CÉSAR UM JOVEM EM BUSCA INCESSANTE DE PODER NA CORRUPTA REPÚBLICA ROMANA.
Por: eugenephb • 8/2/2017 • Artigo • 6.201 Palavras (25 Páginas) • 257 Visualizações
1 – CÉSAR UM JOVEM EM BUSCA INCESSANTE DE PODER NA CORRUPTA REPÚBLICA ROMANA.
Não poderia falar sobre César e de sua história cheia de altos e baixos, dos grandes desafios que teve de superar, das batalhas que teve de travar, de sua luta para subir no poder e conquistar o cargo máximo em Roma. Até chegar enfim ao tão sonhado e almejado posto de ditador vitalício, sem que antes se fale da republica romana, sendo que este era o sistema de governo adotado pelos romanos depois de derrubarem a monarquia. César foi responsável pelo fim da republica, e logo depois em nome republica ele foi assassinado.
1.1 - Criação da república romana
A republica romana foi criada aproximadamente em 509 a.C., quatros séculos antes do nascimento de César, foi ocasionada pela revolta dos nobres denominados patrícios, que teriam comandado uma revolta contra os seus dominadores, que era o rei Tarquínio (o soberbo), pois esse era o terceiro rei de origem etrusca que governava Roma. Ele foi deposto, terminando assim com a monarquia. Então se implantou o sistema republicano como forma de governo, que era governado por dois magistrados (cônsules) através de eleição, e tinham mandato apenas de um ano, evitando assim que o poder ficasse apenas nas mãos de uma só pessoa. Tinha também as instituições que ajudavam os cônsules na administração e organização do governo, sendo que os senadores logo trataram de aumentar a importância do senado e tomaram para si o controle dos fundos monetários públicos, e do veto aos atos da assembleia. O motivo da revolta não teria sido apenas pelo fato dos reis etruscos serem estrangeiros, já que eles tinham usurpado o cargo real anos antes e por serem também bastante truculentos, mas sim porque os senadores estavam descontentes com o regime que não os beneficiava, pois o senado era apenas uma instituição meramente figurativa na monarquia, já que o poder estava todo concentrado nas mãos do rei e eles queriam tomar esse poder para defender seus próprios interesses como nos mostra Burns:
A inveja que os senadores tinham ao rei cresceu de tal modo que a monarquia foi liquidada e estabeleceu-se uma oligarquia republicana. Ainda que a verdadeira natureza dessa revolução tenha sido sem duvida, a de um movimento da aristocracia para conquistar o poder. (BURNS, 2010, p. 268).
Um dos primeiros magistrados da nova republica teria sido o líder da revolta conforme Funari (2002, p. 67). “Segundo os romanos, Brutus foi o líder da revolta contra os Tarquinios, reis etruscos de Roma, e tornou-se o primeiro magistrado da nova Republica”. O sistema republicano foi divido em vários setores, assim como a sociedade romana que antes mesmo do fim da monarquia já estava dividida em dois grupos: patrícios e plebeus, sendo que os patrícios eram os donos das terras e bastantes ricos, porque descendiam dos primeiros romanos, por isso eles detinham todos os cargos e direitos políticos. Segundo Funari (2002, p. 67). “Os patrícios constituíam uma aristocracia de sangue, com antepassados comuns, daí seu nome ‘aqueles com pais’”. Já os plebeus eram o povo comum formado por homens livres, agricultores de pequeno porte, artesãos, e comerciantes, eles praticamente não tinham direito a quase nada, de acordo com Burns:
Os plebeus eram povo comum: pequenos agricultores; artificies e comerciantes. Muitos eram ou agregados dos patrícios, obrigados a se baterem por eles a prestar-lhes apoio politico e a cativar-lhes as propriedades em retribuição da proteção recebida [...]. Viam-se não obstante excluídos de qualquer participação no governo, exceto quando a tomar parte na assembleia. (BURNS, 2002, p. 271).
A organização politica da Republica dividia-se em vários cargos magistrados, sendo que os mais importantes eram os de Cônsules (ocupado por dois magistrados, com mandato de um ano); e os Pretores (administravam a justiça); depois vinham os outros cargos e as assembleias. A assembleia Curiata (cuidava dos assuntos religiosos, função meramente honorificas); Assembleia Centurial (composta por militares); Censores (recenseavam as pessoas por critério de riqueza, e preservavam as tradições); Questores (controlavam as finanças e recebiam os impostos); Edis (eram responsáveis pela manutenção das cidades); Pontífice (lideravam os cultos religiosos); existia também a Ditadura (em épocas de guerra os cônsules eram trocados por um ditador, com mandato de seis meses, sem renovação); e por fim o Senado (no inicio era um conselho de anciões, logo depois se tornou o poder mais forte na republica); já que os cônsules eleitos sempre eram senadores. Depois surgiu mais tarde uma nova magistratura chamada de Tribuno da Plebe, pois ela foi criada para representar a plebe e tinha o poder de veto. Isso foi uma das primeiras grandes conquistas conseguidas pelos plebeus, devido ao aumento do poder aquisitivo dos mesmos, eles poderiam reivindicar seus direitos, até chegar ao objetivo final, que foi o direito de poder ocupar todos os cargos no governo, inclusive de cônsul em 287 a.C..
1.2 - Nascimento de César, filho da aristocracia republicana.
César nasceu por volta do ano 100 a.C., era filho de nobres e recebeu o nome de acordo com as tradições, como nos mostra Bruns (1988, p. 13 e 14). “Seu nome completo era Caio Júlio César, nome do seu pai e do seu avô. O primeiro era seu nome próprio; o segundo, o título de seu clã; e terceiro, um termo descritivo que diferenciava sua família dentro do clã”. Existe também outra versão para a origem do nome de seu clã, pois alguns historiadores dizem que o nome César foi criado por causa de um fato ocorrido com seus antepassados, como nos relata Bruns (1988, p. 14). “(Alguns historiadores sugeriram que o sobrenome César poderia ter surgido quando um membro de sua família tinha sido retirado cirurgicamente do útero da mãe. Em latim, a língua dos romanos, caeus significa “útero”)”.
César sentia muito orgulho do passado de seus ancestrais de sua família, que eram os Julianos e Aurelianos. Conforme Bruns (1988, p. 14), os Julianos tinham sua origem a partir do legendário herói romano Enéas, que teria fugido de troia muitos anos antes, cidade essa que teria sido queimada e conquistada pelos gregos. Já os Aurelianos que eram sem parentes. Segundo Bruns:
Os Aurelianos, embora fossem sem parentes “recém-chegados”, tinham tido seu primeiro cônsul por volta de 250 a.C., e se destacavam dentre seus ancestrais um importante sacerdote do deus Sol, herói militar na conquista de Cartago, realizada dois séculos antes, e vários cônsules mais recentes. (BRUNS, 1988, p. 15).
De acordo com Bruns (1988, p. 15), era lhe contado historias do passado, enaltecendo os grandes heróis romanos, principalmente as grandes conquistas de seu tio Mário, que tinha sido um grande general e cônsul diversas vezes, mostrando assim como as conquistas militares eram vantajosas, e quanta riqueza se conseguia através das mesmas. Por isso o respeito de César a esses heróis, mostrando ainda mais a importância de ter o controle de um grande exército.
Apesar de César ser filho de aristocratas, e ter sido criado cercado de riquezas, e vivido uma infância cheia de luxo. César teve uma criação muito severa, pois teria que representar bem o nome de sua família, conforme Bruns (1988, p. 15). “Como outras crianças nobres, César foi preparado desde o nascimento para assumir seu lugar na oligarquia senatorial”. Sua mãe Aurélia ficou responsável pela sua educação apenas até os sete anos de idade, como era na tradição romana, segundo Bruns (1988, p. 15). “Ela devia lhe ensinar como ser um vir bônus, um bom homem. [...]. Aí, César foi instruído sobre as virtudes romanas tradicionais. Estas incluíam tolerância, frugalidade, simplicidade, devoção religiosa, procedimento honesto e a determinação de evitar a má conduta”. Depois foi para escola segundo, Bruns:
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