A História do Brasil
Por: Edmara Brito • 10/3/2023 • Pesquisas Acadêmicas • 2.273 Palavras (10 Páginas) • 68 Visualizações
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), ratificando posição da Constituição Federal de 1988, determina que “o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia” (art. 26, § 4º). Por conseguinte, a sala de aula é um espaço pleno de experiências. Os saberes, os valores culturais, políticos e os hábitos são transmitidos e reconstruídos na escola por sujeitos históricos, que trazem consigo um conjunto de crenças, significados, valores, atitudes e comportamentos construídos nos vários espaços de vivência, antes e durante o processo de escolarização.
O Brasil é um país rico em diversidade cultural, no entanto, não podemos deixar de acrescentar, a grande desigualdade social que existe. O mesmo, hoje, tem dimensões continentais, composto por 26 estados e mais o Distrito Federal, porém, não é um território homogêneo. Por isso, a importância de se obter na escola um ensino-aprendizagem voltado para as mais diversas culturas brasileiras, pois é fundamental trabalhar com os discentes a importância dos povos indígenas no Brasil, os quais constituíram a população nativa do país, em seguida, os povos portugueses, os quais colonizaram a nação, e posteriormente os africanos que foram trazidos para o Brasil, e explorado a força de trabalho dos mesmos.
A partir do século XIX, devido as crises, o Brasil passou a receber novos imigrantes, vindos principalmente da Europa. Além dos índios, portugueses e africanos que formavam a população, outros povos, como alemães, italianos, libaneses e japoneses passaram a integrar-se na sociedade brasileira. Essa característica vinda de diversas partes do mundo e a mistura de povos que formam a população do Brasil é chamada de miscigenação. Entretanto, esse processo não ocorreu de forma equilibrada em todas as partes do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, a mistura entre raças foi mais intensa entre brancos e índios, pois as áreas do sul e do sudeste brasileiro foram as que mais receberam imigrantes. No sul chegaram alemães e poloneses. No Nordeste, havia um maior número de escravos por causa dos engenhos e canaviais, então, a relação entre negros e brancos foi maior do que em outras partes do país.
Desde a colonização, por mais de trezentos anos a Igreja Católica foi aliada aos interesses da Coroa Portuguesa, desfrutando de uma posição confortável no panorama sócio-político brasileiro. Como mediadora dos anseios espirituais da sociedade, ocupava uma condição hegemônica, e como anteparo ideológico do Estado, uma posição exclusiva. Contudo, as necessidades espirituais das populações coloniais não eram completamente atendidas pela Igreja, que se mostrava como instrumento favorito da elite branca colonial. A população vivia à mercê de uma realidade dual, cuja linha tênue entre o profano e o sagrado agraciava ou punha em desgraça uma alma humana. Nesse contexto, sublevar-se contra o Estado seria a condenação social e espiritual do indivíduo, assim a Igreja Católica tentou manter a ferro e fogo sua fé como única religião pura. Indubitavelmente, a cultura dominante brasileira foi concebida a partir de concepções filosóficas e éticas eurocêntricas, repletas de pressuposições racistas em relação as representações sociais das liturgias e das demais religiosidades. Entretanto, desempenhou um importante papel no processo de constituição da sociedade brasileira, pois com a visão voltada para a contrarreforma em ebulição na Europa, empreendeu no Brasil uma barreira espiritual ao influxo dos movimentos reformistas protestantes. Esse fechamento espiritual com o continente europeu contribuiu significativamente na imbricação iconográfica das entidades espirituais indígenas e africanas com as divindades canônicas católicas. O corolário desse processo permanece ainda nos dias de hoje entranhado na sensibilidade do povo brasileiro.
Durante toda a história da América colonial, indígenas e africanos foram marginalizados, porém, ao analisar a trajetória histórica do Brasil, constata-se que a população tem resistido heroicamente a inúmeras ditaduras, exploração e misérias, o que acarretou várias rebeliões, movimentos e revoltas no País. A Guerra de Canudos representou um, dentre inúmeros, massacres brasileiros. Também conhecida como Conflito ou Insurreição de Canudos, foi resultado de uma situação de extrema miséria em que viviam os habitantes do Sertão Nordestino. O nome se deu pelo fato do conflito ter sido travado no Arraial de Canudos, no sertão da Bahia. Parte dessa história é narrada com maestria pelo escritor Euclides da Cunha em sua obra clássica Os Sertões, que evoca a destruição do povoado e o registro epopeico sobre seus últimos defensores.
Com o fim da escravidão, muitos grupos de ex-escravos permaneciam vagando pelas regiões, sem teto e sem oportunidade de trabalho e em 1889, com a instauração da República na recente ex-colônia, poucos se sentiam realmente pertencentes a esse sistema. A guerra aconteceu sob a presidência do primeiro presidente civil, Prudente De Morais. A recém República estava em aguda crise política e econômica, ainda entre monarquistas, florianistas (militar) e os civis, na pessoa do presidente Prudente de Morais. O interior do Brasil, vis-à-vis, o Nordeste brasileiro, era um ambiente fértil para insurreições e revoltas, uma Região oprimida e sugada pelo latifúndio, representado pelos “coronéis”. Estes criavam as leis e eles faziam com que os demais as cumprissem. Assim, de um lado, os “coronéis”, que formavam seus populosos jagunços (espécie de milícia), do outro lado, estavam os miseráveis, oprimidos sob o jugo pesado desses poderosos, donos da terra, do poder militar e da justiça. Nesse cenário, Antônio Vicente Mendes Maciel (O Conselheiro) praticou sua liderança. Antônio Conselheiro, primeiramente, um religioso, talvez nem percebesse sua liderança política, mas a exercia, porque aquele povo demandava um líder religioso, humano e sensível às necessidades, uma resposta de transformação e solidariedade, alternativa e condições de trabalho. Eles visualizaram um lugar que existisse terra disponível para produzir seu sustento, não só um lugar para rezar em paz. O Conselheiro indicou essa possibilidade. A criação do Belo Monte foi atendida de modo concreto por seu líder quando rumaram para Canudos, “A terra prometida”. Calcula-se que Canudos tenha reunido 30.000 pessoas, entre vaqueiros, ex-escravos e indígenas despossados, em cerca de 5.200 casas. Ali, os “conselheristas”, como eram chamados os habitantes, usufruíam de forma comunitária dos bens produzidos.
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