O Conteúdos Históricos: como selecionar?
Por: anamary769 • 24/5/2023 • Resenha • 2.144 Palavras (9 Páginas) • 124 Visualizações
[pic 1][pic 2] [pic 3]
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO-UEMA
CENTRO DE ENSINO SUPERIORES DE CAXIAS-CESC
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA-DHG
LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
RESIDENTE BOLSISTA: GLÓRIA MARIA RODRIGUES SOUSA
RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA
RESENHA 10: BITTENCOURT, Circe Maria F. Conteúdos Históricos: como selecionar? In:__.Ensino de História: fundamentos e métodos. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 135- 179.
Caxias-MA
2023
BITTENCOURT, Circe Maria F. Conteúdos Históricos: como selecionar? In:__.Ensino de História: fundamentos e métodos. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 135- 222.
Glória Maria Rodrigues Sousa
A leitura para a construção da seguinte resenha esboça a complexidade em volta da seleção de conteúdos escolares, especialmente históricos, em diferentes situações no âmbito educacional. O capítulo em questão é de autoria de Circe Maria Fernandes Bittencourt. A autora possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (1967), pós-graduação em Metodologia e Teoria de História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (1969), mestrado em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (1988) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1993). Foi professora de Metodologia do Ensino de História e atualmente desenvolve pesquisas com projetos de pós-graduação da FEUSP. Entre 2007 a 2019 foi professora e orientadora do Programa de Educação da PUCSP (EHPS) e atualmente é professora convidada do Programa de Pós Graduação do ProfHistória- UNIFESP- Guarulhos e professora Senior da Faculdade de Educação da USP. Tem experiência na área de ensino de História, história das disciplinas e currículos escolares e história da educação indígena. Desenvolve pesquisas sobre história dos livros didáticos brasileiros, mantendo a organização da Biblioteca do Livro Didático (BLD) e do banco de dados LIVRES referente aos livros didáticos brasileiros de 1810 aos dias atuais na FEUSP.
Inicialmente, a autora traz questões as problemáticas existentes na seleção de conteúdos escolares. Um dos empecilhos citados por Circe Bittencourt em relação a escolha de conteúdos são as contradições. Segundo a autora:
A seleção de conteúdos escolares é um problema relevante que merece intensa reflexão, pois constitui a base do domínio do saber disciplinar dos professores. A escolha de conteúdos apresenta-se como tarefa complexa, permeada de contradições tanto por parte dos elaboradores das propostas curriculares quanto pela atuação dos professores, desejosos de mudanças e ao mesmo tempo resistentes a esse processo (BITTENCOURT, 2008, pg. 138).
Ao longo do texto, Circe Bittencourt leva em consideração as condições de ensino que interferem nos critérios de condição de conteúdo. Essas condições são inúmeras e vai desde a precariedade do sistema escolar, excesso de material didático até o domínio de articular e organizar conteúdos dentro dos limites do “tempo pedagógico” estipulado pela grade curricular. Além dessas condições do sistema escolar, Circe cita outro fator extremamente necessário que faz parte da seleção de conteúdos é o domínio da produção historiográfica e do processo de reelaboração e apropriação desse conhecimento em uma situação escolar que, sempre, tem que estar fazendo referência aos objetivos pedagógicos e as singularidades das condições de aprendizagem.
Em relação a escolha dos conteúdos escolares, Circe Bittencourt expõe que deve-se levar em consideração o acréscimo da produção historiográfica nos últimos tempos e os novos objetos de estudo incluídos nessa produção. Nessa perspectiva, a autora esboça a necessidade de instituir vínculos entre produção historiográfica e ensino de História, porém com um certo acompanhamento, mesmo que parcial, dessa produção, decorrendo dessa necessidade de formação contínua dos professores, a qual, entre outras modalidades, deve manter cursos de atualização a fim de atender a esses objetivos.
Posteriormente, a autora faz considerações sobre as tendências historiográficas, sendo essas tendências um critério fundamental para uma aprendizagem efetiva e coerente. Inicialmente, a autora traz a história como narrativa de fatos passados. Desse modo, a definição de história está ligada a conhecer o passado dos homens, em cabe aos historiadores recolher fatos importantes, organizá-los cronologicamente e narrá-los.
Essa tendência historiográfica constituiu-se no século XIX e está relacionada ao historiador prussiano Leopold von Ranke (1795-1886), que exerceu um papel importante na configuração dos aportes teóricos que possibilitaram fornecer um caráter científico a história. Os fundamentos de Ranke baseavam-se no pressuposto da singularidade dos acontecimentos históricos. Cada fato histórico é único e sem possibilidade de repetição, devendo a reconstrução de um passado ter como base a objetividade, para ser “história verdadeira”. Os historiadores impedidos de emitir qualquer juízo de valor, mantendo-se sempre em uma atitude “imparcial” e neutra diante dos fatos, têm como objetivo “mostrar o que realmente aconteceu” e como método a busca e a verificação de documentos fidedignos em arquivos, cujas análises devem eliminar uma apreciação subjetiva. (BITTENCOURT, 2008, pg. 140)
Por conta das características de neutralidade e objetividade no trabalho do historiador, essa metodologia foi instigada pelo positivismo. De acordo com Bittencourt:
Os seguidores dessa corrente teórica dedicaram-se ao estudo da individualidade irreprodutível e única dos atos humanos, destacando figuras das elites e suas biografias, sejam personalidades, sejam Estados. O Estado ou os chefes políticos e militares, cabe lembrar, eram o motor das transformações e do progresso da história, considerando que o século XIX foi o momento da criação e consolidação dos Estados Nacionais e da elaboração das “histórias nacionais”, de caráter político e militar (BITTENCOURT, 2008, pg. 141).
...