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O Populismo na América latina

Por:   •  1/2/2017  •  Resenha  •  995 Palavras (4 Páginas)  •  1.428 Visualizações

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O POPULISMO NA AMÉRICA LATINA

Maria Lígia Prado

O populismo na América latina é um tema que vem sendo bastante estudado, principalmente por sociólogos e cientistas políticos, antes de iniciar o assunto mais profundamente a autora cita no livro alguns exemplos de populismo que aconteceram na Rússia e nos Estados Unidos da América, poréem a autora fala que quando aceitamos o conceito de populismo para situações históricas, temos, na verdade, que concordar com Ernest Laclau que busca um traço comum a todos os movimentos populistas para, a partir daí, elaborar um conceito. Laclau encontra o traço comum a todos os fenômenos populistas, afirmando que  "o populismo surge historicamente ligado a uma crise do discurso ideológico dominante que é, por sua vez, parte de uma crise social mais geral".  Nossa concepção da história, entretanto, nos leva numa outra direção: a produção e a validade dos conceitos não podem prescendir das configurações históricas específicas e determinadas - entre outros termos - os conceitos teóricos, como "abstrações reais" são historicamente determinados. Acontece que na América Latina o populismo ocorreu em situações diferentes.

 A autora cita alguns exemplos de governos populistas que orreram aqui na América Latina, como por exemplo: Getúlio Vargas (1930-1945/ 1951-1954) e o de João Goulart (1961-1964) no Brasil, o de Juan Domingo Perón (1946-1955) na Argentina, o de Lázaro Cárdenas (1934-1940) no México, o de Victor Paz Estensoro (1952-1956/ 1960-1964) e Hernán Siles Zuazo (1956-1960) na Bolívia, entre outros. Para analisar o populismo é necessário que saibamos que eles procuram estabelecer características muito comuns entre todos eles. Todos eles partem do pressuposto de que o populismo ocorre numa situação de "transição", isto é, na passagem da assim chamada sociedade tradicional- agrária, pré-capitalista, atrasada - para a sociedade moderna- capitalista, urbana e industrial. As raízes do populismo, segundo a autora, estão na assincronia entre os processos de transição de uma distinção de uma sociedade para a outra. Germani faz uma distinção muito clara entre o processo histórico europeu e o latino-americano, distinguindo as especifidades próprias uma condição "periférica" da América Latina. Entende que o populismo é um movimento político que conta com o apoiodas massas populares urbanas e rurais e de outros grupos sociais - camadas médias e setores da burguesia- que se apóiam numa ideologia anti-status. Resumindo, tanto Di Tella quanto Germani elaboraram modelos genéricos e tipológicos para efetuar a compreensão do populismo latino-americano.

Esse livro específico visa analisar o populismo de forma mais parecida com a perspectiva teórica de Francisco Weffort, que propõe um estudo de situações concretas, específicas, para se chegar a compreensão do populismo em suas diversas vertentes latino-americanas. Para Weffort, o populismo se apresenta como a expressão da emergência das classes populares no cenário político. Essa emergência se torna possível no momento de crise aguda do sistema liberal-oligárquico que explode com a crise de 1929, e propicia uma ruptura da hegemonia política oligárquica. Este livro consiste em analisar as experiências do populismo no México e Argentina, e compreender o significado desses fenômenos, a partir do exame do processo histórico desses países.

 O primeiro país a ser analisado é o México, que era governado por Lázaro Cárdenas 1934-1940), e a autora ressalta que antes de falar sobre o populismo cardenista  é necessário conhecer o processo histórico mexicano a partir da Revolução Mexicana de 1910 a 1920. Então ela faz uma breve analise sobre o que ocorreu de importante nesse processo, como por exemplo a revolução camponesa de 1910, que assumiu grandes proporções e postulou modificações notáveis para a sociedade. Durante 10 anos, lutas sangrentas mataram por volta de 1 milhão de pessoas e deixaram para as gerações seguintes uma marca indelével. Nas lutas políticas que se travaram, os camponeses foram os perdedores e da batalha e seus líderes, depois de vencidos política e militarmente, foram assassinados. A crise de 1929 repercutiu no México assim como em toda a América Latina, ela acarretou um fenômeno na indústria  conhecido como "processo de substituição de importações". A crise econômica afetou como é evidente, a situação dos operários e camponeses e teve como consequência: salários mais baixos, alimentos de primeira necessidade mais caros e, principalmente, desemprego. exatamente o que ocorreu no Brasil e em outros países. Também no fim  dos anos 20, a maior parte das organizações camponesas estava extinta em quase todo o país.  Um instrumento importante para a consolidação institucional da Revolução foi a criação, em 1929 do Partido Nacional Revolucionário (PRN), que se transformou catalisador das reivindicações políticas e único instrumentos legal de atuação política. Cárdenas, como candidato do PRN, assumiu como plataforma de seu governo o "plano sexenal", que havia sido elaborado por uma equipe organizada pelo partido, em 1933. A crise de 29, aprofundando as dificuldades econômicas mexicanas, abriu a possibilidade da existência de um governo mais realista, mais coerente e mesmo mais radical nas decisões, em virtude da problemática situação a ser enfrentada. O México começou a superar a crise em 1933 e Cárdenas, a partir de 1934, tomou medidas econômicas e sociais que visavam, concomitantemente, á superação da crise e o crescimento das forças produtivas capitalistas. A década de 30, todavia, enfrentou mudanças econômicas importantes: a indústria despontava como setor cada vez mais dinâmico. O estado cardenista aparecia como fator atuante nessa mudança, estimulando o desnvolvimento capitalista no México, ao mesmo tempo em que procurava responder as aspirações operárias de maneiras direta e incesiva.

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