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QUILOMBOLAS: INGRESSO NA UFG, MIGRAÇÃO E DIFICULDADES

Por:   •  27/9/2018  •  Artigo  •  3.188 Palavras (13 Páginas)  •  268 Visualizações

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QUILOMBOLAS: INGRESSO NA UFG, MIGRAÇÃO E DIFICULDADES

Adão Júnior de Sousa Dias¹

Walinson Gomes da Silva²

                        

¹Universidade Federal de Goiás

Instituto de Estudos Sócios Ambientais (IESA)

adaojr09@hotmail.com 

²Universidade Federal de Goiás

Instituto de Estudos Sócios Ambientais (IESA)

walinsongomes@gmail.com

RESUMO

        O presente artigo foi realizado na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia. Tem como objetivo identificar como os estudantes quilombolas ingressaram na UFG, como eles vivem em Goiânia e as dificuldades enfrentadas. Para chegar as considerações finais foram realizas entrevistas com estudantes quilombolas e foi feita análise dos dados obtidos por meio de gráficos.

Palavras-chaves: Kalungas, Quilombolas, Universidade


QUILOMBOLAS: ENTRY IN UFG, MIGRATION AND DIFFICULTIES 

ABSTRACT

        

        The present article was carried out at the Federal University of Goiás, Goiânia. It aims to identify how the quilombola students entered the UFG, how they live in Goiânia and the difficulties faced. In order to arrive at the final considerations, interviews with quilombola students were carried out and the data obtained by means of graphs were analyzed.

Keywords: Kalungas, Quilombolas, University

Introdução

        Povos remanescentes de quilombolas são grupos que têm o território como base da reprodução física, social, econômica e cultural de sua coletividade. São reconhecidos na Constituição de 1988 como portadores de direitos territoriais coletivos e fazem parte do conjunto dos povos e comunidades tradicionais. Loschi(2017). É comum os estudantes de origem quilombola sofrerem com preconceito, dificuldade de adaptação, dificuldade na aprendizagem dentre outras coisas. Sendo assim, esse artigo procura expor como é a vida dos estudantes que saem de suas comunidades e migram para Goiânia para estudar na UFG.

        Goiás possui o maior quilombo em extensão territorial do Brasil. São aproximadamente 4 mil pessoas em 253 mil hectares de cerrado. São cerca de 33 comunidades, sendo os Kalungas os maiores representantes. Estão localizados no nordeste do estado, na região da chapada dos veadeiros. Esta área ocupada pelos Kalungas foi reconhecida pelo Governo do Estado de Goiás em 1991.

        No Brasil, 1826 comunidades quilombolas estão certificadas, 121 títulos emitidos, 149 relatórios técnicos de identificação e delimitação estão prontos. Araújo (2012).

        Os quilombolas do nordeste de Goiás são de extrema importância no que diz respeito a preservação do cerrado. Possuem identificação cultural muito forte com a vegetação da região. A maioria das comunidades depende da mata para manter sua subsistência, e outras utilizam do turismo na região.

        Como ferramenta de obtenção dos dados coletados para o artigo, utilizou-se o método tradicional de entrevistas. Foram feitas 11 perguntas para 5 entrevistados. Os entrevistados são alunos da Universidade Federal de Goiás e todos vieram do nordeste do Estado e são quilombolas.

Comunidade de origem

        

        A comunidade quilombola localizada no nordeste de Goiás é chamada de Kalunga. Eles habitam a região da Chapada dos Veadeiros nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre de Goiás, sendo a maior a concentração de habitantes nas proximidades de Cavalcante. Os Kalungas estão divididos em 4 comunidades, sendo elas Engenho 2, Prata, Vão do Moleque e Vão das Almas. Como pode ser visto na Imagem a seguir:

        Fonte: Agência Rural[pic 1]

        Posto isso, perguntou-se aos entrevistados qual a comunidade de origem deles. O gráfico a seguir mostrar de qual comunidade os entrevistados são: [pic 2]

Fonte: Elaborado pelo autor

        É possível perceber que 80% dos entrevistados vieram da comunidade Engenho 2, isso se deve ao fato dela ser a comunidade mais populosa do território Kalunga.

Programa UFGInlui

         

        O programa UFGInclui é destinado a seleção de candidatos Indígenas e negros Quilombolas, que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escola pública. De acordo com o Edital exposto no site da Universidade, Para se inscrever é necessário ter realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre os anos de 2009 e 2017. Pelo processo seletivo, caso haja demanda, é criada uma vaga extra em cada curso da UFG, a ser disputada pelos candidatos indígenas e outra vaga criada para candidatos negros quilombolas inscritos para o curso.

        Foram feitas duas perguntas para os entrevistados sobre o programa UFGInclui: Por qual processo seletivo entrou? () UFGInclui () Regular. Dos entrevistados, apenas 20% entrou na universidade pelo processo seletivo regular. Como podemos ver no gráfico a seguir. [pic 3]

Fonte: Elaborado pelo autor

        A segunda pergunta feita foi: O que você acha que pode melhorar no programa UFGInclui? O entrevistado A respondeu com a seguinte frase: “O que pode melhorar no programa UFGInclui é tipo, pode entrar duas pessoas por curso, porque quando tu entra e você é negro e está sozinho na sala você se sente isolado, sabe? É isso que podia melhorar um pouco”. O entrevistado B disse: “O que devia melhorar seria o incentivo, a divulgação também, porque não é muito divulgado. Deveria ter uma comissão para ir nas comunidades falar para os alunos como que vai ser dentro da universidade, dar uma base para eles já chegarem sabendo, explicar como funciona e aumentar o apoio quando eles chegarem aqui”. Já o entrevistado C respondeu da seguinte da maneira: “Melhorar nos auxílios de mais monitorias dando mais suporte para nos prepararmos melhor”. Em seguida o entrevistado D sugeriu: “Abrir Mais vagas para mais quilombolas e indígenas terem oportunidades, e ter uma casa específica somente para quilombolas e indígenas.” O último entrevistado disse: “O que eu acho que poderia melhorar, realmente seria a união dos estudantes”.

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