O Ensino de História e Música - Analise da musica Aos Fuzilados da CSN

UNEB – Universidade do Estado da Bahia, campus II
Departamento de Educação - DEDC
Licenciatura em História
Componente: Laboratório de Ensino de História VII: História e Música
Docente: Eliane Brito
Discente: Andemberg Nonato

Analise da Música / Ficha catalográfica

Título: Aos fuzilados da C.S.N.

Compositores: Mao/Ciro/Darwin

Intérprete: Mao

Banda: Garotos Podres

LP: Canções para Ninar

Ano: 1993

Gravadora: Radical Records

Relação com a história: Fim da Ditadura Civil-Militar no Brasil, processo de redemocratização e as “diretas já”, ascenso do movimento operário dos anos 1980 e o novo sindicalismo.

Aos Fuzilados Da C.S.N.
Garotos Podres

Aos que habitam
Cortiços e favelas
e mesmo que acordados
pelas sirenes das fábricas
não deixam de sonhar
de ter esperanças
pois o futuro
vos pertence
Pois o futuro vos pertence! (coro)
Pois o futuro vos pertence! (coro)
Aos que carregam rosas
Sem temer machucar as mãos
pois seu sangue não é azul
nem verde do Dólar

mas vermelho
da fúria amordaçada
de um grito de liberdade
preso na garganta
Fuzilados da CSN
assassinados no campo
torturados no DEOPS
espancados na greve
A cada passo desta marcha
Camponeses e operários
tombam homens fuzilados
Mas por mais rosas que os poderosos matem
nunca conseguirão deter
a Primavera!
Pois o futuro vos pertence! (coro)
Pois o futuro vos pertence! (coro)

Introdução

        Análise desenvolvida com intuito de discutir a música com ferramenta de aprendizagem no ensino de História. A música punk Aos Fuzilados da C.S.N. pode ser uma ferramenta para discutir acerca do Brasil pós a ditadura militar, o conceito de classe social, Estado e capitalismo.

        Objetivo é apresentar a possibilidades da utilização da musica em sala de aula, trazendo as questões históricas, o contexto no qual foi produzida a música e a possibilidade de discutir a história do punk nos anos 80 no Brasil a conjuntura politica e econômica do período.

Análise

A música Aos Fuzilados da C.S.N. da banda punk Oi! paulista Garotos Podres, expressa solidariedade aos três jovens operários mortos em uma greve na empresa estatal C.S.N.(Companhia Siderúrgica Nacional), em 9 de novembro de 1988. A letra remete ao contexto, mas o sentido da música tem um caráter mais abrangente acerca das lutas dos operários, camponeses, as resistências contra as repressões do Estado e as esperanças dos trabalhadores. A caracterização da canção é nítida em relação à situação da classe trabalhadora, tanto urbana como rural, o sujeito na entre linhas em uma classe social que sofre repressão por parte do Estado em detrimento da ordem capitalista, pensando em um contexto histórico pós a ditadura civil-militar.

         O contexto histórico da qual a música se refere em homenagem aos jovens operários, foi sobre o acontecimento da greve na C.S.N. que ocorreu no dia 7 de novembro de 1988, o Brasil tinha como Presidente José Sarney (PMDB). Os trabalhadores lutavam pela implantação do turno de 6 horas, reposição de salários usurpados por planos econômicos e reintegração dos demitidos por atuação sindical. A greve envolveu a comunidade de Volta Redonda-RJ. No dia 9 de novembro, soldados do Exército de vários quartéis do estado e do Batalhão de Choques da Polícia Militar do Rio de Janeiro dispersaram uma manifestação em frente ao escritório central da companhia e invadiram a usina. Mesmo após os assassinatos e prisões a greve continuou até o dia 23 de novembro. Os trabalhadores conquistaram todas as suas reivindicações. No dia 1º de maio do ano seguinte, com a presença do então presidente nacional da CUT, Jair Meneguelli, foi erguido na Praça Juarez Antunes, memorial em homenagem aos três operários.

        A letra da música e sentido da qual é atribuída se baseando no fato histórico tratado, podemos refletir acerca do contexto histórico. O Brasil dos anos 1980, país passando por uma crise econômica, com inflação incontrolável, instabilidade politica, grandes manifestações pela “Diretas Já”, processo de redemocratização, ascensão do movimento operário no ABC paulista, surgimento do “novo sindicalismo” e crescimento das greves. Tais elementos históricos apresentado podem ser discutidos em sala de aula a luz da reflexão da letra da música, compreendendo os resquícios do regime militar em relação aos órgãos de repressão do Estado e ligado a essa questão, problematizar o capitalismo nesse período e os interesses das classes sociais. Percebendo os mecanismos de organização da classe trabalhadora, diferenciando o sindicalismo patronal/pelego pelo o “novo sindicalismo” com suas características de independência de classe.