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Métodos e Técnicas de Pesquisa em História

Por:   •  21/5/2019  •  Seminário  •  2.682 Palavras (11 Páginas)  •  154 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Instituto de História

Departamento de História

Curso de Graduação em História

Professora: Gizlene Neder

Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa em História

Alunas: Aline Almeida Pinto /Aryanne Pinheiro Tinoco Gonzaga

Introdução / Capítulo 1  

Carlo Ginzburg

O título do livro é Relações de força: História, retórica, prova, e são nelas que se apresentam os principais pontos abordados por Ginzburg durante a introdução e o primeiro capítulo. Esses pontos refletem justamente sobre a relação entre essas três: “História, retórica e prova” pensando como esses elementos foram interpretados em momentos e realidades distintas. O que Ginzburg pretende comprovar é que retórica e prova não se excluem. Pelo contrário, segundo o autor o uso da retórica na escrita da história é o recurso mais realista que existe. Por esse motivo Ginzburg defende, que a retórica da tradição aristotélica tem nas provas seu conteúdo central, por isso o discurso histórico deve se basear nela.

Carlo Ginzburg busca por fundamentos de um conhecimento histórico construído sobre a discussão de suas provas. De acordo com seu próprio método, ele questiona não só o discurso da história, mas também a literatura ou a pintura, não porque a história seja apenas uma arte, mas porque a arte é, como a história, o poder da verdade. Ao invés de atacar os pós-modernos negando as apostas retóricas das narrativas históricas, Ginzburg tenta mostrar que a retórica pode ser colocada ao serviço da evidência. O autor afirma que a retórica tem a capacidade de "poder da verdade", então ele define uma relação entre retórica e prova, problematizando a visão separada de ambas. A retórica precisando da prova pois sem ela se tornaria “morta”, tornando-se algo enganoso.

Segundo Ginzburg a tarefa do historiador, é situar a retórica de um documento ou texto no mundo ao qual se refere, como prova das relações de poder que este mundo deixou para trás. A influência da retórica sobre a prova, e até mesmo sobre a História, pode compreender à uma reflexão histórica baseada em um relativismo absoluto, em que é ressaltada a dimensão da narrativa. A retórica isenta sua própria história, desconhecendo sua relação com a prova. Assim, há a presença de risco de se reduzir o sentido e a função do conhecimento, limitando-o ao “exercício brutal do poder”. (Pág. 43)

Ginzburg expõe que uso da retórica na escrita da história é o meio mais efetivo e realista que há, comprovando que a retórica e a prova não se separam. A retórica é, portanto, naturalmente o termo entre história e prova.

Ginzburg afirma que a retórica de Aristóteles teria seu objeto principal a questão das provas, determinando assim que o discurso histórico deve-se basear nelas. A narrativa deveria ser um misto da prova com a retórica, compreendida da forma como Aristóteles fazia. Portanto, a discussão da prova em Aristóteles é parte integrante da retórica e por isso se torna parte integrante do método historiográfico no Ocidente.

Paradigma Científico e  Retórica Aristotélica

Aplicados Sobre A Obra de Carlo Ginzburg

O autor expõe a visão de Aristóteles referente à retórica, que era considerada por ele a arte de convencer sem se distanciar da verdade ou da prova, para o filósofo a prova e a verdade constituem os fundamentos principais para o convencimento. Em contrapartida, o autor busca Sócrates e sua crítica à  prática sofista de retórica como  arte do convencimento com argumentos sedutores, não necessariamente ligados à verdade objetiva, ou a prova. Carlo Ginzburg acredita que:

 

“No passado, a prova era considerada parte integrante da retórica e (...) que essa evidência,hoje esquecida, implica uma concepção do modo de proceder dos historiadores,inclusive os contemporâneos, muito mais realista e complexa do que a que está hoje em voga” (Pág. 13).

A retórica é analisada de acordo com os argumentos aristotélicos e depois dividida em “deliberativa”,“epidítica” e “judiciária” que correspondem às três dimensões temporais passado, presente e futuro e a prova também é definida e diferenciada em “técnica” e “não técnica”, para chegar à conclusão de que as relações de força citadas por Ginzburg, guardam a documentação que uma sociedade do passado deixa para trás. A retórica deliberativa é aquela que move-se para o futuro, tendo em vista que uma assembléia ou conselho define a respeito de determinado assunto, e aprova leis e resoluções a ser empregadas. A retórica epidítica volta-se à censura e aclamação, revelando o tempo presente. Já a retórica judiciária é aquela relacionada ao passado, pois qualquer julgamento manifesta-se sobre algo que já ocorreu, se baseando em provas divididas entre técnicas e não-técnicas. As provas não técnicas são aquelas realizadas com “testemunhos, confissões feitas sob tortura, documentos escritos e similares” e as técnicas são aquelas que correspondem, em campo retórico, “à indução no contexto dialético”. Além disso, Ginzburg faz paradigma indiciário por que ele emerge o corpo médico, foca na observação, na questão da prova e se coloca no debate da epistemologia presente na introdução.

 Filme Negação

O filme fala sobre a disputa entre dois historiadores e é baseado em fatos verdadeiros. A história se baseia no conhecido processo de 1996 sobre o negacionismo do Holocausto travado entre a acadêmica Deborah Lipstadt professora americana de estudos do Holocausto e David Irving historiador da Alemanha nazista. Um livro publicado por Lipstadt, acusa Irving de ser um negacionista e falsificador da história do Holocausto. Ele sentindo que sua reputação como historiador poderia ser manchada por isso processou Deborah. E essa é a ideia central do filme, que aborda a preparação e a execução do julgamento. A historiadora em questão, Deborah Lipstadt é americana e foi levada a um tribunal inglês no final dos anos 90 para provar seu caso, que o negacionista David Irving alterou conscientemente os fatos para sustentar suas próprias crenças.

O filme também mostra como uma boa retórica pode convencer as pessoas de uma falsa história, através de argumentos manipuladores. Um exemplo disso aparece nas cenas do julgamento, em que David Irving, mostra que a sua própria convicção acaba fazendo com que ele realmente acredite no que diz. Fazendo até com que quem o assiste sinta pena. Há uma frase dita por Deborah durante filme que representa bem o fato dessa “retórica manipuladora”: “Certas coisas são verdades. Elvis está morto. As calotas glaciais estão derretendo. E o Holocausto aconteceu.”

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