Fichamento: O Príncipe
Por: Pamella Amaral • 18/5/2018 • Ensaio • 2.651 Palavras (11 Páginas) • 204 Visualizações
FICHAMENTO DE LEITURA
MAQUIAVEL, Nicolau, 1469-1517. O príncipe. Tradução e notas Leda Beck – São Paulo: Martin Claret, 2012 – ( Coleção a obra-prima de cada autor;2)
Capítulos V, VI,VII,VIII,IX, X, XV,XVI, XVII
O pensamento político moderno, pós Renascimento, alicerçado pelos valores e princípios da Antiguidade Clássica, impulsionou o desenvolvimento do conceito de indivíduo e o destaque à racionalidade humana, características que ganham impulso a partir da decaída do sistema feudal.
A Europa de fins da Idade Média e início da Idade Moderna, pós-momento de descentralização política, começa a se organizar por meio da formação dos Estados Nacionais, Absolutistas ou também conhecidos como Modernos. Os senhores feudais firmaram um pacto que possibilitou a formação dos Estados Modernos que seriam governados por um monarca de poderes absoluto, mas apesar de seu poder ser absoluto, o rei não podia ferir os interesses da nobreza feudal e devia também buscar satisfazer uma burguesia nascente, que era pagadora de impostos, portanto um rei com poderes absolutos deveria saber exercer a sua autoridade e negociá-la.
“O Príncipe” foi escrito por Nicolau Maquiavel em 1513, mas só foi publicado em 1532, como Nicolau morreu em 1527, a primeira edição do livro já é considerada uma publicação póstuma. O livro caracteriza-se como um verdadeiro manual de como um monarca absolutista deve se comportar para buscar o poder absoluto, a autoridade e a unidade nacional, é baseado em observações feitas ao longo da História e do cotidiano do próprio autor, com base em várias situações políticas existentes e possui 26 capítulos. Essa obra foi ofertada a Lorenzo de Médici, da família que governava a cidade de Florença, na Itália. Cabe pontuar que a Itália da época de Maquiavel não possuía um Estado Nacional unificado, estava fragmentada em pequenos reinos e sujeita ao jugo político de Estados já unificados. Por isso, Maquiavel desejava a unidade nacional italiana, para retirá-la dessa situação tão desconfortável. O livro foi encarado mais tarde com muito preconceito, por ser compreendido como um manual que atirava à lama a moral e a ética na disputa pelo poder, é o pioneiro da Ciência Política Moderna que propõe a separação entre Igreja e Estado, ousadia essa que lhe rendeu a demonização da sua pessoa e de seus escritos pela Inquisição.
Se desejaria ser temido que amado, quando se
deve abrir mão de uma das duas qualidades.
Capítulo V – Como se deve governar as cidades ou principados que, antes de ser conquistados, viviam sob suas próprias leis.
Existam três modos de mantê-lo:
- Arruiná-los;
- Residir no local;
- Deixar viver com suas leis mas extraindo-lhes tributos e criando um governo oligárquico amigo; Sé a intenção é conservar a cidade/principado, manter o príncipe sempre próximo.
As vias mais seguras e efetivas para o governo desses locais são as duas primeiras;
Retomando sempre os acontecimentos do passado, pois a História seja mais presente ou antiga, é um conglomerado de experiências e cabe ao observador entender à lição que dela pode vir;
Capítulo VI – Novos principados conquistados com os próprios exércitos e virtuosamente
Maquiavel apresenta os dois conceitos principais para a sua obra: virtú / virtude e fortuna.
Ao estar atrelado ao modelo da retórica romana – que valoriza mais os aspectos impressionistas, dramáticos e contextuais da argumentação – o conceito de virtude pode ter um conjunto de significados, tais como: o mais tradicional de qualidade ética e moral; o sentido de habilidade politica, que para o autor é especial para alguns personagens históricos; caráter, coragem e potência e por fim, o de utilidade e virtuosidade. A concepção de fortuna é como um acontecimento, que pode mudar o rumo das coisas, tanto do passado como do presente, em suma, é uma características de mudança. A primeira deve se sobrepor continuamente à segunda no sentido de dominá-la.
O autor começa essa capitulo fazendo ressalvas aos principados que cita e aponta a impossibilidade de imitar a vida de alguém que o homem se espelhe á vida dos grandes homens e, caso não alcance, á virtude deles ao seguir o bom exemplo de prudência captará algo dessa virtude.
“[...] nos principados completamente novos, onde haja um novo príncipe, é possível mantê-los com mais ou menos dificuldades, dependendo da virtude daquele que os conquista.” P.72
Dá destaque aos principados conquistados pela virtude dos seus príncipes e não pelas mudanças dos acontecimentos – a fortuna – como de Moises, Ciro, Rômulo e Teseu, entretanto não nega a relação entre fortuna e virtude ao exemplifica as ocasiões que fizeram florir virtudes.
“Aqueles, que como esses, se tornaram príncipes por vias virtuosas adquirem o principado com dificuldade, mas o conservam com facilidade; e as dificuldades que enfrentam para adquirir o principado nascem, em parte, dos novos modos de ordens que são obrigados a introduzir para fundar seu próprio estado e a sua segurança.”P.73
É necessário observar se no processo de conquista e estabelecimento de um governo, esse príncipe contava consigo ou com mais outrem. Se estão sós, se dão mal e não consigam coisa alguma; se agregam a alguém há a possibilidade de forçar as novas ordens, “convém pois, organizar-se para que, quando não creiam, seja possível fazê-los crer a força.” P.74
“Por isso, estes homens tem grande dificuldade em conduzir e todos os perigos aparecem em seu caminho, e que vem superá-los com virtude: mas, uma vez superados, e que começam a ser venerados, tendo eliminado aqueles que invejavam suas qualidades, permanecem poderosos, seguros, honrados e felizes.” P.75
Capítulo VII – Sobre principados novos que se conquistam com os exércitos e a fortuno de outrem.
Os cidadãos comuns que se tornam príncipes somente pela fortuna, fazem com pouco esforço, mas quando chegam é bastante o esforço que o faz permanecer. Esses beneficiados conseguem a concessão de algum estado, por dinheiro ou graça de quem o concedeu. Estão são sempre dependentes da fortuna, pois ao viverem sempre na fortuna privada desconhecem a virtude desenvolvida na vida pública.
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