O BATISMO E COMPADRIO: REGISTROS DE BATISMOS EM ATA PAROQUIAL DO SERTÃO PARAIBANO (1862-1880)
Por: Schorlan • 24/5/2021 • Projeto de pesquisa • 2.278 Palavras (10 Páginas) • 161 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
PROJETO DE PESQUISA III
EVERSON MOURA DA SILVA
BATISMO E COMPADRIO: REGISTROS DE BATISMOS EM ATA PAROQUIAL DO SERTÃO PARAIBANO (1862-1880)
CAJAZEIRAS
2021
Everson Moura da Silva
BATISMO E COMPADRIO: REGISTROS DE BATISMOS EM ATA PAROQUIAL DO SERTÃO PARAIBANO (1862-1800)
Trabalho realizado para a avaliação referente à disciplina de Projeto de pesquisa III, orientado pelo professor Viviane Gomes de Ceballos.
CAJAZEIRAS
2021
BATISMO E COMPADRIO: REGISTROS DE BATISMOS EM ATA PAROQUIAL DO SERTÃO PARAIBANO (1862-1880)
Everson Moura da Silva[1]
eversonmouraa@gmail.com
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo, catalogar, analisar e discutir os registros de batismo e um pouco da vida parental, através desse primeiro sacramento. Mediante a isso, nos debruçamos sobre o distrito, vila e Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, hoje município de Cajazeiras, no período pré abolicionista 1862-1880, ao qual, nesse momento as lutas abolicionistas e pressão internacional fez com que houvesse a promulgação da lei do ventre livre no âmbito nacional (1871), marco mor para a compreensão de algumas sociabilidades da época. As fontes pesquisadas dividem-se em: 1) eclesiástica – registros de batismos; 2) cartorárias – escrituras de compra e venda de escravos; 3) judiciais – inventários post mortem ; 4) diversas – recenseamento do império (1872). Nesse sentido faz-se necessário historicizar esses documentos, que podemos discutir dentre outros temas a parentela, as liberdades e religião
PALAVRAS- CHAVES: Batismo. Compadrio. Sertão. Escravos.
2. INTRODUÇÃO
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Fonte: Carta Topográfica e Administrativa da província da Paraíba. Biblioteca Nacional(1868).
Cajazeiras localiza-se na região limítrofe entre o Ceará e a província da Parahyba do Norte, um município mais a oeste da Paraíba, para o recorte temporal da época. Para se ter uma visão mais nítida do mapa e compreender geo-espacialmente o espaço que estamos relatando, poderá acessar o site da Biblioteca Nacional.
Olhar para Cajazeiras em meados do século XIX é ir de encontro com uma sociedade que toma por base seus hábitos e costumes da vida social vinculadas a preceitos e questões religiosas. No sertão paraibano, a vida cotidiana, a visão sobre a natureza e práticas, ainda baseava-se em preceitos cristãoes. Assim afirma CASCUDO:
“A unidade religiosa que se firmou aqui, desde o início da colonização, condicionou e favoreceu o estabelecimento de um catolicismo como expressão religiosa dominante, inteiramente acomodada e penetrando, com seus valores, todos os setores da vida social.”(CASCUDO, 2000, p. 581-582).
O batismo na igreja católica representa a passagem entre dois mundos, do pagão para o cristão, O batizado era aceito como filho de Deus e feito herdeiro da glória e do reino do céu, com salvação, caso não cometesse, antes da morte, algum pecado mortal. Pais, filhos, padrinhos e senhores, mergulham nessas relações, fortalecidos na pia batismal, ao conceber o escravo como um membro da Igreja aceito como cristão.
Há várias demonstrações das práticas religiosas do catolicismo, através de seus sacramentos construíam novos sentidos, modos de vida, que permaneciam até o fim da vida. Sendo assim o batismo, além do parentesco espiritual, o mesmo teria a capacidade de incluir outra pessoa dentro do ambiente familiar da família apadrinhada, isso será discutido mais à frente.
É necessário saber a confluência que a igreja católica exercia, na vida de pessoas livres e escravas no período de 1862 á 1880 na freguesia de Nossa Senhora da Piedade, município de Cajazeiras-PB, localizada no alto sertão da paraíba, nesse período citado acima, era grande a aceitação da comunidade com a religião católica, “no Brasil os registros paroquiais seguiram as determinações de Portugal até serem legalmente regulamentados na sua Constituição Primeira do Arcebispado da Bahia, de 1707”(MARCÍLIO, p.16, 2004 ).
Os registros de batismo de homens e mulheres livres e escravizados(as) filhos(as) de escravas produzidos pela Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, 1859-1880, ao qual, nesse momento as lutas pela abolição da escravatura e pressão internacional fez com que houvesse a promulgação da lei do ventre livre no âmbito nacional (1871). O recenseamento do ano de 1872, também se estabelece como documento de vasta informação sobre a população local. Nesse sentido faz-se necessário historicizar esses documentos que exemplificam o retardo da estrutura escravocrata no Brasil, e contribuem para o entendimento, da urbe e questões de compadrio.
Não se sabe ao certo qual o critério o pároco adotou para indicar a cor da criança que estava sendo batizada. Acredita-se que muitas vezes este pároco chegava a se confundir ao registrar a cor da criança, [...] levanta o aspecto de atribuição de cor como critério fundamental de diferenciação social na estrutura da sociedade brasileira para algumas décadas do século XIX. (CAVALCANTE, 2015, p.13)
Nesta visão, o tema proposto: batismo e compadrio em Cajazeiras (1862-1880) está conjugado numa estrutura histórica ampla de socialização e inserção do cativo na sociedade, sendo a Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, torna-se também a figura central das tramas sem dúvidas uma grande fonte de possibilidades de pesquisa, ao qual partimos do quantitativo interpretando dados contidos em atas paroquiais de batismo, que analiso em paralelo tanto as figuras que aparecem em um documento como no outro e também vinculando a cidade, onde transitam os personagens que aparecem nesta documentação.
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