O CONCEITO DE RAÇA
Por: nelmakelly • 30/9/2022 • Trabalho acadêmico • 1.912 Palavras (8 Páginas) • 121 Visualizações
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 3
2 DESENVOLVIMENTO 4
2.1 O MITO DE CAM E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS 4
2.2 IMAGINÁRIO SOCIAL 5
2.3 ANÁLISE DA TEORIA DE ANÍBAL QUIJANO 6
2.4 A IMPORTÂNCIA DE DISCUTIR ESSAS QUESTÕES NA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE CONSTRUIR NOVOS IMAGINÁRIOS SOCIAIS 6
3 CONCLUSÃO 8
REFERÊNCIAS 9
INTRODUÇÃO
Durante muito tempo, o olhar da historiografia tradicional permaneceu sobre o ensino de história, fazendo com que muitos assuntos fossem ignorados no espaço escolar. Com tudo, com as transformações no ensino e no modo de se pensar o ensino de história, mostrou-se necessário trazer à luz temáticas imprescindíveis para a compreensão da formação da sociedade.
Nesse sentido, esta produção busca tornar evidente o conceito de raça e suas implicações, sobretudo no que diz respeito a sua origem, o que de fato significa e com quais problemáticas sociais está relacionado. Para que isso seja possível, esta produção divide-se em quatro etapas.
Na primeira parte, aborda-se o Mito de Cam e sua relação com a escravidão no período colonial e suas implicações sociais. Em seguida, a segunda etapa discute os imaginários sociais do sujeito negro e suas problemáticas. Dando continuidade, a parte três dedica-se a explicar a teoria de Aníbal Quijano quanto ao surgimento do conceito de raça. Por fim, dedica-se a parte final para salientar a importância de se discutir essas questões na Educação Básica.
DESENVOLVIMENTO
O MITO DE CAM E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS
Por muito tempo, a Bíblia foi utilizada como aporte para realizar manutenções sociais de poder. Dentre essas utilizações, destaca-se o uso desta durante o século XV para defender a escravidão realizada por grandes potencias na época. Nesse caso específico, grandes líderes religiosos postulavam que a escravidão era uma consequência do pecado e, no caso dos africanos, seu pecado estaria relacionado com o mito de Cam.
O mito de Cam refere-se a um dos eventos narrados no livro “Gênesis”, localizado no Antigo Testamento da Bíblia. Conforme esse livro, Noé, conhecido por ter criado a Arca que salvou sua família do dilúvio, teve três filhos, os quais foram responsáveis por repovoar a Terra. São eles: Sem, Cam e Jafé. Segundo a Bíblia, certo dia, após Noé dormir em uma tenda, Cam o viu nu e contou para seus irmãos.
Contudo, este ato era condenado pelos hebreus e, quando Noé soube do acontecido, amaldiçoou Canaã, o filho mais novo de Cam: “Maldito seja Canaã; seja servo dos servos de seus irmãos” (Gênesis 9:25). Para as explicações religiosas daquele período, esta maldição possui um sentido ampliado ao visualizar a história dos filhos de Noé e a povoação do mudo. Assim explica Pereira e Jesus (2019, p.50-51 apud HIRAN, 2017):
Para enriquecer a compreensão, é importante acrescentar, também, o significado dos nomes dos três filhos. Sem era considerado pai dos povos semitas, cuja etimologia é “nomeado” ou “fama”; Jafé, que teria dado origem aos povos indo-europeus, indo-germânicos e indo-arianos, corresponde à luz, aberto, ampliado e louro. Enquanto Cam se refere a “quente”, “queimado” ou “trevas”. Canaã, filho de Cam e o neto amaldiçoado por Noé, quer dizer “embaixo”, transmitindo, assim, uma ideia de inferioridade, e teria gerado os mongóis, chineses, japoneses, ameríndios, esquimós, polinésios. Um dos filhos de Canaã se chama Cush, sinônimo de “preto”, e deu origem aos etíopes, sudaneses, ganeses, pigmeus, aborígines australianos, Nova Guiné (PEREIRA IVO/JESUS, 2019, p.50-51 apud HIRAN, 2017).
Desse modo, o conhecimento propagado na época das grandes navegações é de os povos africanos são descendentes de Cam e que estes carregam a maldição que Noé havia feito contra Canaã: “Maldito seja Canaã; seja servo dos servos de seus irmãos". Esse mito ganha legitimação a partir do momento em que os europeus são tipos como os filhos de Jafé, representantes da luz, conforme a origem mítica. Enquanto isso, os africanos seriam os amaldiçoados, filhos de Cam, e deveriam ser subjugados.
Esse discurso propagado na época evidencia que a escravidão, uma das maiores tragédias da história da humanidade, possui como pilar não apenas os interesses econômicos europeus, mas também a herança mítica judaico-cristã desses povos. Dessa maneira, um mito bíblico fez parte da manutenção do sistema escravista adotado durante o período colonial no Brasil.
Por essa razão, é possível afirmar que o modelo societário brasileiro, que possui uma forte base cristã, é fruto da escravidão do passado, assim como o racismo correspondente. Assim sendo, a hierarquia social brasileira possui como um dos pilares fundadores a memória mítica relacionada com a expressão do racismo estrutural presente na sociedade. As implicações do mito de Cam ultrapassam os séculos passados: ele influencia o racismo estrutural na sociedade contemporânea.
IMAGINÁRIO SOCIAL
Para Castoriadis (1982 apud MOURA, 2015), Imaginário Social consiste no conjunto de representações sócio-históricos que está estruturado em um sistema simbólico, podendo ser compreendido apenas através de uma análise sociológica da realidade, pois o Imaginário Social corresponde a uma representação e não há um reflexo da sociedade.
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