Família e Herdeiros de Rainha Vitoria
Por: PedroC.M. • 16/4/2020 • Projeto de pesquisa • 8.588 Palavras (35 Páginas) • 264 Visualizações
Vitória (nome completo em inglês: Alexandrina Victoria; Londres, 24 de maio de 1819 – East Cowes, 22 de janeiro de 1901) foi Rainha do Reino Unido de 1837 até sua morte, aos 81 anos, e também Imperatriz da Índia a partir de 1876. Era a única filha do príncipe Eduardo, Duque de Kent e Strathearn, e sua esposa, a princesa Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld, ascendendo ao trono após a morte de seu tio, o rei Guilherme IV.
Eduardo era o quarto filho do rei Jorge III. Tanto o Duque de Kent como o rei morreram em 1820, fazendo com que Vitória fosse criada sob a supervisão da sua mãe germânica. Ela herdou o trono aos dezoito anos, depois de os três tios paternos terem morrido sem descendência legítima. O Reino Unido era já uma monarquia constitucional estabelecida, na qual o soberano tinha relativamente poucos poderes políticos diretos. Em privado, Vitória tentou influenciar o governo e a nomeação de ministros. Em público, tornou-se um ícone nacional e a figura que encarnava o modelo de valores rigorosos e moral pessoal.
Casou-se com o seu primo direto, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, em 1840. Os seus nove filhos, e vinte e seis dos seus quarenta e dois netos casaram-se com outros membros da realeza e famílias nobres por todo o continente europeu, unindo-as entre si, o que lhe valeu o apelido de "a avó da Europa". Após a morte de Alberto em 1861, Vitória entrou num período de luto profundo durante o qual evitou aparecer em público. Como resultado do seu isolamento, o republicanismo ganhou força durante algum tempo, mas na segunda metade do seu reinado, a popularidade da rainha voltou a aumentar. Os seus jubileus de ouro e diamante foram muito celebrados pelo público.
O seu reinado de 63 anos e sete meses é o segundo mais longo da história do Reino Unido e ficou conhecido como a Era Vitoriana. Foi um período de mudança industrial, cultural, política, científica e militar no Reino Unido e ficou marcado pela expansão do Império Britânico. Vitória foi a última monarca da casa de Hanôver. O seu filho e sucessor, o rei Eduardo VII, pertencia à nova casa de Saxe-Coburgo-Gota.
Em 1817, a princesa Carlota de Gales morreu ao dar à luz um natimorto, causando uma crise de sucessão no Reino Unido.[1] Carlota era a única filha do Príncipe Regente (futuro Jorge IV, filho mais velho de Jorge III, que agia como regente devido à doença do pai) e da esposa renegada, Carolina de Brunsvique.[2] O nascimento fora tido como milagroso visto que alegadamente os pais não tiveram relações sexuais mais de três vezes durante o casamento, daí que o nascimento de um eventual outro filho do príncipe Jorge fosse, no mínimo, improvável.[3]
Assim, a linha directa de sucessão ao trono britânico foi subitamente extinta. Jorge III tinha 12 filhos, mas nenhum neto legítimo que pudesse herdar a coroa. As cinco filhas eram solteiras ou estéreis e nenhum dos filhos era casado, à excepção do segundo, Frederico, Duque de Iorque e Albany, que também não tinha filhos.[4]
Este acontecimento provocou uma "corrida" ao casamento por parte dos príncipes solteiros.[5] O terceiro filho, Guilherme, Duque de Clarence casou com a princesa Adelaide de Saxe-Meiningen. Deste matrimónio resultaram duas filhas, Carlota e Isabel, ambas mortas antes de completarem um ano,[6] e vários abortos espontâneos, o último de gémeos em 1821, depois do qual se tornou óbvio que não teriam mais filhos.[7]
O quarto filho do Jorge III, Eduardo, Duque de Kent e Strathearn casou por sua vez com Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld, viúva do Duque de Leiningen e mãe de dois filhos, Carlos e Feodora, que era também irmã de Leopoldo de Saxe-Coburgo-Gota, viúvo da princesa Carlota Augusta. Deste casamento nasceu em 1819 uma menina, baptizada Alexandrina Vitória. Depois das sucessivas mortes das primas Clarence, do pai apenas alguns meses depois e já em 1830 de Jorge IV, Vitória tornou-se herdeira presumível do trono britânico.[5]
Nascimento e família
Vitória aos quatro anos de idade.
O pai de Vitória, o príncipe Eduardo, Duque de Kent e Strathearn, casou-se com a mãe dela, a princesa Vitória, no dia 30 de maio de 1818, no Palácio de Ehrenburg, em Coburgo. Para que não houvesse dúvidas sobre a validade deste casamento, foi realizada uma segunda cerimónia, em Inglaterra, no Palácio de Kew, no dia 11 de junho do mesmo ano, no mesmo dia em que o irmão mais velho, o príncipe Guilherme, Duque de Clarence e St. Andrews, se casou com a princesa Adelaide de Saxe-Meiningen.[5]
O pai da futura rainha já estava bastante endividado antes do casamento, mas depois a sua situação económica começou a agravar-se ainda mais. Como Eduardo discordava das visões políticas do seu irmão, o Jorge, Príncipe de Gales, este recusou-se a ajudá-lo e, por isso, os pais de Vitória tiveram de deixar Inglaterra e passaram a viver na Alemanha.[5] Poucas semanas depois, Vitória soube que estava grávida e o duque percebeu imediatamente a importância que tinha o facto de a criança nascer em Inglaterra, por isso, com a ajuda de alguns amigos, conseguiu juntar dinheiro suficiente para a viagem quando a duquesa já estava grávida de sete meses. Chegaram ao seu destino no dia 24 de abril de 1819 e instalaram-se no Palácio de Kensington.[5] Foi aí que a futura rainha Vitória nasceu, um mês depois, no dia 24 de maio, às quatro e um quarto da manhã.[8]
Foi batizada numa cerimónia privada no dia 24 de julho pelo arcebispo da Cantuária, Charles Manners-Sutton, no salão da cúpula no Palácio de Kensington. Os seus padrinhos foram o imperador Alexandre I da Rússia (representado na cerimónia pelo seu tio, o Duque de Iorque), o seu tio o Príncipe de Gales, a sua tia Carlota, Princesa Real (representada pela princesa Augusta) e a avó materna de Vitória, a Duquesa-viúva de Saxe-Coburgo-Saalfeld (representada pela princesa Maria, Duquesa de Gloucester e Edimburgo). Os seus pais quiseram chamá-la Vitória Jorgina Alexandrina Carlota Augusta, mas o irmão mais velho do duque, o príncipe-regente, insistiu que três dos nomes desaparecessem. Então acabou por ser batizada apenas de Alexandrina Vitória, em honra de Alexandre e da sua mãe.[9]
Vitória estava no quinto lugar de sucessão ao trono, a seguir ao seu pai e aos seus três irmãos mais velhos.[10] O príncipe-regente estava separado da sua esposa e a esposa do Duque de Iorque, a princesa Frederica Carlota da Prússia, tinha cinquenta e dois anos, por isso não havia muitas hipóteses de os filhos mais velhos do rei terem herdeiros. Ambas as filhas nascidas ao Duque de Clarence (em 1819 e 1820) tinham morrido antes dos dois anos de idade. O avô e o pai de Vitória
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