar do herói revolucionário. O secretário de Estado, James Madison, foi o anfitrião de uma festa em homenagem a Humboldt, e sua esposa, Dolley, declarou-se encantada e afirmou que “todas as damas se dizem apaixonadas por ele”. Durante os dias que passaram juntos, Jefferson, Madison e Gallatin bombardearam Humboldt com perguntas sobre o México. Nenhum dos três políticos tinha ido pessoalmente ao território controlado pelos espanhóis, mas agora, rodeados por mapas, estatísticas e cadernetas com anotações, Humboldt os informou e instruiu acerca dos povos da América Latina, suas lavouras e clima. Humboldt havia trabalhado intensamente para aprimorar os mapas existentes, calculando e recalculando suas exatas posições geográficas. Como resultado, produziu os melhores mapas que era possível obter à época – algumas localidades, gabou-se ele diante dos novos amigos, tinham sido equivocadamente representadas nos mapas antigos, com erros de até 2 graus de latitude – cerca de 225 quilômetros. A bem da verdade, Humboldt dispunha de mais informações sobre o México do que as disponíveis em alguns países

europeus, disse Gallatin a sua esposa, praticamente incapaz de conter seu entusiasmo. Melhor ainda, Humboldt permitiu que eles transcrevessem suas anotações e copiassem os mapas. Seu conhecimento era “espantoso”, concordaram os norte-americanos, e em retribuição Gallatin forneceu a Humboldt todas as informações que ele queria acerca dos Estados Unidos. Durante meses a fio Jefferson havia tentado arranjar qualquer migalha de informação sobre o novo território da Louisiana e sobre o México, e de repente caiu-lhe às mãos muito mais do que ele poderia esperar. Os espanhóis vigiavam atentamente seus territórios e raramente permitiam a entrada de estrangeiros em suas colônias, razão pela qual Jefferson não tivera condições de descobrir muita coisa até a visita de Humboldt. Os arquivos coloniais espanhóis no México e em Havana continuavam rigorosamente fechados para os estadunidenses,

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