A Democracia Racial
Por: Larissa Morales • 25/9/2021 • Trabalho acadêmico • 860 Palavras (4 Páginas) • 190 Visualizações
Tratar de democracia racial num país tão desigual como o Brasil não é tarefa fácil. O assunto suscita polêmicas. De um lado os que possuem uma visão mais romântica, como Gilberto Freyre em “ Casa Grande Senzala “, que no Brasil convivemos todos harmoniosamente. Do outro lado, uma parcela menor da população, os que não creem nessa harmonia. Harmonia essa que supostamente coloca a todos em pé de igualdade e de oportunidades, que na realidade nada mais é do que um mito, construído ao longo dos anos, por um país de origem escravocrata, que nunca de fato realizou uma reparação a população negra massacrada no passado e infelizmente no presente. .
Para elucidar melhor a colocação realizada do primeiro parágrafo é preciso entender o que o termo “ democracia racial “ significa. Democracia racial é um termo usado por algumas pessoas para descrever relações raciais no Brasil. O termo denota a crença de alguns estudiosos que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial. Entende-se por isso, que o Brasil não faz parte dos pais em que as pessoas se enxergam pela cor da pele. Aqui supostamente somos livres desses olhares é o que vale mesmo é o caráter, a personalidade. O que na verdade não passa de mito.
Mito esse que se perpetua, mas se contradiz por meio dos números, que revela um país extremamente racista. Racismo esse que segue firme e forte entre estatísticas de desemprego, homicídios, falta de acesso à educação, criminalidade, diferenças de salários e oportunidades, acesso à cultura, lazer. Enfim, um país tão desigual onde utilizar o termo democracia racial, não passa de uma grande utopia.
O pensamento Freyriano sugere a harmonia racial entre brancos e negros, baseado na miscigenação do povo brasileiro. Miscigenação que deve o seu início no período escravagista e por meio de estupros, ou seja, a miscigenação em si não era sinônimo de harmonia, mais de opressão e supremacia, por parte dos portugueses brancos sobre as escravas. Na contramão de Freyre, Lilian Schwarcz, apresenta um olhar interessante sobre a miscigenação :
[...] A mestiçagem é uma realidade, mas o problema não é a constatação da mestiçagem, mas a qualificação positiva sempre da mestiçagem. Mestiçagem não é sinônimo de igualdade. Mestiçagem não é obrigatoriamente sinônimo de ausência de discriminação. É esse o vácuo que me incomoda”. /1/
Com o sociólogo Florestan Fernandes, um dos primeiros brasileiros a se dedicar ao estudo do racismo no Brasil por um viés sociológico, pode-se destacar:
[...] a democracia só será uma realidade quando houver, de fato, igualdade racial no Brasil e o negro não sofrer nenhuma espécie de discriminação, de preconceito, de estigmatização e segregação, seja em termos de classe, seja em termos de raça. Por isso, a luta de classes, para o negro, deve caminhar juntamente com a luta racial propriamente dita. (FERNADES, 195, p 24) /2/
Já na visão do antropólogo Kabengele Munanga, congolês naturalizado no Brasil e estudioso sobre o tema racismo, tem uma opinião bastante assertiva::
“Para muitos, o Brasil não é um país preconceituoso e racista, sendo as violências sofridas pelos negros e não brancos, em geral, apenas uma questão econômica ou de classe social,
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