ENSINO DA GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A REALIDADE DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Por: LidaneST • 8/2/2018 • Artigo • 1.563 Palavras (7 Páginas) • 389 Visualizações
ENSINO DA GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A REALIDADE DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA-BA.
Lidiane Sousa Trindade UESB.Brasil.lili.s17@hotmail.com
Andrecksa Viana Oliveira Sampaio UESB. Brasil.viladea@yahoo.com.br
Introdução
A pesquisa teve como objetivos analisar o desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem de Geografia envolvendo os discentes com deficiência auditiva nas escolas do município de Barra do Choça-Bahia, além de avaliar as possibilidades de capacitação desses docentes para trabalhar com esse público.
A escolha desse tema surgiu a partir do interesse em verificar as dificuldades dos discentes com deficiência auditiva no processo de ensino e aprendizagem mesmo após a inclusão estabelecida por lei. A pesquisa visa responder algumas questões: O ensino de Geografia tem contemplado os alunos com deficiência auditiva? As metodologias utilizadas fazem com que alunos surdos tenham uma compreensão e reflexão dos conteúdos e das categorias geográficas? Os professores de Geografia planejam suas atividades pensando na inclusão destes discentes em suas aulas?
O resultado desta pesquisa é importante para o ensino de Geografia, pois ampliam os estudos sobre o ensino de Geografia para deficientes auditivos, as possibilidades de metodologia que contemplem a aprendizagem desses discentes e ainda serve de subsídios para leitura de professores e graduandos que buscam se inspirar nas metodologias utilizadas pelos professores que trabalham com alunos surdos, seja para aprimorar as estratégias ou para se orientar em seus estudos e planejamentos.
Metodologia
Para a realização desta pesquisa foi necessário, um levantamento teórico dos autores que abordam as temáticas sobre Ensino da Geografia na educação básica e inclusiva com enfoque para deficientes auditivos tais como: Dias (2013), Pena e Sampaio (2008), a Revista SEMED-BC (2016), entre outros.
Foi realizada uma entrevista semiestruturada com os professores de Geografia, gestores da escola, funcionários da Secretaria de Educação, além dos intérpretes. Aos docentes foram averiguados o relacionamento professor e aluno, as metodologias e recursos utilizados para esse público, a capacitação desde sua formação acadêmica e continuada, entre outros aspectos.Aos gestores das escolas e funcionários foi questionadosobre os recursos específicos para investir na educação inclusiva, o apoio oferecido as escolas com alunos deficientes auditivos, o investimento na formação dos professores e interpretes, entre outras.Aos intérpretes questionou-se sobre a compreensão das dificuldades de traduzir os conteúdos de Geografia para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o processo de transmissão dos conteúdos de Geografia para o aluno surdo, a interpretação de alguns termos técnicos da Geografia, dos mapas e gráficos e a capacitação que se tem para trabalhar com o ensino de Geografia em sala.
Para os alunos envolvidos na pesquisa, disponibilizou-se um questionário aplicado em sala de aula com a presença do intérprete com relação à compreensão dos conteúdos, a percepção da Geografia em seu cotidiano, os recursos didáticos utilizadose relacionamento professor – interprete – aluno.
Foi necessária uma observação das aulas de Geografia nas turmas dos alunos surdos para analisar a interação aluno-aluno, aluno-professor e aluno-intérprete, a didática do professor para esse público específico, além de observar os tipos de recursos utilizados. Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados e deu inícioas análises.
Resultados e Discussões
Segundo alguns autores, a Geografia não tem sido uma disciplina atraente para estudantes da educação básica, apesar de que os mesmos relatam sobre a sua importância. Para Dias (2013), o ensino de Geografia auxilia no desenvolvimento intelectual, social e afetivo do aluno e, na relação intrínseca existente entre o homem e o ambiente que o envolve. Pena e Sampaio (2008) ressaltam que pensar o ensino de Geografia como articulações das ‘leituras de mundo’, pressupõe o domínio do instrumento conceitual que possibilitem o desvelar da realidade.
No que diz respeito à educação inclusiva, Dias (2013) a considera como um processo que torna ampla a inserção de todos os educandos nas salas de ensino regular nas mais variadas categorias do processo de aprendizagem. Para a inclusão acontecer nas escolas é necessário um ambiente propícioe sobretudo a capacitação dos educadores que vão lecionar para os alunos deficientes. Trata-se de reorganização cultural e de ações públicas e práticas docentes adotadas nas escolas de modo que respondam a aspectos relacionados à diversidade. A inclusão requer organização espacial, estrutural e cultural no seio da escola e da comunidade envolvida (DIAS, 2013).
Segundo as informações da Secretaria Municipal de Educação de Barra do Choça (SEMED-BC) (2016), o município de Barra do Choça conta atualmente com 48 escolas ativas, de ensino fundamental I e II incluindo as creches e estão matriculados um total de 8.485 alunos. A equipe multidisciplinar foi criada pela SEMED-BCe trabalha diretamente com os alunos com necessidade especiais. Este grupo conta com uma psicóloga, uma assistente social e uma pedagoga e articulam atividades para atender não apenas aos alunos surdos, mas com qualquer necessidade de aprendizagem especial. De acordo com uma das profissionais da equipe, eles trabalham com as crianças surdas através da realização de oficinas que estimulam a visão destes discentes, haja vista que é o sentido mais aguçado por eles, além disso, oferecem apoio aos professores que lecionam para alunos surdos.
De acordo com uma das funcionárias da equipe multidisciplinar, são confirmados no município um total de 6 alunos surdos, embora tenham outros sem laudo médico que comprove a deficiência. Informa ainda que, em 2015, tiveram sete alunos surdos matriculados, porém um desistiu pela falta de intérprete na escola. A mesma afirma que o intérprete tinha se afastado das suas obrigações por motivos pessoais, e que geralmente isso ocorre devido à insatisfação com os salários pagos aos mesmos.
Os professores de duas escolas da cidade de Barra do Choça que receberam alunos surdos em 2016, contrários ao posicionamento da equipe multidisciplinar, alegaram que não contam com o auxilio desse profissional. E quando questionados sobre essa realidade, uma das funcionárias do núcleo pedagógico da Secretaria de Educação afirma que algumas escolas não têm esse profissional devido à dificuldade de encontrar profissionais com a formação especificas emLIBRAS.
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