DARCY RIBEIRO- O POVO BRASILEIRO
Por: Mirla Dantas • 14/10/2018 • Trabalho acadêmico • 4.500 Palavras (18 Páginas) • 718 Visualizações
| UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS CIÊNCIAS SOCIAIS – BACHARELADO GEOGRAFIA HUMANA Docente: Iago ... Discente: Mirlene Dantas 3º PERIODO |
DARCY RIBEIRO- O POVO BRASILEIRO
O documentário sobre a obra O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, nos explica dentre outras informações, a mistura de raças que nós brasileiro adquirimos, como ela foi sustentada, as matrizes que compuseram o nosso povo, as proporções tomadas por essa miscigenação em nosso país, as condições ambientais em que ela ocorreu e os objetivos de vida assumidos por cada uma dessas matrizes, que sustenta quem somos hoje muito mais pelas nossas semelhanças do que pelas diferenças.
Surgia então assim no Brasil, uma estrutura social totalmente inédita, cuja economia era baseada no escravismo e no mercantilismo, que se constituiu pela supressão de qualquer identidade étnica.
Abaixo, as principais questões narradas nos 6 vídeos assistidos:
MATRIZ TUPI
O autor Darcy Ribeiro conta neste primeiro capítulo do vídeo, se conseguiríamos imaginar o mundo, daqui a cinquenta anos, com base na observação do que ele foi, cinquenta anos atrás, como um alerta de como o futuro precisa ser construído, o futuro precisa ser inventado. O primeiro povo componente da etnia brasileira, a nossa matriz indígena, a matriz tupi, ressalta que o Brasil índio já existia há mais de mil anos antes de 1500, momento houve o encontro com os descobridores. Estes índios, tinham como grande marca, a alegria e o gozo de viver, mais ainda a Matriz Tupi como a harmonia entre o homem e a natureza.
Não havia, no entanto, uma nação tupi, havia uma quantidade de tribos, totalmente autossuficientes em sua interação com a natureza. Estavam se iniciando na fase da agricultura, domesticando inúmeras plantas e animais e conheciam a natureza em detalhes, conhecendo plantas e animais e conhecendo os diferentes usos a fazer e suas moradias determinadas pelo curso dos rios. O autor inclusive, conviveu de perto e por vários anos com os índios e fala com segurança o destino que eles deram ao povo brasileiro, as miscigenações genéticas e culturais.
Os tupinambás viviam em função das guerras por conquista de melhores espaços, mas não haviam furtos ou brigas, eram educados para a convivência a partir dos mais velhos, não se davam ordem, eram livres, inclusive os casamentos eram feitos e desfeitos sem confusão e a homossexualidade não era vergonhosa por não precisar oculta-la. A diferença de gênero da seguinte forma: os homens eram educados para as funções da caça e da pesca e para a fabricação de utensílios e canoas, já as mulheres eram educadas para a tecelagem, preparo das comidas e bebidas e preparação das festividades, dessa forma nem havia diferença entre arte e trabalho artesãos pela beleza de seus trabalhos.
Na agricultura, já cultivavam a mandioca, o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o amendoim, o tabaco, a abóbora o guaraná, entre outros, e faziam deles alimentos e matérias primas para condimentos, estimulantes e venenos, conhecendo e interagindo com a natureza.
Porém, um dos traços mais marcante de sua cultura era a preservação de sua identidade. Aprendiam na convivência, a ser índios e a alegria era uma de suas maiores marcas, isso se provava por viverem festejando, tudo sendo motivo de comemoração, nascimentos, plantios, colheitas e mesmo rituais fúnebres, até na guerra havia honra, uma ética e até uma estética. Não tinham como se vangloriar de posses, pois tudo era comum, tudo tinham, mas nada possuíam.
Dentre muitas heranças, nos deixaram os deslocamentos rápidos, a interação com a floresta, o banho diário, a alimentação, mas acima de tudo a sua vida integrada com a natureza e o seu espírito de alegria e predisposição para a festa. Quando viram os colonos chegarem, imaginaram que eram os deuses que com eles vieram conviver no paraíso, mal sabiam que era uma outra cultura chegando e que faria deles, meros objetos para os seus próprios benefícios, exemplo, o pau brasil, a cana de açúcar, o ouro e muito mais, uma cultura que os transformaria em ninguém, palavra que Darcy usa bastante, para designar que com a soma desses “ninguéns” é que foi se formando o povo brasileiro e a ele dando identidade.
MATRIZ LUSA
Neste segundo vídeo, o autor Darcy Ribeiro começa falando dos sonhos de D. Henrique, um rei meio doidão, segundo ele, filho pleno da Idade Média e da revolução tecnológica, na arte de navegar, que colocou Portugal na vanguarda dos povos e o seu incentivo à navegação e os inventos decorrentes, como o navio com leme fixo, como o barco a velas, equipados com bússola, foram os grandes responsáveis pelo vanguardismo dos portugueses nas navegações e que tiveram importância histórica maior para a humanidade do que muitas das invenções tecnológicas dos dias de hoje, além disso, Portugal se transformou na primeira Nação dos tempos modernos formada por uma estreita faixa de terras premidas entre o mar e a Espanha, munido com as experiências incorporadas de árabes e de judeus, se fez um país de navegadores e de conquistadores. Darcy inclusive, defende a tese de que Portugal é mais árabe do que latino, destacando para isso o recebimento dos números arábicos, em substituição aos romanos e a obra de Aristóteles, os árabes formaram um mosaico de mercadores, artesãos e camponeses e deixaram como herança para os portugueses inúmeras coisas como o moinho, o algodão, a cana de açúcar, o azulejo e o gosto pela claridade, as varandas. Os traços judeus também estão presentes.
A Nação portuguesa se formou essencialmente no combate com os espanhóis, na luta pela manutenção de suas fronteiras e na luta pela expulsão dos árabes. Já tinham uma língua e acima de tudo, Darcy faz questão em destacar, tinha um projeto. Aquele rei meio doidão, também professava uma heresia utópica, acreditava em três reinos, de acordo com a trindade. O passado longínquo era o reino de Deus Pai, o Antigo Testamento. O reino do Filho era o tempo do Novo Testamento e o futuro seria representado pelo Espírito Santo. Seria o reino do paraíso terrestre. Atrás desta visão mística existe a ideia de um projeto de Estado. Contado que no dia do divino havia um grande banquete e se soltavam todos os presos, simbolizando, exatamente, esta visão de um reino sem males e de fartura, o paraíso terrestre. Com a reação a esta heresia, a festa teve maior permanência no Brasil, longe da vigilância do Santo Ofício. Neste reino se cultivaria a fartura, o sorriso e a alegria, uma ideia inspiradora, que não se concretizou. Dom Henrique e o sonho de uma república governada pelo Espírito Santo, como um projeto de Estado.
O empreendimento português não se tornou possível, por causa da Igreja, mas agora com o espírito do renascimento, com as novas tecnologias aplicadas à navegação e com um sentimento de Nação se consolidando, Portugal avançou para as glórias da imortalidade. Estabelecimento de feitorias, uso de escravos índios e africanos se tornaram a marca da expansão comercial portuguesa. Darcy Ribeiro termina o vídeo com um resgate de memória de que muitos alimentam preconceitos com relação ao fato de termos sido colonizados por portugueses e descobertos pelo povo mais avançado que havia na época e embalados num sonho mirabolante de grandeza, de instituição de um reino novo, governado pelo Espírito Santo, com um banquete, não apenas de um único dia na sua festa, mas de um banquete, simplesmente, diário, em uma terra sem males.
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