A Antropologia, Cultura e Ética
Por: Brenda Stéfany • 29/3/2023 • Pesquisas Acadêmicas • 1.467 Palavras (6 Páginas) • 196 Visualizações
Antropologia, Cultura e Ética
Faz-se necessário entender que a história usa de delimitações, para demarcar em épocas os períodos vividos pela humanidade. Os historiadores usam de momentos marcantes, ao longo da história para determinar o início e o fim cronológico de uma época com características iguais, tendo, portanto, alguns eventos grande importância e significado.
A Idade Moderna veio em substituição a idade Média, período que teve como marco inicial a tomada de Roma e se estendeu até a queda do Império Bizantino e a tomada da Constantinopla. Esta era teve muitos marcos sociais, religiosos, culturais e principalmente econômicos, pois foi exatamente nesse período em que os Europeus desenvolveram o mercantilismo, com raízes no absolutismo, quando a figura do rei detinha poder absoluto, e do desenvolvimento do capitalismo, acumulando riquezas, e expandindo suas navegações. Vale ressaltar que essa guinada econômica ocorreu graças ao bom desenvolvimento do comércio e ao crescimento populacional.
Ademais, não se pode descartar o papel da Antropografia no desenvolvimento econômico que ocorreu na Idade Moderna. Nenhum desenvolvimento econômico ocorre por si só. Como citado, houveram muitas mudanças nesta era, dentre elas podemos citar a substituição do Teocentrismo, onde a religião ocupava o centro da sociedade, para o Antropocentrismo, em que o homem é colocado como centro. As reformas e a crise na igreja ocorridas nesta época, o homem foi reduzido a um ser pensante, portanto, gerador e consumidor.
Iniciou-se ali, o egocentrismo e a preocupação demasiada com as posses, com início das alianças e pactos entre metrópole e colônia. O homem passou a ser classificado pelo que possuí e não pelo que é, o que é demonstrado pelo fato de que quanto mais metais um reino possuía, mais poderoso ele era considerado. Tal vertente era sinal de poder, de glória. O homem tinha como postura, não olhar para trás, mas caminhar para frente, em vista do futuro.
Com a expansão e desenvolvimento da navegação, foi também possível, a exploração e expansão pelo meio marítimo, que gerou grandes conquistas às grandes potencias, gerando assim um impacto grande na economia daquela época.
Embora a Idade Moderna tenha sido, até então a menor em ordem cronológica, ela foi marcada por grandes conquistas, foi como uma fenda na história, quebrando uma linearidade, e apontando um novo rumo.
Pode-se dizer que a Idade moderna foi inaugurada pelos burgueses, poderíamos, por exemplo, analisar o quadro, O Cambista e sua mulher, de Quentin Massys (1914), onde há diversas referências como o livro, à comercialização de moedas presente no fim da idade média.
A idade moderna, ficou marcada pelo materialismo, definido como a negação do sobrenatural e pela desconstrução da concepção do sagrado-religioso. Além disso, o cientificismo também foi muito marcante, no qual o homem passa a acreditar ser dominador do espaço e natureza. Outra característica muito evidente nesta era foi o hedonismo, com valorização do prazer, o homem permite-se a si sentir tudo como quer e da forma como quer. No individualismo, tem-se a ideia, da experiência única e exclusiva entre ele e o mundo. No antropocentrismo o homem valoriza-se a si mesmo a partir dele mesmo e não da natureza, o homem sendo centro, como se tudo girasse em torno dele.
Já a Idade contemporânea, teve início em 1789, com a revolução francesa como marco, e perdura até a atualidade. Os franceses queriam fazer uma “história diferente”, e foram eles que dividiram os períodos da história. Decaiu-se a monarquia, e entrou a democracia, um marco principalmente político. Este período é marcado por grandes conflitos e guerras, principalmente pelas conhecidas primeira e segunda guerras mundiais. Se na idade moderna o capitalismo tinha tido seu início, na contemporaneidade ele teve sua grande expansão. Em quase todo o mundo dividiu-se os 3 poderes, judiciário, legislativo e executivo.
Poderíamos dividir em duas vertentes, de um lado o futuro havia chegado, a expansão e o desenvolvimento nunca foram tão grandes, tão rápidas, cidades imensas sendo construídas, a industrialização se expandindo, o mundo caminhava a frente, a tecnologia se superando a cada dia, e até mesmo o espaço foi “conquistado” pelo homem. Talvez desse ponto de vista, parece que o homem conquistou o Paraiso. Mas a segunda vertente traz uma realidade não tão incrível assim, a miséria nunca esteve tão presente. Classes dominadoras e regimes totalitários como o fascismo e nazismo, dizimaram aqueles que eram considerados inferiores. Uma luta desigual, se instaurou e deixou sequelas sociais que são notáveis até hoje.
O homem carregou consigo as marcas de uma busca sem valor, nascer, crescer, reproduzir, produzir, consumir, envelhecer e morrer. Fazendo disso o sentido da vida, o ser humano fez da vida tecnicista, começa a valorizar apenas uma parte de si, em detrimento do restante. Priorizando a competição a idade contemporânea com seu capitalismo vigente, faz com que o homem não perceba a si e ao outro, não permite que o homem conheça a si e valorize-se. O hedonismo, tornou-se ainda mais singular, com a crescente abertura da liberdade de expressão, foram iniciadas as lutas como o feminismo e a revolução sexual, com início a uma cultura voltada para a liberdade vinculada ao prazer e o lidar com o próprio corpo e com a matéria que está a nossa volta.
Portanto o ser humano, hoje, na idade contemporânea, tão desenvolvida cientificamente e tecnologicamente, necessitaria de uma renovação de si, voltando-se não para ser o que ele produz, mas para a busca da sua essência intrínseca, ligada ao ser, e não ao possuir. Deixar de viver um sistema onde o ser só tem validade no seu produzir e consumir, faria valer o que se lutou tanto para destruir no nazismo, uma cultura de raça superior. Com tanto desenvolvimento, seria necessário, o ser humano olhar antropologicamente para o homem e perceber-se como igual apesar das diferenças, compreender que aptidões e habilidades não se determinam por um padrão fixo e imposto, e de fato deixar de lado a hegemonia de raças para gerar oportunidades aqueles que são seus semelhantes, mas com características diferentes.
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