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Historia social

Por:   •  23/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.332 Palavras (14 Páginas)  •  246 Visualizações

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Apreciação Crítica da Obra “O Povo de Luzia”
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por Ivan Cesar dos Santos Pinheiro
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Sobre o autor[1]

Antes de tudo é fundamental citar que a obra de Neves e Piló, “O Povo de Luzia”, é, sem dúvidas, uma leitura formidável, sem complicações, onde é alcançado um elevado nível didático, não só falando de pré-história e achados, mas também outros variados assuntos contextualizando Lagoa Santa - MG (onde foram encontrados os fósseis) e a história de Luzia. Com textos e comentários muito bem elaborados, até irônicos em algumas ocasiões, é possível fazer uma viagem pela origem humana e pelos sítios arqueológicos brasileiros encontrados, principalmente em Minas Gerais, muito bem descritos na obra. É composta por oito capítulos sendo que a partir do capítulo 6, Neves e Piló fazem uma espécie de retrospecto fixando algumas passagens dos capítulos precedentes com o intuito de lembrar o caudaloso número de informações certificando-se que o leitor assimilou cada uma delas contidas na obra.

O Povo de Luzia, num primeiro momento, fala sobre o processo de hominização, como surgiram os homens na terra. Os autores citam que o homem nasceu de um processo natural como qualquer outro ser vivo, os processos de evolução biológica e seleção natural, teoria de Darwin. Segundo eles evolução não tem projeto, nem mesmo a do homem e que, como expressou Jaques Monod, prêmio Nobel francês, é puro resultado do acaso, não é possível fazer visões no campo da evolução biológica por conseqüência das variabilidades genéticas e mudanças ambientais, a prova disso seria o imenso número de espécies que se extinguiram no passado. Ainda falam que Evoluir é tão diferente de tornar-se melhor quanto de tornar-se mais complexo, que seria apenas mudar mantendo-se adaptado. Seleção natural não fixa sempre alternativas perfeitas, elege a melhor entre as disponíveis e ainda ironizam a dificuldade que a evolução tem em gerar coisas absolutamente revolucionárias, visto o tempo elevado que demora pra surgir e adaptar uma espécie num determinado ambiente, prova disto o abundante número de fósseis espalhados pelo planeta.a.a.

Fazem uma revisão no surgimento da vida no planeta registrando que as bactérias surgiram cerca de 3,5 bilhões de anos, criaturas multicelulares há 1,8 bilhões de anos, primeiros animais há 575 milhões de anos, formais animais hoje existentes há 530 milhões de anos, citam que 9/10 da evolução da vida ocorreu embaixo da água. Plantas terrestres há 500 milhões de anos, primeiros invertebrados e vertebrados terrestres há 450 e 360 milhões de anos respectivamente, dinossauros e mamíferos há 250 milhões de anos, sendo que os dinossauros extinguiram-se há 65 milhões de anos, primatas surgem aos 55 milhões de anos e enfim os homens e seus ancestrais diretos, os hominíneos, surgem há 7 milhões de anos.

Numa frase atrevida, expressam que a pergunta se nós homens viemos do macaco é totalmente desnecessária, pois somos um grande macaco! Deste ponto em diante fazem uma análise fenotípica e comportamental entre os primatas, grupo onde se inclui o homem. Fazem ainda uma análise evolutiva e classificatória dos antropóides, especialmente os macacos propriamente ditos e os hominóides (pongíneos, gorilíneos e hominíneos). Após a análise começa então a história dos bípedes, onde o mais antigo foi encontrado em 2001 no Chade com datação de 7 milhões de anos e citam que, diferentemente do que pensava Darwin, a fixação da bipedia pela seleção natural se deu nas florestas e não nas savanas. Falam à grosso modo que os hominíneos existentes no planeta entre 7 e 2 milhões de anos eram verdadeiros chimpanzés em pé. Assim como o homem dista 7 milhões de anos do ancestral comum com os chimpanzés atuais (que tem uma identidade gênica entre 95% e 98% em relação aos humanos, sendo considerados nossa “espécie irmã”), estes também evoluíram 7 milhões de anos em relação ao mesmo ancestral. Ainda fazem uma análise das características ósseas desses primeiros hominíneos.

O surgimento do gênero Homo se da por volta de 2 milhões de anos nas savanas africanas, como consta na obra. A partir daí começa a explicação sobre a evolução humana falando principalmente do Homo erectus que tão logo ao seu surgimento começou a se expandir para outros continentes, tendo chegado ao Cáucaso (entre Europa e Ásia) por volta de 1,75 milhões de anos. Alguns autores acreditam segundo análises em crânios, em duas espécies distintas: Homo ergaster (Ásia) e Homo erectus (África). Por volta de 1,6 milhões de anos começaram a surgir ferramentas de pedra lascada, mas sem uma concepção formal do objeto desejado. Indústria lítica conhecida como Acheulense e acredita-se que apenas depois dessa indústria o homem tenha saído da África.

Por volta de 800 mil anos os primeiros grandes cérebros começaram a surgir. O autor sugere que poderiam ser todos reunidos em uma única espécie chamada: Homo heidelbergensis (homem fisicamente moderno). Concretizam que datada em 400 mil anos, uma lança de madeira foi encontrada junto a esqueletos de cavalos pré-históricos na Alemanha, nos anos 1990. Ainda citam que por volta dos 250 mil anos desenvolveram uma técnica revolucionária no lascamento de pedras dando início a indústria lítica chamada Musteriense e que essa indústria teve seu auge entre os Neandertais, que surgiram há 200 mil anos no Norte da Europa Ocidental. Segundo os autores, os heidelbergensis, por volta dos 300 mil anos, passaram a apresentar uma morfologia craniana notável, faces para frente afastadas do neurocrânio, característica mais importante do crânio neandertal. Concluem que ao contrário do que se pensava, os neandertais não possuíam nenhum tratamento ritual aos mortos, enterrando-os em covas rasas e mal elaboradas provavelmente por razões higiênicas ou evitando predadores, e que sua extinção (29 mil anos) coincidiu com a chegada e expansão do Homo sapiens (homem comportamentalmente moderno - 45 mil anos) no Oriente Médio e na Europa por volta dos 40 mil anos. Daí em diante começam a tratar das teorias de expansão do homem pelos outros continentes e principalmente sua chegada à América.

Daí então começa a discussão sobre o homem na América. Os Clovistas norte-americanos, por conta de seu egocentrismo inigualável, começam a disputar com os sul-americas as origens do homem na América. Esqueletos encontrados nos EUA datados com 11 mil anos provariam a chegada do homem à América. No entanto, aparece Luzia, um esqueleto datado com 11,5 mil anos no Brasil entre vários outros achados arqueológicos em sítios brasileiros, colombianos, argentinos entre outros. Estava então formada a disputa entre Arqueólogos da América do Sul contra os da América do Norte. A comunidade arqueológica e antropológica norte-americana, pelo seu dogmatismo, retardou assim por décadas o avanço do conhecimento sobre o assunto. Os autores ainda falam das dificuldades encontradas pela profissão, as várias pedras no caminho impostas pelos acadêmicos, ainda mais não sendo norte-americano, onde tradicionalmente encontram-se arqueólogos “mais competentes”.

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