Fichamento Rio de Janeiro
Por: Stefanny Siqueira • 21/5/2018 • Resenha • 1.481 Palavras (6 Páginas) • 225 Visualizações
Disciplina: Rio de Janeiro
"Sede agora de modernidades urbanísticas, o centro contraditoriamente, mantinha
também a sua condição de local de residência das populações mais miseráveis da
cidade. Estas, sem nenhum poder de mobilidade, dependiam de uma localização
central, ou periférica ao centro, para sobreviver. Com efeito, para muitos, livres e
escravos, a procura de trabalho era diária, e este era apenas encontrado na área
central." (p.42)
Com a vinda da família real e consequentemente, da transferência da capital
monárquica para o Rio de Janeiro, viu-se uma série de mudanças, tanto na estrutura
administrativa, quanto na edificação de novas construções com base nos padrões
europeus. O Rio de Janeiro teve que mudar e se modernizar para tornar-se digno de
abrigar, agora, a nova sede do Império Português. Apesar da modernidade que
progressivamente vinha ocorrendo, devido à essa transferência, ao ciclo do café e a
independência política, que levou a uma expansão econômica atraindo muitos
trabalhadores, era uma contradição visto que, a crescente população fluminense
majoritariamente mantinha-se pobre e, devido a carência de transportes coletivos
rápidos e regulares, dependente de moradia no centro, onde se encontrava a maior
concentração de oferta de trabalho. Essa oferta de trabalho no centro é explicado pela
grande aglomeração populacional que ali existia, criando assim uma demanda por
todo tipo de serviços informais e diários.
"Controlados em grande parte pelo capital estrangeiro, trens e bondes tiveram um
papel indutor diferente no que toca à expansão física da cidade. Os primeiros
passaram a servir áreas ainda fracamente integradas à cidade, que se abriram então
àqueles que podiam se dar ao luxo de morar fora da área central mas não podiam
arcar com os custos, já elevados dos terrenos da Glória, Botafogo ou Tijuca; os
bondes permitiram o êxodo cada vez maior dos que podiam arcar com esse ônus,
mas mantinham-se no centro por falta de meio de transporte rápido e regular." (p.43)
Com a melhora na qualidade de vida, devido as mudanças executadas na
oferta de trabalho, quanto pela escassez de transportes que atendessem as
necessidades de mobilidade dessa população. Essa demanda por transportes
coletivos eficientes, atraiu os interesses do capital nacional e estrangeiro, que
atendendo a essa necessidade, permitiu o êxodo dos habitantes da capital para a
zona sul e para os subúrbios do Rio. Este primeiro já sendo urbanizado pela população
rica antes da inclusão ao centro da cidade, que foi possibilitada pelos bondes,
posteriormente só fez acelerar este processo, já a implementação dos trens
proporcionou a ocupação dos subúrbios por uma população que, até podia dar-se ao
luxo de morar mais distante do centro, mas não arcando com os altos custos da zona
sul.
"O final do século XIX não se caracterizou apenas pela multiplicação das fábricas no
Rio de Janeiro. Outra face da mesma moeda, coincidiu também com o esgotamento
do sistema escravista, com o conseqüente declínio da atividade cafeeira na Província
do Rio de Janeiro e com o grande afluxo de imigrantes estrangeiros. Resultou daí um
processo de crescimento populacional acelerado via migração, que agravou
consideravelmente o problema habitacional da cidade, pois levou ao adensamento
ainda maior dos cortiços e ao recrudescimento das epidemias de febre amarela que
assolavam a cidade periodicamente." (p.57)
Com o fim do sistema escravocrata, o declínio do ciclo do café e a proliferação fabril,
o Rio de Janeiro viu sua população migratória crescer subitamente, atingindo um
grande contingente de habitantes, porém não possuía habitações suficientes para
atender a essa repentina eclosão. E apesar da progressiva implementação dos meios
de transportes, havia uma grande parcela do povo que não podia arcar com os custos
de moradia fora da área central. Nesse sentido, os cortiços se tornaram a melhor
alternativa de moradia, ficando muito populares entre as pessoas mais pobres.
Essa popularidade não se refletia, entretanto, no restante da população e nas
autoridades públicas, que viam nos cortiços, o cerne da proliferação das mais
variáveis doenças, como a febre amarela e a cólera, além de ser um local que poderia
insurgir movimentos sociais. Devido as epidemias constantes que ocorriam, a imagem
internacional do Rio de Janeiro era a de uma cidade "tumba", um lugar insalubre, onde
os marinheiros nem desembarcavam. Toda essa visão pejorativa que imperava
acerca desses espaços e consequentemente, da população pobre, fez as autoridades
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