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Diferentes conceitos sobre a Globalização

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Por:   •  26/5/2013  •  Tese  •  1.318 Palavras (6 Páginas)  •  592 Visualizações

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1.1. Diferentes conceitos sobre a Globalização

Na 23a. Bienal de São Paulo, um trabalho deveras interessante do artista Yukinori Yanagi chamou a atenção: um grande painel de areia colorida representava bandeiras de todos os países, bandeiras essas que se misturavam à medida em que formigas (no caso, saúvas brasileiras) caminhavam pela obra. Metáfora rancorosa, impregnada de ironia, ou mesmo poética aos olhos de alguns, o fato é que a corrosão das bandeiras nacionais simbolizava para a maioria das pessoas (àquela época e, muito provavelmente, ainda nos dias de hoje), o verdadeiro significado do termo “globalização”: o fim dos Estados Nacionais e a vitória triunfante de um mundo sem fronteiras, global. Para Hirst e Thompson (1998, p. 13), “a globalização tornou-se um conceito em moda nas ciências sociais, uma máxima central nas prescrições de gurus da administração, um slogan para jornalistas e políticos de qualquer linha”. Segundo Ianni (1997, p. 13), “a descoberta de que a terra se tornou mundo, de que o globo não é mais apenas uma figura astronômica, e sim o território no qual todos encontram-se relacionados e atrelados, diferenciados e antagônicos – essa descoberta surpreende, encanta e atemoriza. Trata-se de uma ruptura drástica nos modos de ser, sentir, agir, pensar e fabular. Um evento heurístico de amplas proporções, abalando não só as convicções, mas também as visões de mundo”. Ao mesmo tempo em que a inexistência de barreiras geográficas ou políticas entre os países reverbera na mente das pessoas, outros significados são também atribuídos à “globalização”, e isso de tal forma ocorre que podemos encontrar o termo sendo utilizado tanto para descrever a hegemonia do hambúrguer no cardápio alimentar quanto para representar a comunicação via internet, rápida, simultânea e integradora. Na verdade, “globalização” significa tanto, que o termo acabou por resultar quase vazio de sentido, e para traçar (ao menos) algumas fronteiras demarcadoras é necessário que um esforço especial seja feito para compreendermos seus conceitos, contextualizados no tempo e na história, entendidos a partir das diferentes correntes ideológicas daqueles que vêm estudando o fenômeno. Afinal, “desde que o capitalismo desenvolveu-se na Europa, apresentou sempre conotações internacionais, multinacionais, transnacionais e mundiais, desenvolvidas no interior da acumulação originária, do mercantilismo, do colonialismo, do imperialismo, da dependência e da interdependência” (IANNI, 1997, p. 14).

De maneira simplificada, o termo, que passou a ser utilizado na década de oitenta, comparece no vocabulário acadêmico ou popular sob duas principais formas: ou no sentido positivo, relacionado ao processo de integração da economia mundial, ou normativo, prescrevendo e sugerindo estratégias de desenvolvimento baseadas na hegemonia política do capital internacional. Segundo Prado (2003, p. 2),

“como todo conceito imperfeitamente definido, Globalização significa coisas distintas para diferentes pessoas. Pode-se, no entanto perceber quatro linhas básicas de interpretação do fenômeno: (i)- globalização como uma época histórica; (ii)- globalização como um fenômeno sociológico de compressão do espaço e tempo; (iii) globalização como

hegemonia dos valores liberais; (iv) globalização como fenômeno sócio-econômico”.

1 Estado de beligerância e de confrontos políticos entre Estados Unidos e União Soviética que teve início após o final da Segunda Guerra Mundial, quando acordos assinados entre os países envolvidos no conflito armado dividiram o mundo em duas grandes áreas de influência.

2 Construção que dividiu a Alemanha, uma parte ficando sob domínio do Ocidente e a outra sob influência da União Soviética.

3 Alguns autores, entretanto, fazem questão de enfatizar que tal socialismo do período nada mais era do que um outro formato do capitalismo, daquela vez sob forma estatal.

Vejamos, portanto, como cada um desses pontos de vista contribui para a compreensão do fenômeno da globalização.

1.1.1. A Perspectiva Histórica

Do ponto de vista histórico, o termo faz referência a vários e diferentes eventos. Para alguns historiadores, globalização se refere ao período iniciado com o término da Guerra Fria1, sendo seu ato fundador a queda do Muro de Berlim2 e a capitulação final do socialismo à superioridade do capitalismo ocidental3. Outros preferem situá-la na década de cinqüenta quando, após o término da II Guerra, os Estados Unidos iniciaram sucessivas intervenções militares na Ásia, na América Central e no Oriente Médio, todas elas com o objetivo de defender os interesses do capital ocidental. Outros datam o processo como tendo início no século XVI, com as grandes navegações e a ação colonizadora da Europa na América, na África e na Ásia.

A razão pela qual se defende a descoberta do Novo Mundo como o primeiro patamar do que seria a globalização é que, a partir daí, ter-se-ia criado um sistema econômico de interferência mundial, com importação e exportação de escravos e produtos primários, e transformador da vida das colônias e dos países compradores e portadores de tecnologia. Essa transformação seria impulsionada depois pela Revolução Industrial que, mecanizando os meios de produção e barateando os produtos finais,

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