Conceito movimentos sociais a partir da abordagem de Tarrow
Por: Thiago Alberes • 26/5/2015 • Trabalho acadêmico • 842 Palavras (4 Páginas) • 523 Visualizações
Conceito movimentos sociais a partir da abordagem de Tarrow
Sidney Tarrow apresenta em seu livro O poder em movimento: movimentos sociais e confronto político, um conjunto de reflexões teórico-metodológicas para a interpretação de suas formas confrontacionais, em particular os movimentos sociais, ou seja, Tarrow utiliza categorias analíticas (Repertório, oportunidades, quadros interpretativos, estruturas de mobilização e ciclos) para “definir” os movimentos sociais.
De acordo com o autor, os movimentos sociais devem ser compreendidos como “Desafios coletivos baseados em objetivos comuns e solidariedade social numa interação sustentada com as elites, opositoras e autoridade.”, e constituem um subgênero da ação coletiva em um campo teórico e empírico (baseado na experiência) ampliado por meio do conceito matriarcal de confronto.
No livro O poder em movimento, Tarrow nos passa uma ideia de que o confronto constitui um elemento indecomponível (cujos componentes não podem ser decompostos) das diversas formas da ação coletiva. A excentricidade da ação coletiva confrontacional encontra-se, portanto, na oposição construída entre aqueles que detêm poder e aqueles que, a priori, são destituídos de meios institucionais de reivindicação. Confronto e Poder são definidos como propriedades interativas que conectam as esferas política e social. Porém, na abordagem de Tarrow, as performances públicas de oposição concretas assumem um caráter complexo, caracterizado tanto por agencias múltiplas e assimétricas, como por condicionantes estruturais igualmente variados quanto à extensão e à escala.
No plano especifico as analise dos movimentos sociais, Tarrow faz uso de uma gama de instrumentos relacionais que permite superar a oposição entre ação e estrutura. Podemos afirmar então que os movimentos sociais constituem, assim, formas de ação coletiva construídas em torno de interesses e valores comuns ou sobrepostos. Esses valores comuns por sua vez, podem se beneficiar em muito de identidades coletivas legadas ou construídas, particularmente na medida em que os movimentos sociais se engajam efetivamente em canalizá-las e compatibilizá-las. Na verdade, a consistência da ação coletiva parece depender da construção social da identidade comum e, portanto, da solidariedade social derivada desta.
Noção de repertório de ação coletiva
A noção de repertório de ação coletiva exposta no livro é introduzida por Charles Tilly, segundo ele o repertório seria um conjunto relativamente limitado, apesar de renovável, de rotinas reivindicativas, para Tilly o repertório constitui um elo-chave das formas de agencia passadas, pressentes e futuras. Condiciona, assim, os modos operacionais da ação coletiva e as formas reativas indissociáveis de seus colaboradores e opositores sejam eles estatais ou não. A independência relativa destas interações no plano concreto tem o potencial de desencadear, portanto, períodos particularmente conflituosos.
Para Tarrow repertório é uma categoria que remete a descrição das práticas da ação coletiva. Diz respeito ao conjunto de práticas da ação coletiva em defesa de interesses comuns.
(...) é um conceito ao mesmo tempo estrutural e cultural, envolvendo não apenas o que as pessoas fazem quando estão engajadas num conflito com outros, mas o que elas sabem sobre como fazer e o que os outros esperam que a façam”(TARROW, 2009, p.51)
Repertório é o termo utilizado para definir as formas de ação de um movimento social, mas por se constituir de variáveis, os confrontos não seguem o mesmo repertório, resultam do aprendizado cultural dos desafiantes que, através de interações, deliberam sobre as ações que podem oferecer maior possibilidade de sucesso na ação coletiva de confronto.
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