Fazenda: pecuária, agricultura e trabalho no Piauí escravista
Por: Patrick Oliveira • 27/8/2017 • Resenha • 1.068 Palavras (5 Páginas) • 1.100 Visualizações
LIMA, Solimar Oliveira. Fazenda: pecuária, agricultura e trabalho no Piauí escravista (séc. XVII – séc. XIX). 3º Edição, Teresina – PI: EDUFPI, 2012, 168p.
RESENHA ANALÍTICA
A obra de Solimar O. Lima: Fazenda: pecuária, agricultura e trabalho no Piauí escravista (séc. XVII – séc. XIX), apresenta fatos históricos e opiniões de outros autores como Tânia Brandão, Odilon Nunes entre outros, sobre o papel do escravo na formação da população piauiense como foco do debate do livro. Escrito em terceira pessoa, a narrativa é caracterizada pela temporariedade: passado com um debate baseado em acontecimentos históricos, a partir de uma análise o autor faz comentários específicos apenas como narrador observador.
Dividido em sete partes, a ocupação, a paisagem, a terra, o curral, a roça, o vaqueiro e o escravizado, ele explica e comenta como ocorreu a ocupação por parte dos portugueses, a importância da pecuária nesse processo como atividade base para a entrada dos portugueses no sertão piauiense. O papel do escravo também é analisado como base da relação social e como trabalhadores de atividades de subsistência, e possui grande relevância no processo de ocupação, as primeiras instalações construídas os currais e fazendas, no Piauí tem um papel muito importante no desenvolvimento social e comercial, a paisagem e a terra do Piauí possuíam uma boa vegetação o que facilitou o desenvolvimento da pecuária extensiva, é importante entender também o papel dos vaqueiros que eram homens de confiança dos senhores das fazendas escolhidos para administrá-las.
Na ocupação do Piauí a Casa da Torre foi referência no processo de devassamento e conquista em 1549 o português Garcia D’ Ávila chega a Bahia tornando-se um dos primeiros bandeirantes no nordeste brasileiro, seu neto Francisco Dias D’ Ávila em 1676 foi o primeiro a conquistar terras piauienses, pelo sul através de batalhas contra os índios gueguês. Após a conquista o Governador de Pernambuco concedeu sesmarias para os colonos portugueses um deles foi Domingos Afonso Mafrense que recebeu as terras e começou uma atividade que se tornaria comum a todos os proprietários, a pecuária para a comercialização. A paisagem e terras piauienses eram propícias à criação de gado, os pastos possuíam uma boa vegetação eram chamados de agrestes e mimosos eram bons para a pecuária extensiva, porém os mimosos destacavam-se pela regularidade das estações climáticas.
Os currais foram introduzidos com o gado de maneira extensiva, mas com a perda e roubo de grande parte do gado foi desenvolvida uma delimitação do espaço onde continham os animais, eles tinham classificações o gado que seria vendido ficava em um curral específico chamado de vaquejada, o curral de benefício encontrava-se o gado para partilha entre vaqueiros, os currais serviam também para a criação de outros animais como os suínos e caprinos. Os currais com o tempo se transformaram em fazendas que eram mais organizadas e trabalhavam com várias atividades além da criação de gado e outros animais, praticava a agricultura. Nas fazendas o espaço onde era praticado à agricultura era chamado de roça, por volta da segunda metade do século XVIII tinha o objetivo de ser uma atividade de subsistência com plantação de arroz, feijão, milho, etc. Os sítios por sua vez usavam a agricultura exclusivamente como atividade mercantil, vale ressaltar que em 1854 por ser uma atividade secundária o trabalho era feito por mulheres e crianças escravas que tornavam a produção pequena e de baixa qualidade, os fazendeiros não investiam nessa atividade, pois não era muito lucrativa.
O vaqueiro era o administrador da fazenda, respeitado e homem de confiança dos proprietários, ele era subdividido em duas categorias: o trabalhador considerado desqualificado de “péssimos costumes”, e substituível por fazer atividades que não exigia técnica, por outro lado o preposto era o administrador com o controle social nas fazendas e geralmente era parenta dos proprietários das terras, a ocupação se intensificou não só por meio da doação de sesmarias, mas também por arredentários e posseiros, os arredentários alugavam terras dos sesmeiros e os posseiros entravam em terras que não eram ocupadas por causa do latifúndio. O criador era um parente do sesmeiro que assumia a autoridade de senhor da fazenda na ausência do mesmo, ao longo dos séculos XVIII e XIX os vaqueiros e criadores enriqueceram de forma ilícita, com o furto de animais principalmente de fazendas públicas e o não pagamento de dízimos do gado, o governo percebeu que tinha algo errado e tomou medidas que diminuíram a prática desses atos ilícitos.
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