Relatório: O Conceito de Preconceito
Por: Francisco Donizete de Souza • 29/4/2017 • Trabalho acadêmico • 1.712 Palavras (7 Páginas) • 772 Visualizações
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Relatório de leitura:
Discente: Francisco Donizete de Souza
Texto: O Conceito de Preconceito
Autor: José Leon Crochík
José Leon Crochík
Psicólogo (1979), Mestre em Psicologia Social (1985), Doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (1990) e Livre-docente em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP (1999). Professor Titular do Instituto de Psicologia da USP (2006), no qual atua na graduação, desde 1984, no Departamento da Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade, e desde 1992, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. Atuou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, de 1994 a 2007, nos Programas de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social e Educação: Histórica, Política, Sociedade. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Coordenou a implantação do Programa de Apoio e Referência ao Enfrentamento da violência sexual contra Crianças e Adolescentes, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, no município de São Paulo (2010-2012). Desde novembro de 2014, é Editor Científico da Psicologia USP, periódico oficial do Instituto de Psicologia da USP. Tem como referência teórica os trabalhos da Teoria Crítica da Sociedade, a partir da qual analisa principalmente os seguintes temas de pesquisa: preconceito, tecnologia educacional, educação inclusiva e violência escolar. Tem atuado sobretudo nas áreas de Psicologia e da Educação. (Texto informado pelo autor) (https://uspdigital.usp.br/tycho/CurriculoLattesMostrar?codpub=97A0B6543919, visitado em 22/05/2016)
O contexto e os processos de socialização próprios do lugar onde o sujeito se socializa e se desenvolve podem explicar as origens do preconceito, que se manifesta em resposta aos conflitos ali existentes. Pois o processo de socialização é decorrente de sua cultura e história. Forma pela qual o sujeito incorpora ideologicamente os estereótipos próprios de sua conjuntura social até mesmo antes de qualquer experiência com estes.
Entre os diversos complicadores do conceito de preconceito está o de que o sujeito preconceituoso tende a ter preconceito a diferentes objetos – ao judeu, ao negro, ao homossexual etc. O preconceito independe das características do objeto e diz mais respeito às necessidades do preconceituoso do que às características do mesmo, pois os objetos alvo, muitas vezes não tem semelhanças entre si.
Na base do preconceito estão aspectos da sociedade, a qual fornece ideologicamente, e de forma rígida, os trilhos para a conduta ideal através de estereótipos fixos. Esta relação não se dá de forma direta, pois os estereótipos são apropriados e adaptados pelo indivíduo de acordo com suas necessidades, apesar disso estas ideias não surgem do nada, se não da própria cultura.
Segundo Crochík, a relação entre os indivíduos é sempre mediada pela cultura: “Para enunciar o obvio: não existe indivíduo sem cultura, mas a cultura pode facilitar ou dificultar o desenvolvimento do indivíduo, o que já não é tão obvio. ” (CROCHIK, p.15)
O indivíduo é constituído também pela esfera cultural exterior, seria assim, de forma simultânea, um produto desta cultura e uma subjetividade singular. Ao se identificar sem uma reflexão mais profunda, com sua cultura torna-se seu reprodutor, e não possibilita transformações em seu interior de forma a torna-la mais justa, mas em contrapartida se não a reconhece e só a contrapõe coloca em risco sua existência.
Em nenhum desses dois casos é possível falar em indivíduo com autonomia de consciência e espontaneidade da experiência e, em ambos os casos, o terreno está semeado para o desenvolvimento de preconceitos. No primeiro caso, porque a fragilidade individual nega a própria capacidade de refletir e experimentar os objetos fornecidos pela cultura e de pensar as representações que a eles atribui; no segundo casso, pelo fato de o indivíduo não conseguir perceber que a sua visão preconcebida da realidade é devido à sua própria dificuldade em considerar a cultura como fonte de seu desenvolvimento e, assim, poder julgar a si mesmo e aos outros como frutos dela. (CROCHIK, p.15)
Haveria de acordo com o autor um impedimento à experiência e reflexão frente a um mundo preconcebido pelo preconceito como ameaçador. A superioridade do preconceituoso frente ao seu objeto, diz respeito “a impotência que sente para lidar com os sofrimentos provenientes da realidade”. Podemos assumir diferentes posturas frente a situações nas quais nos encontramos frente a particularidades. Exagero e aceitação, fazemos o possível para que nossa reação não seja notada ou atuamos afim de consolar mesmo sem solicitação, ou ainda reagimos com rejeição atribuindo valores preconcebidos inferiorizando. A nossa não capacidade de reflexão ou experiência, provoca maior necessidade de nos defendermos de situações ou pessoas que nos causam estranhezas.
Não sendo inatos os sentimentos ou atitudes preconceituosas, seriam incorporados por nós por meio de nossas relações com os outros indivíduos dos quais dependemos, por medo das consequências caso não o fizéssemos. Os valores por nós introjetados, não são a realidade, mas mediados por nossa percepção, que não é inteiramente objetiva.
Para viver em uma determinada cultura o sujeito tem de abrir mão de determinados desejos próprios e se adaptar ao sistema que o cerca, que exige ações e reações predeterminadas, que podem estar impregnadas de preconceitos ao serem transmitidas culturalmente. Ao atribuirmos valões positivos ou negativos, sem reflexão ou espontaneidade de juízo, estamos sendo preconceituosos, pois muitos de nossos julgamentos podem parecer espontâneos quando na verdade são produtos de diversos fatores, ideológicos, econômicos ou religiosos, etc.
Quando preconceituosos não enxergamos as características próprias da subjetividade individual de cada uma das vítimas, mas sim, uma serie de atributos fixos, através dos quais as categorizamos independentemente das qualidades que a possua em estereótipos. O preconceito seria um mecanismo de defesa, ativado através de tabus, ou uma situação vivida no passado que nossa causa angustia. São estas características, ou predicados, que acionam o sistema de defesa frente a angustia.
O estereotipo não é o preconceito propriamente dito, mas um de seus elementos, o preconceito é uma reação individual, enquanto o estereotipo é um produto cultural. O preconceito pode conter em seu amago uma relação inversa a sua manifestação. Por ter reprimido em si, tendências a homossexualidade por exemplo, o sujeito pode manifestar preconceito contra homossexuais.
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