O Madeiro Um Rito de Passagem
Por: José Figueiredo • 15/12/2020 • Artigo • 589 Palavras (3 Páginas) • 231 Visualizações
Madeiro – Um rito de passagem
O texto que aqui vou deixar é um pequeno excerto de um estudo, que elaborei há pouco tempo, no âmbito de um trabalho de Antropologia das Religiões. Escolhi o tema por várias razões.
Primeiro, porque não tenho ideia, pelo menos na nossa região, que se tivesse aprofundado as origens deste rito ancestral, que é o Madeiro e que continua a ser uma tradição bem viva na nossa comunidade.
Sendo certo, que por razões de ordem de prevenção sanitária este ano não se realiza, fica pelo menos aqui, um pequeno contributo para que não nos esqueçamos da sua importância espiritual nas nossas populações.
Por outro lado, é também uma forma de acreditarmos, que os ritos de passagem servem para que nos reinventemos. É um renascimento, neste devir que são as nossas vidas.
Que o Natal e o Ano Novo, como ritos de passagem, sirvam para que o próximo ano seja um ano de progresso, paz, prosperidade e solidariedade, sentimentos que estiveram no nosso imaginário, neste tempo de trevas e obscuridade, que foi o ano de 2020.
Deve-se a Arnold van Gennep o estudo do conceito de ritos de passagem. O autor, distingue entre os ritos de passagem: aquele que se refere à mudança do status social de indivíduo, ao longo da sua vida, e aquele que marca pontos determinados da passagem do tempo, como por exemplo, ano novo, lua nova, solecístico e equinócio.
O rito que de iremos falar, insere-se nestes dois tipos. Se, por um lado, marca a passagem para a idade adulta de um individuo, por outro lado, marca a entrada no solstício de inverno. Embora na sociedade atual muitos dos ritos de passagem tenham perdido importância, alguns mantêm-se, fazendo parte do nosso imaginário e a sua origem perde-se na memória dos tempos.
Em muitas regiões, do nosso país, por altura do Natal e do Carnaval, continuam vivos diversos ritos de passagem. É o caso da Festa dos Rapazes na Região da Trás-os-Montes, que se realiza no ciclo natalício e no ciclo carnavalesco.
Por todo o país, mas particularmente nas Beiras, existe ainda hoje a tradição de os mancebos se juntarem para cortarem grandes troncos de árvores, que transportam para adro da Igreja das suas localidades. Na véspera de Natal, ascendem os troncos e, após a consoada, a comunidade celebra o nascimento de Jesus Menino.
O corte do Madeiro é um rito de passagem, em que os rapazes celebram a passagem para a idade adulta. Esta celebração tem também outro significado. Marca a entrada do solstício de Inverno.
Se alguns autores buscam a celebração do solstício noutras culturas anteriores à civilização romana, dos estudos que consultámos, podemos dizer que esta celebração é, pelo menos, realizada desde a romanização peninsular.
Para Moisés Espírito Santo, “Os Evangelhos não dizem nada quando à data de nascimento de Jesus enquanto é absolutamente seguro que 25 de dezembro veio do culto do sol e em particular de Mitra, Sol Invictus” De acordo com o mesmo autor, o ritual foi absorvido sabiamente pelo cristianismo e permanece até aos nossos dias, para celebrar o nascimento do Messias.
É, como era no passado, celebrado com o acendimento de fogueiras, chamados de Madeiros, como acontece em muitas localidades do nosso país, nomeadamente das Beiras.
Em resumo, podermos dizer que estes dois eventos rituais, são ritos
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