Fichamento do livro Manual de História Oral- Verena Alberti
Por: 2018Franciscam • 24/10/2018 • Bibliografia • 1.216 Palavras (5 Páginas) • 796 Visualizações
Manual de História Oral- Verena Alberti. Editora FGV. 2 ed. 2004, Rio de Janeiro. Apresentação: Aspásia Camargo. 11- 15.
“Quando o criamos, em 1975, contávamos apenas com um pesquisador (eu mesma) e um estagiário... registrar o depoimento de muitas pessoas que colaboravam conosco na localização e na cessão de arquivos e documentos e que acorriam também ao Cpdoc em busca de um diálogo e da possibilidade de trocar idéias sobre as grandes transformações da década de 1930, das quais haviam sido atores ou testemunhas.” p.11
“... o compromisso com a complementaridade das entrevistas, de maneira a garantir qauilo que todo programa de história oral tem de mais precioso: a possibilidade de reconstituir a História através de suas múltiplas versões; captar a lógica e o resultado da ação através de seu significado expresso na linguagem do ator; ou seja, desvendar o jogo complexo das ideologias com a ajuda dos instrumentos que nos são oferecidos pela própria ideologia.” p. 13.
“A história oral pode ser empregada em diversas disciplinas das ciências humanas e tem relação estreitos com categorias como biografia, tradição oral, memória, linguagem falada, métodos qualitativos etc.” p. 17.
“Dependendo da orientação do trabalho, pode ser definida como método de investigação científica, como fonte de pesquisa, ou ainda como técnica de produção e tratamento de depoimento gravados.” p. 17.
“... diríamos que a história oral é um método de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica etc.) que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo.” p. 18.
“Já Heródoto e Tucídides lançavam mão de relatos e depoimentos para construir suas narrativas históricas sobre acontecimentos passados [...] No século XIX, entretanto, com o predomínio da história “positivista” e a quase sacralização do documento escrito, a prática de colher depoimentos esteve relegada a segundo plano.” p. 18.
“Foi apenas na segunda metade do século XX- depois de algumas experiências nas primeiras décadas do século, como a de Thomas e Znaniecki, por exemplo – que a história oral se apresentou como potencial de estudo dos acontecimentos e conjunturas sociais [...] insatisfação dos pesquisadores com os métodos quantitativos, que, no pós-guerra, começaram a ceder lugar aos métodos qualitativos de investigação. O recurso do gravador portátil, a partir dos anos 960, permitia “congelar” o depoimento...” p. 19.
“A entrevista adquiriu estatuto de documento, mas isso não quer dizer que a história oral tenha se ajustado aos ditames da história “positivista”. Ao contrário: trata-se de tomar a entrevista produzida como documento, sim, mas deslocando o objeto documentado: não mais o passado ‘tal como efetivamente ocorreu”, e sim as formas como foi e é apreendido e interpretado. [...] Isso pressupões que essa versão e a comparação entre diferentes versões tenham passado a ser relevantes para estudos na área de ciências humanas.” p. 19.
“... de estabelecer relações entre o geral e o particular através da análise comparativa de diferentes testemunhos... o depoente poder “distorcer” a realidade, ter “falhas” de memória ou “errar” em seu relato; o que importa agora é incluir tais ocorrências em uma reflexão mais ampla...” p. 19
“A difusão da história oral no início da década de 1970, nos (e a partir dos) Estados Unidos e Europa, resultou na implantação de vários programas de história oral [...] Pioneiro no Brasil, o programa procurou conjugar duas tendências no desenvolvimento da história oral: de um lado a norte americana, que privilegiava a formação de bancos de depoimentos orais, sem que sua produção se subordinasse necessariamente a um projeto de pesquisa, e, de outro, a européia, que privilegiava a lógica da investigação científica, sem que as entrevistas dela resultantes fossem necessariamente colocadas à disposição de um público de pesquisadores.” p. 20.
“[...] O programa de História Oral do Cpdoc foi implantado com um projeto de pesquisa específico, “Trajetória e desempenho das elites políticas brasileiras... estudar o processo de montagem do Estado brasileiro, permitindo inclusive compreender como se chegara ao regime militar então vigente.” p. 20.
“Surgiram então os conjuntos de depoimentos sobre a formação e a trajetória de agências e empresas estatais, sobre a história de determinadas atividades profissionais, sobre a trajetória de instituições de ensino e sobre movimentos sociais, entre outros.” p. 20.
“Em abril de 1994, foi fundada a Associação Brasileira de História Oral (ABHO), por ocasião do II Encontro Nacional de História Oral... No plano internacional, em 1996 criou-se em Gotemburgo, Suécia, a International Oral History Association (IOHA), com expressiva participação de pesquisadores brasileiros” p. 20- 21.
“... uma produção intencional de documentos históricos [...] o caráter de fontes em potencial para futuras pesquisas, na história oral produzimos deliberadamente, através de várias etapas, o documento que se torna fonte...” p. 21.
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