Cultura E Gastronomia Em São Luís MA
Por: Garces • 14/6/2024 • Resenha • 1.142 Palavras (5 Páginas) • 60 Visualizações
A cultura desempenha um papel fundamental na forma como os seres humanos percebem e interagem com o mundo ao seu redor. Como afirmado por Laraia (1995) a cultura é como uma lente, através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diferentes, portanto têm visões desencontradas das coisas. Essa perspectiva destaca a influência da cultura na percepção e interpretação das experiências individuais e coletivas.
Os estudos sobre a relação entre cultura e organizações remontam às pesquisas de Hawthorne na década de 1930, conforme destacado por Trice e Beyer (1993). No entanto, o interesse nessa área se intensificou com a globalização das empresas, que as levou a operar em contextos culturais diversos. Esse cenário gerou uma série de questionamentos sobre como as diferenças culturais entre países afetam os processos e comportamentos dentro das organizações.
Portanto, é crucial reconhecer e compreender as nuances culturais ao analisar questões organizacionais, pois essas diferenças podem influenciar significativamente as dinâmicas internas e a eficácia das empresas em um contexto globalizado.
A perspectiva cultural comparada também está ausente na maioria dos estudos organizacionais brasileiros sobre sua cultura a partir de uma perspectiva cultural comparada. O que temos, em vez disso, são estudos organizacionais que visam desvendar o lado administrativo da cultura brasileira com base em pesquisas feitas em empresas verdadeiramente brasileiras, como Vergara et al (1997), Costa (1997) e Fischer e Santos (1997). Dentro do contexto histórico e cultural do Brasil, afirma-se frequentemente que a população brasileira era uma mistura de três raças que “convergiram” para cá: brancos, índios e negros. No entanto, alguns estudiosos (DAMATTA, 1986; RIBEIRO, 1995; HOLANDA, 1999; CALDAS e WOOD JR., 1999) não consideram esta generalização verdadeira em sua totalidade ou pelo menos em alguns aspectos.
Além disso, a estrutura familiar patriarcal é o cerne do sistema agrário colonial do Brasil, que institui um poder aristocrático ilimitado baseado em laços emocionais. Como consequência, foram mantidas as atuais formas de controle, a concentração de poder nas mãos de uma pequena elite dominante e a submissão das classes inferiores. Essa divisão social é responsável pelas disparidades existentes entre os brasileiros abastados, pobres e miseráveis, por vezes tão extremas que dificultam a comunicação entre a maioria e a minoria privilegiada, que os exploram e oprimem como se isso fosse algo natural (RIBEIRO, 1995).
Segundo o autor, a formação cultural das crianças é fortemente influenciada pela classe social e o grau de instrução dos pais, sobretudo em nações com pouca distância de poder. Esses fatores acabam moldando a maneira como a família se comporta, fazendo com que seus integrantes adotem posturas sociais que se diferenciam do padrão da sociedade em que vivem, resultando em indivíduos que desenvolvem uma subcultura com grande distância de poder.
Segundo Hofstede (1991), em culturas individualistas, as pessoas valorizam a comunicação direta e têm fortes laços familiares. Desde cedo, as crianças são encorajadas a realizar pequenos trabalhos remunerados e a gerir seu próprio dinheiro. O autor destaca que elas são encorajadas a aceitar críticas construtivas e se sentem constrangidas ao quebrar regras. No ambiente de trabalho, as relações são baseadas em contratos, em que os funcionários vendem sua mão de obra para o empregador. Este, por sua vez, gerencia os indivíduos, não os grupos, oferecendo incentivos ou bônus de acordo com o desempenho de cada um.
Os conceitos da cultura brasileira são opostos à tendência individualista da cultura suíça, que prioriza metas organizacionais em detrimento de vínculos pessoais; e estabelece relações de trabalho de maneira contratual, com obrigações e direitos para patrões e empregados, ao invés de bases morais como é comum no Brasil. Em culturas individualistas, os indivíduos se concentram em seus próprios interesses, um traço reforçado pela masculinidade da cultura suíça, que valoriza mais dinheiro e bens materiais do que conexões humanas; ao contrário da cultura brasileira, que enxerga os laços sociais como essenciais em suas vidas, colocando de lado formalidades e rigores em diversas situações (HOLANDA, 1999; CALDAS e WOOD JR., 1999).
Segundo o autor, países com pouca desigualdade de poder entre as classes têm tendência a produzir indivíduos de baixo status socioeconômico com comportamentos autoritários similares aos de sociedades hierarquicamente mais rígidas. Durante a pesquisa na empresa, o líder contou que seus pais tinham profissões simples, semelhantes a ele, que também cursou apenas o ensino médio. Essas características situam a família do líder em uma cultura hierárquica e autoritária.
A influência da cultura suíça também pode levar as pessoas a avaliarem informações ou circunstâncias de forma isolada, em vez de discuti-las em grupo. Isso pode fazer com que o gestor ignore as opiniões e sugestões dos colaboradores em relação às atividades da empresa, chegando inclusive a omitir informações essenciais para um bom desempenho das suas funções. O suíço tende a manifestar seu etnocentrismo de maneira verbal.
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