Urbanização RJ
Por: Isa Maia • 19/6/2016 • Trabalho acadêmico • 4.167 Palavras (17 Páginas) • 375 Visualizações
O trabalho a seguir é uma síntese de uma aula de campo realizada por uma turma de alunos da graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na disciplina Geografia Urbana, 2016.1 . O estudo central da aula foi relacionar diversos pontos observados no centro da cidade a partir de suas formas , funções e estruturas .
Diante disso, o grupo buscou entender como a cidade se reproduz e se desenvolve a partir da divisão territorial do trabalho, e pensar como se dá a convergência para a área central , isto é, compreender como o centro funciona como um gestor da cidade, atraindo muitas pessoas e empresas.
Por isso, foram feitas descrições dos pontos estudados durante a aula de campo, tendo como base dados históricos e processos que levaram a diferentes formas (que mudam ao longo do tempo e história) , funções e estruturas, essas duas últimas mudam de acordo com processos e necessidades do espaço .
O centro do Rio abriga cerca de 70 a 80% dos empregos da cidade por isso há um fluxo grande de pessoas diariamente nessa região no horário comercial,seu poder de atração ultrapassa os limites da cidade e atinge outras cidades,criando assim uma região metropolitana, um exemplo de cidade dessa região é Niterói que possui exatamente na Praça XV uma ligação com a cidade do Rio,as barcas.Nesse mesmo local podemos verificar a produção diversificada do espaço urbano,por exemplo de um lado temos o Paço Imperial com sua arquitetura colonial e representatividade histórica e ao fundo da praça temos um prédio espelhado,que foi restaurado e já abrigou a sede da bolsa de valores do Rio.Atualmente a bolsa não opera mais nessa cidade pois nos anos 90 houve uma diversificação do sistema financeiro que transferiu as sedes para a cidade de São Paulo, tornando a bolsa do Rio obsoleta,podemos concluir que agentes financeiros são capazes de mudar a forma e a estrutura de um ponto numa cidade,no mínimo, mas apesar de não conferir o mesmo status anterior o prédio ainda continua em funcionamento com outras funções. O Chafariz do Mestre Valetim é um ponto muito interessante da Praça XV pois por muito tempo não ocupava a posição de destaque que hoje tem e isso ocorreu somente pela retirada do Elevado da Perimetral que encobria e dava um aspecto escuro e não higiênico para esse lado da praça e somente o chafariz nos permite recordar e refletir sobre a forma que a cidade possuía visto que o chafariz,no período colonial,localizava-se no encontro com as águas da baía e atualmente o chafariz está bem afastado da água,ou seja a forma da praça foi bastante alterada assim como a cidade também foi.Como dito anteriormente a Perimetral alterava a paisagem da praça a ponto de dividi-la,após sua derrubada essa diferenciação ainda prevalece mas aos poucos está sendo feita a interligação entre os dois lados da praça,isso ocorre tanto pelas obras da prefeitura como por intervenções da população que utiliza o espaço da praça para práticas de esportes e lazer (andar de skate,patins) e também serve de acomodação para pessoas em situação de rua, porém em nível muito menor do que na época em que havia a Perimetral pois nesse período havia alta concentração desse grupo acrescido de profissionais do sexo,usuários de drogas e etc.
Nosso ponto seguinte foi na ladeira da Misericórdia, que é resquício do antigo morro do Castelo.Este morro fez parte do modelo de urbanização portuguesa,que encontrou na forma geomorfológica carioca ótimos meios naturais de defesa,ou seja a ocupação foi feita através de estratégia militar. A partir da leitura do texto de BERNARDES (1960) podemos dizer que a urbanização da cidade começou basicamente a partir deste morro pois através dele saíram as ligações com os outros morros importantes da cidade,tais quais Morro de São Bento,Morro da Conceição, Morro de Santo Antonio, inclusive a ligação com o morro de São Bento foi feita pela conhecida Rua Direita (atual Primeiro de Março) que até hoje preserva ,em alguns pontos, a forma delimitada pelo mar. Através dessas ligações cresceu o espaço urbano da cidade mas ainda mantendo o morro do Castelo como principal acolhedor de pessoas,por exemplo,consequentemente a maior população da cidade se concentrava ali e assim foi até o período de sua demolição já no século XX.Nesse período o conceito de cidade já era muito diferente do aplicado no período colonial logo houve uma intervenção grande o suficiente pra alterar novamente a forma e a estrutura da cidade,isto ocorreu quando o desenvolvimento científico na área da saúde e higiene encabeçaram o processo de criação e transformação da cidade com isso o morro do Castelo é classificado como um possível vetor de doenças tropicais.Essa afirmação não é de todo errada pois de fato o morro bloqueava a passagem de ar para a cidade e isso acrescido da falta de saneamento causaria muitas doenças na população. E as pessoas que moravam no morro,em sua maioria pobres,viviam em condições insalubres além de residirem num local sem loteamento não gerando tributos através de impostos para o governo,logo não era vantagem nenhuma para o Estado manter aquelas pessoas ali,com isso foi feito o desmonte do morro do Castelo e com seu solo foram aterrados vários pontos da cidade.Nesse ponto foi possível ver a alteração novamente da forma,estrutura e função de um espaço urbano,hoje a região que abrigava o morro do Castelo corresponde a pontos importantes da cidade tais quais o Tribunal de Justiça,o prédio modernista do antigo Ministério da Educação,Biblioteca Nacional,dentre outros e a Ladeira da Misericórdia de certa forma abriga um pouco do seu passado pois serve de acomodação para pessoas em situação de rua além de ser um ponto histórico importante pra cidade.
Retornando a Praça XV passamos pelo Tribunal de Justiça do Rio que abriga prédio com arquitetura tipicamente atual assim como prédios do período colonial e prédios modernistas do período de Getúlio Vargas.Na Travessa da Natividade encontramos um contraste claro entre a cidade atual e a cidade do passado,pois nessa travessa estão preservados os trejeitos do período em que as ruas não eram configuradas para a passagem de carros e percorrendo a travessa em direção a Primeiro de Março pudemos observar um prédio de arquitetura modernista com pontas bem definidas,janelas iguais,forma geométrica quadricular bem típico do período que buscava representar um modelo genuinamente nacional,e esse prédio abriga a sede da FAPERJ no Rio.Voltando ao Paço Imperial há a apresentação das diferentes formas em que o espaço é utilizado,são várias formas de uso do ambiente e variam de acordo com o tempo seja ele curto,um dia,ou de séculos como no período colonial,o Paço já foi responsável por gerir a cidade e atualmente funciona como patrimônio histórico e local de lazer para a população carioca durante um fim de semana por exemplo,que pode ir prestigiar uma exposição, consertos,ir a um bar próximo,visitar a feira de antiguidades numa mesma praça assim como serve de passagem para trabalhadores das redondezas ao longo do período comercial semanal por exemplo.Temos então um mesmo local recebendo mais de um uso,mais de uma função e isso funcionando harmonicamente, sem conflitos gritantes,pelo menos não inicialmente,mas sempre há conflitos pois é disso que uma cidade é feita. trabalho a seguir é uma síntese de uma aula de campo realizada por uma turma de alunos da graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na disciplina Geografia Urbana, 2016.1 . O estudo central da aula foi relacionar diversos pontos observados no centro da cidade a partir de suas formas , funções e estruturas .
Diante disso, o grupo buscou entender como a cidade se reproduz e se desenvolve a partir da divisão territorial do trabalho, e pensar como se dá a convergência para a área central , isto é, compreender como o centro funciona como um gestor da cidade, atraindo muitas pessoas e empresas.
Por isso, foram feitas descrições dos pontos estudados durante a aula de campo, tendo como base dados históricos e processos que levaram a diferentes formas (que mudam ao longo do tempo e história) , funções e estruturas, essas duas últimas mudam de acordo com processos e necessidades do espaço .
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