O Nascimento do Intelectual - O Intelectual da Idade Média
Por: Igor Felipe • 22/4/2019 • Resenha • 483 Palavras (2 Páginas) • 282 Visualizações
Quem é o intelectual da Idade Média?
No início, eram as cidades. E foi com elas, segundo Jacques Le Goff (em seu ensaio Os Intelectuais na Idade Média, de 1957), que vieram os intelectuais. Eles surgiram como homens de ofício como quaisquer outros; como os artesãos, os carpinteiros e pintores. E qual era seu ofício? Pensar. Pensar e ensinar o pensamento.
As noções do que possa ser um intelectual são discutidas há tempos e em várias épocas e a partir de várias perspectivas. É importante aqui frisar que nos dedicamos a estudar sobre tal tema com os olhos voltados para a Idade Média. Como eram, como pensavam, qual a consciência que tinham dos ambientes que os cercavam e também de si, como era sua relação com o dinheiro... Estas e mais algumas questões valem a reflexão, haja vista que estamos em clara tentativa de traçar um perfil dos homens do saber da época. Como já se pôde notar, teremos como base principal as investigações de Le Goff, cuja obra sobre o tema merece a atenção aqui a ela dedicada, pois, pelo o que se tem conhecimento, é possível afirmar que muito serviu como referência para vários historiadores que enveredaram pelas análises da produção teológico-filosófica ou, sem anacronismos, científica durante o período medieval (por mais que Le Goff até seja criticado por tratar sobre o tema com suposto anacronismo).
Como é bem sabido, o século XII foi, na Europa, marcado por um grande desenvolvimento urbano. Desenvolvimento este, que causou intenso impacto social, econômico, cultural, religioso e político no continente. As cidades surgiram, a divisão do trabalho se tornou mais clara, a produção de diversos bens aumentou significativamente, e a demanda por diversas coisas – úteis e inúteis -, também. Houve o surgimento de uma nova classe social, a burguesia, que desde seu surgimento, abala todas as estruturas de todas as sociedades em que sua presença seja comprovada. Porém, o século XII também vê o nascimento de outro grupo de pessoas: os intelectuais, os homens dedicados ao pensamento.
No início de seu ensaio – como assim define sua obra -, Le Goff se dedica a encontrar traços do intelectual nascente. E vai além: também reflete sobre seu entorno e sobre seus dilemas. O intelectual da Idade Média é alguém de função muito clara: pensar e ensinar o pensamento. Onde? Nas universidades. O autor também dedica esforço na compreensão do surgimento destas instituições, desta institucionalização do ensino, e de como a Igreja Católica foi influente nisto, bem como busca compreender os conflitos ocasionados pela busca da autonomia que os letrados da época empreenderam.
Como resposta a estas e outras perguntas sobre o intelectual de tal tempo, temos a conclusão de que o intelectual da Idade Média era alguém que pensava, ensinava seu pensamento, refletia sobre sua condição e função, e que era engajado em ser independente e reconhecido, bem como reivindicava que o fruto do seu trabalho fosse reconhecido como produto.
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