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A presença da tecnologia no processo de ensino - aprendizagem da educação escolar indígena diferenciada

Por:   •  19/10/2015  •  Artigo  •  2.718 Palavras (11 Páginas)  •  746 Visualizações

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A PRESENÇA DA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA DIFERENCIADA

                                                                                         Larissa Ferreira Melo[1]

RESUMO: A tecnologia é hoje uma importante ferramenta utilizada para comunicação e obtenção de informações em todas as áreas de conhecimento. Devido a essa grande importância, tornou-se indispensável para a aprendizagem do aluno indígena, pelo fato da mesma ter adentrado a área territorial da aldeia. O presente artigo “A presença da tecnologia no processo de ensino – aprendizagem na educação escolar indígena diferenciada” pretende verificar a presença e atuação da tecnologia no Colégio Estadual Indígena Dom Jackson Berenguer Prado no Município de Euclides da Cunha – Bahia, Povoado de Massacará. Para isso, baseado em pesquisas, traz algumas abordagens relevantes sobre o tema em questão, tais como uma pequena visão sobre o início da utilização da tecnologia na aldeia, o desafio em capacitar educadores para utilizar essas novas tecnologias e a necessidade, atualmente do uso do computador e da internet na educação escolar indígena diferenciada. Todos os pontos analisados reforçam a ideia das mudanças que devem ocorrer na forma de ensinar e aprender, pois o mundo vem evoluindo de forma rápida e todos os setores da sociedade devem se adaptar as mudanças para que as melhorias apareçam de forma positiva e que seja usado com consciência. Isso seguido da análise e as considerações finais sobre a temática.

Palavras-chave: Tecnologia; Educação indígena; Mudança; Educador.

1        INTRODUÇÃO

A tecnologia tornou-se uma ferramenta indispensável na obtenção e troca de informações em todas as áreas de conhecimento. Isso porque hoje, ela representa um magnífico avanço virtual, à disposição da população em qualquer parte do mundo e que pode ser utilizado com extrema facilidade, e a cada dia está mais avançada. Seguindo esse avanço a tecnologia a cada instante está “invadindo” o território indígena e modificando a sua realidade.

Com o fenômeno da globalização a necessidade de ter acesso às informações de maneira rápida e atualizada é fundamental para a sociedade. Sendo assim, o uso do computador, tablets, netbook, celulares e os demais aparelhos tecnológicos se tornaram essenciais para o mundo atual de hoje, modificando os métodos de interação entre o aluno indígena e o educador indígena. Nesse sentido, a tecnologia da informação se tornou uma em ferramenta indispensável para o processo de ensino e aprendizagem, bem como, a finalidade de inserir o profissional da área da educação nesta realidade.

A partir do aumento da utilização dos recursos tecnológicos no ensino, houve o interesse de pesquisar a influência da tecnologia nos estudos e atividades propostas pelos educadores do Colégio Estadual Indígena Dom Jackson Berenguer Prado, Euclides da Cunha - Bahia. Tendo como objetivos específicos verificar a condição do aprender e pesquisar, observar as diferenças entre turmas que já utilizam da tecnologia para trabalhos escolares e turmas que ainda não utilizam da mesma e identificar a existência de um profissional indígena capacitado para auxiliar os alunos da instituição no uso dos computadores.

O presente artigo científico traz algumas abordagens sobre o tema que está relacionado ao título do trabalho, com a intenção de dar ao leitor informações básicas sobre o assunto estudado. O artigo faz referência sobre a da tecnologia no âmbito da comunidade indígena, mostra a necessidade e a importância da capacitação dos educadores indígenas para atuação junto aos alunos, fazendo assim acompanhamento das novidades tecnológicas, os benefícios do uso dos computadores na educação escolar indígena diferenciada e como a Internet é um dos recursos mais utilizados na aquisição do conhecimento e na divulgação das realidades entre aldeias.

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho são pesquisas de campo no espaço escolar, em roda de conversas informais com alunos, em livros, artigos científicos que tratam da temática indígena e tecnologia e sites na Internet.
A importância deste estudo é atingir os objetivos proposto, como também ampliar a relação educacional com os recursos tecnológico nas escolas indígenas e que devem ser utilizados com o auxilio do educador indígena capacitado para utilizar esse “novo embrião” implantado na comunidade indígena como sendo uma ferramenta aliada aos nossos alunos preservando a nossa cultura e as tradições. Espera-se com isso, que o educador indígena como mentor, busque descobrir novos caminhos para dar orientação a seus alunos, por meio de um ambiente de aprendizagem eficaz.

Vale ressaltar que o estudo da utilização da tecnologia na educação escolar indígena diferenciada, neste caso, não visa o ensino da ciência da computação com seus princípios e conceitos de noção de programação, mas refere-se ao uso dos aparelhos como ferramenta de ensino e aprendizagem que incluem o currículo escolar diferenciado atividades educacionais culturais.

        

2        DESENVOLVIMENTO DO TEMA DO TRABALHO

Na área da educação escolar indígena diferenciada acontece, naturalmente, coisa símile. O educador sempre sentiu a necessidade de se atualizar, não somente no campo de seu conhecimento ocidental, como também na sua função pedagógica enquanto educador indígena. Os métodos de ensino tradicionais são aqueles consolidados com o tempo, que dominam nas instituições de ensino, porém o educador indígena ainda tem como responsabilidade o ensino cultural e tradicional. Ainda persiste, com muitos professores indígenas, o método onde o professor fala, o aluno escuta; o professor dita, o aluno escreve; o professor manda, o aluno obedece. A maioria, porém, já é mais maleável: o professor fala, o aluno discute; o professor discursa, o aluno toma nota; o professor pede, o aluno pondera. Em casos específicos, o aluno fala, o professor escuta, o grupo debate e todos tomam nota, inclusive o professor, procurando ir ao encontro das necessidades que surgem e fazendo um paralelo com a realidade de história e luta das causas indígenas e da realidade de sua comunidade.

Popularizou-se muito, nas instituições, o uso do retroprojetor, ou projetor de transparências, que mereceu o apelido de "retroprofessor". Facilitou um pouco a vida do educador indígena, não precisando escrever sempre no quadro negro, principalmente quando o docente leciona a mesma disciplina para mais de uma turma, contemporaneamente ou não, no entanto, muitas escolas indígenas ainda não possuíam de energia elétrica, fazendo com que o educador indígena não utilizasse desse tipo de aparelho tecnológico eficiente na época. Aliás, até o quadro e o giz se modernizou: hoje já é muito comum a lousa branca com o pincel recarregável.

Antes de qualquer coisa, temos que ter cuidado com os excessos: o educador seja ele indígena ou não, não deve somente ler, ou ditar, ou escrever ou mesmo projetar transparências durante toda a aula. Deve oferecer alternativas. O uso de uma técnica, como do retroprojetor, por mais de uma hora contínua, torna-se cansativo, e os alunos perdem a concentração. Outro projetor, que não é tão usado devido à qualidade da projeção, é o episcópio, ou projetor de opacos. Ele permite a projeção de imagens ou textos de um livro, sem a necessidade de criar transparências. Mas para projetar textos não é aconselhado, por necessitar de uma sala escura e perde muito a qualidade na visualização.

Com o passar dos anos e pode acrescentar anos nessas contas, as unidades escolares das aldeias foram sendo melhoradas aos “trancos e barrancos” para poder atender melhor o seu público alvo, pois a educação nas aldeias é de fundamental importância para a permanência do aluno após o término dos estudos pois a partir dali ele já pode ter novas visões de mundo sobre o que fazer para melhorar a sua comunidade, outro benefício para as aldeias indígenas no âmbito escolar foi a chegada da energia, pois só a partir dela, foi possível a utilização das tecnologias que a muito tempo já eram utilizadas nas escolas dos “brancos”, então a tecnologia ainda chegou tarde para as comunidades indígenas e quando chegou foi de uma vez só sem uma preparação ou curso para utilizar, por muitas vezes essa nova tecnologia ficou guardada nas escolas indígenas por não ter um educador capacitado para utilizar do aparelho tecnológico. Apesar de alguns índios terem a tecnologia como distração, Educador Fábio ressalta que outros jovens indígenas ainda preservam a cultura com a tradição da caça, pesca e brincadeiras. “A tecnologia é boa, mas não podemos perder nossos traços”, concluiu.

O aparelho de vídeo, com um monitor (TV), está cada vez mais popular. A maioria das universidades, escolas públicas e particulares possuem, no setor de audiovisuais, televisores de 20 polegadas com vídeo incorporado, facilitando o transporte e uso dos mesmos. Um data show, que projete a imagem do vídeo numa tela, como num cinema, você encontra em determinadas situações, como em salas de conferências e cursos de pós-graduação, no entanto a estrutura das escolas estaduais indígenas já possuem ao menos um aparelho de data show e os televisores com entrada para pen drive. Além de documentários muito interessantes produzidos principalmente pelos próprios alunos, temos filmes que são clássicos de literatura indígena ou ocidental que dão visões diferentes à realidade indígena ou que tratam de temas polêmicos, atuais ou de interesse cultural e tradicional.

As tecnologias até estão sendo implementadas nas escolas indígenas porém muitos educadores não estão preparados para utilizar esse novo “embrião”. Através de conversas informais com alunos de duas turmas distintas, uma turma que já utiliza a tecnologia para pesquisas e trabalhos e outra turma que ainda não utiliza da tecnologia, foi possível observar que os alunos que já utilizam a tecnologia tiveram um rendimento da unidade melhor e puderam comparar a realidade da aldeia com a apresentada pela comunidade “branca” e com isso colocar com mais evidência seus pontos específicos e culturais. Já a turma que ainda não domina as tecnologias utilizam uma linguagem ocidental nos seus trabalhos escolares, pois é a mais vista em sala de aula, tendo em conta a realidade cultural também ser passada, porém o material didático especifico e diferenciado é bem reduzido, então os alunos utilizam dos livros didáticos ocidentais cedidos pelo Ministério da Educação, órgão este que não possui um material específico diferenciado indígena publicado para a entrega nas escolas.

A tecnologia muda os meios de comunicação de massa e, paralelamente, os meios de ensino, não somente dentro da sala de aula, mas também no entorno da comunidade. Está mudando inclusive a própria sala de aula, com a introdução do ensino a distância, por exemplo. Primeiro foram os correios tradicionais que incentivaram o ensino em domicílio, por correspondência. As aulas particulares já não precisavam mais da presença do educador. Depois veio o rádio: o professor fala com você sem estar ao seu lado fisicamente, não importa onde você esteja desde que esteja com um rádio ligado. Os discos de vinil e as fita "K-7" fizeram o seu tempo, até o aparecimento dos Cds, contemporaneamente com a televisão e o vídeo, facilitando ainda mais o ensino a distância: som e imagem ao seu dispor. Agora temos a internet, com uma variedade quase infinita de possibilidades. O correio ainda continua presente: enviando fitas e discos, de áudio, imagens e multimídia, além das apostilas. A internet aos poucos está cada vez mais confiável.

A tecnologia influencia no cotidiano da escola indígena a partir do momento em que o educador e os alunos procuram trabalhar de forma conjunta com estudos e pesquisas ampliando assim o campo do saber tanto do aluno como o do professor, pois a tecnologia é uma das principais ferramentas que sendo utilizada de forma coordenada e planejada enriquece o conhecimento da comunidade escolar indígena onde todos ganham. O papel da escola frente às novas mudanças é de proporcionar os meios necessários para que todos os que participam da comunidade escolar indígena diferenciada possam ter a orientação ao manuseio da tecnologia do novo processo que nos dias de hoje esta a dispor da escola e que a mesma deve participar das novas mudanças, pois o cotidiano da comunidade indígena já está sendo modificado, o importante é uma ação conjunta entre comunidade, escola indígena, educador e aluno para não deixar a tecnologia “abafar” a nossa cultura e as nossas particularidades, mas sim tornar essas novas tecnologias mecanismos de aprofundamento teórico, em pesquisas, de quem somos, de onde viemos e como iremos preservar as nossas tradições. Mostrando assim, a sociedade que insiste em dizer que não existimos que estamos bem vivos, que nossas tradições são cultivadas e utilizadas até hoje. O desafio da tecnologia para alcançar a comunidade indígena fazendo com que os alunos tenham condições de acesso ao mundo tecnológico conhecendo novas culturas e interagindo com a sociedade que os envolvem e distribuindo o seu conhecimento, através de vídeos educativos, exposição de material didático e apresentação de histórias e contos indígenas regionais. O educador indígena através da tecnologia pode estar estimulando o aluno a ter novos conhecimentos, novas ideias, usando o data show como importante subsidio visual sendo mais atraente que lhe desperta a atenção, utilizando da rede de internet para pesquisas referentes aos direitos e deveres indígenas que até os dias de hoje são negados, como a única realidade de não poder e não existir, utilizando o celular para gravação de curta-metragem falando sobre a realidade cultural da aldeia e assim mostrando que as nossas práticas culturais são preservadas, mesmo com a “invasão” da tecnologia. O papel do professor se amplia significativamente a partir da utilização das novas tecnologias.

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