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A conquista da América, a questão do outro, Todorov

Por:   •  1/5/2017  •  Resenha  •  745 Palavras (3 Páginas)  •  460 Visualizações

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Abordando a obra em sua totalidade, Todorov posiciona-se não como um historiador, que buscará fatos ou problemáticas no passado, como forma de elucida-lo, mas sim como um moralista, que se faz utilizar dos documentos de época e dos métodos historiográficos, como forma de construir e fundamentar uma narrativa, focando o presente e sem se desvencilhar do objetivo mor da obra, a moralidade.

Seguindo-se, o autor propõe explorar as motivações que impulsionaram Colombo a se deslocar rumo ao desconhecido, deixando em segundo plano sua própria existência e a de sua tripulação. Neste ponto, dotado de muita coerência, o autor soube se aprofundar e ir além do óbvio, evidenciando que não era apenas a sede pelo ouro que o instigava, essa, obviamente constituia um dos pilares da jornada exploratória, e a essência que atraiu os financiamentos para sua realização, porém, não representava em sua totalidade, o propósito de Colombo. Em sua base, a expansão do cristianismo, com a aspiração de encontrar novos meios para conquistar a terra santa, e o propósito do relato de viagem, meio com o qual ele próprio havia se inspirado através de Marco Polo, constituíram a síntese dos motivos que impulsionaram Colombo em sua aventura rumo ao desconhecido.

Mesmo na época, Colombo era visto como um indivíduo um tanto quanto arcaico e irracional, por conta do seu ideal cruzadista, que a própria Igreja Católica já havia abandonado desde a idade média. E nesse sentido, Todorov ressalta com destreza as ressignificações da ambição de Colombo pelo ouro, que sem dúvida, passava pela necessidade de encontrar riquezas que justificassem os investimentos espanhóis, o incentivo aos marinheiros, e principalmente, por mais romantizado que possa parecer, o desejo de reunir fundos para sustentar a retomada de Jerusalém, onde ele chega a descrever, em uma carta destinada ao Papa, o montante de cavaleiros e pedestres que iriam integrar a missão.

No decorrer deste primeiro capítulo, torna-se clarividente a anteposição que Colombo dá à natureza em detrimento do homem, enaltecendo e louvando a verdadeira obra de Deus incessantemente, tendo até, em uma carta destinada ao rei, medir seus elogios e ainda justifica-los, para elucidar a proporção do encanto e da imponência do que se mostrava aos seus olhos.

Centrando-se aos fragmentos transcritos do próprio Colombo e do frade Bartolomé De Las Casas, é impossível não consentir com esse desfecho do autor, pois a todo momento Colombo aparenta viver em um mundo paralelo a sua realidade, sendo poético em alguns casos e suscitando uma importante indagação. Será mesmo Colombo um completo lunático temerário? Ou, através de certos “lampejos de lucidez”, buscava transparecer essa euforia, algumas vezes delirante, para confortar sua tripulação e a si mesmo? Ou até mesmo para escaldar a excitação dos financiadores no velho continente? Difícil responder, porém, na ausência de respostas, surge outra pergunta, qual seria o substrato do seu egocentrismo? De seu desdém para com os povos originários, recusando-os quaisquer vestígios de humanidade ou cultura, atingindo seu ápice ao rejeitar reconhecer que os índios possuíam sua própria linguagem, a exteriorização máxima de uma cultura. A resposta talvez possa ser encontrada na visão eurocêntrica ou na ausência desses povos nas sagradas escrituras, invalidando a possibilidade de possuírem

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