Educação Jesuítica Alguns apontamentos à primeira tentativa de educação no Brasil-Colônia
Por: Fer1731 • 26/4/2018 • Artigo • 1.775 Palavras (8 Páginas) • 257 Visualizações
Educação Jesuítica | |
Alguns apontamentos à primeira tentativa de educação no Brasil-Colônia | |
[pic 1] O Terreiro de Jesus como seria em 1808, com a Catedral (igreja dos jesuítas) e outras instalações do antigo Colégio (desenho de O. Torres, datado de 1956) |
[pic 2]
Este trabalho traz alguns apontamentos acerca do início da educação jesuítica no Brasil-Colônia, a partir do início do governo-geral e sua nova proposta de educação, suas primeiras tentativas de educar os indígenas e a dificuldade de acerto frente a tantos problemas encontrados na nova terra, posteriormente, discute o início da educação dos filhos dos colonos e a marginalização dos indígenas que frente as dificuldades de aprendizado, foram deixados ao trabalho braçal.
Foi criado em 1549 o governo geral pelo rei de Portugal D. João III após o fracasso das capitanias hereditárias, o seu intuito era a centralização do poder da colônia com uma reorganização administrativa, além de apoiar as capitanias e não substituí- las. O governo geral foi o primeiro modelo de poder público, implantado na colônia. A partir da introdução deste sistema político administrativo no Brasil-Colônia, viu-se a necessidade de educar o indígena uma vez que este, além de não conhecer o idioma falado pelos colonos, tinha um modo de vida completamente diferente, que aos olhos dos portugueses estava errado, com isso houve a catequização dos indígenas com a vinda das missões jesuíticas, onde o seu intuito maior era propagar a fé cristã.
O papel principal do governador geral era organizar a colônia, com isso fortificando as capitanias contra a resistência indígena, também era seu dever fiscalizar as capitanias e apoiar a cultura da cana-de-açúcar. Tomé de Sousa, militar e político português foi o primeiro governador geral designado para a colônia, chegando à 29 de março de 1549 com soldados, colonos e material para a construção da primeira cidade que foi fundada em Salvador no mesmo ano, foram construídas várias fortalezas que viabilizaram o progresso da agricultura e da pecuária. Foi no governo de Tomé de Sousa que vieram os primeiros jesuítas e foi criado o bispado do Brasil.
Chefiados por Manuel da Nóbrega, os jesuítas começaram a evangelização dos indígenas, criando o primeiro colégio do Brasil, eram da companhia de Jesus, que foi criada em 1540 por Inácio de Loyola e tinha o intuito de ajudar a igreja no combate dos hereges e conversão dos infiéis. A ordem não se mantinha em conventos e sim no meio dos infiéis para convertê-los, principalmente através da educação, logo a ordem cresceu rapidamente e seus colégios se multiplicaram por toda Europa. Com base nos exercícios espirituais elaborados por Inácio de Loyola, os jesuítas assim que instituiram a ordem, começaram um árduo trabalho missionário.
A primeira escola de ler e escrever foi criada em 1549, na Bahia, pelo padre Manuel da Nóbrega e seus companheiros jesuítas, iniciou- se com a vinda de alguns órfãos de Lisboa e alguns índios, o ensino desenvolvido pelo padre, baseavasse, a princípio, no ensino de português e doutrina cristã e alfabetização, posteriormente era oferecido o ensino profissionalizante e o ensino médio, ainda, aos melhores alunos, havia a possibilidade de uma viagem à Europa para conhecer seus colégios.
O intuito do jesuíta era educar o índio tornando-o um homem civilizado para que pudesse viver em uma sociedade igualmente civilizada encaixando a colônia nos moldes da metrópole, para isso usavam de seus conhecimentos para incutir no índio sua cultura e seus gostos, passando por cima das raízes indígenas e de todos os seus conhecimentos adquiridos ao longo de várias gerações. Um dos meios que os jesuítas encontraram para a evangelização dos indígenas, era a construção de aldeias de catequização próximas às tribos onde visavam além do ensino religioso, a utilização dos indígenas convertidos no combate aos índios mais selvagens que não aceitavam a prática cristã, também era de interesse dos jesuítas a conversão imediatas do líder da tribo pois a partir daí ficaria mais fácil convencer os indígenas a se converterem. O jesuíta reconhecia no índio sua diferença mas preferia não aceitá – la.
A criança indígena crescendo dentro da tribo junto com seus familiares, aprendia todos os seus ofícios de modo espontâneo, não havia a necessidade de um ensinamento sistemático de todo o andamento da tribo, o índio apenas observava, aprendia e colocava em prática seu aprendizado. A partir do momento que os padres jesuítas passaram a ensinar as crianças indígenas, houve a necessidade de disciplina e organização por parte dos indígenas, o que se tornou extremamente díficil para eles que não estavam acostumados a tantas regras, os jesuítas por sua vez, também encontravam dificuldades em ensinar, uma vez que esperavam encontrar na colônia crianças como as da metrópole, sendo assim ensinavam como se estivessem ensinando às crianças portuguesas, o que foi completamente errado por parte deles, pois as crianças que aqui se encontravam precisavam de um olhar diferenciado.
Os jesuítas, a princípio, eram os únicos educadores, e foram essenciais na primeira fase do catolicismo da colônia, além de contarem com o apoio real na colônia, logo além de indígenas, passaram também a educar os filhos dos colonos. Mas as dificuldades encontradas na educação e evangelização dos indígenas era grande pois eles não estavama acostumados a um ensino metódico uma vez que nas tribos o indígena era deixado ao ar livre e não eram castigados nem punidos por não aprendererem algo e quando se depararam com esta nova realidade de ensino, houve um choque por parte deles, com isso, deixou- se de instruir o índio, passando apenas a catequisá-lo, os instruídos passaram a ser os filhos dos colonos, futuros sacerdotes. Para Maria Luísa Santos Ribeiro[1], este é um dos motivos que se deixou de instruir o indígena, passsando a profissionalizá-lo, para posteriormente usar sua mão de obra.
“Mas como cedo perceberam a não adequação do índio para a formação sacerdotal católica, esta percepção não deve ter deixado de exercer influência na proposição de um ensino profissional e agrícola, enino este que parecia a Nóbrega imprescindível para formar pessoal capacitado em outras funções essenciais à vida da colônia.”
Os colégios jesuíticos foram o instrumento de formação da elite colonial, a formação oferecida pelos jesuítas era bastante rígida, os professores também tinham uma formação bastante dura, só se tornavam qualificados depois dos trinta anos. Também eram bem rigorosos com os livros e os temas a serem abordados pelos professores. Os jesuítas buscavam a perfeição humana através da palavra divina, exigiam obediência e disciplina, e se espandiram vertiginosamente contando com mais de 13 mil membros em 1606, tornando os jesuítas uma ordem muito poderosa. O ensino era para uma pequena parcela da população e visava ensinar a ler e escrever para tirar a população da ignorância, visando uma transformação social, pois queriam implementar mudanças radicais na cultura indígena através da evangelização , tornando o índio um ser trabalhador e não mais ocioso, mas o índio estava acostumado a trabalhar para sua sobrevivência e não para a acumulação de bens, o que tornou o trabalho dos jesuítas um pouco difícil.
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