Os Índios na História do Brasil
Por: Suellen Souza • 5/11/2020 • Exam • 1.349 Palavras (6 Páginas) • 158 Visualizações
Questão objetiva da aula 4 sobre o texto: ALMEIDA, Maria Regina Celestina de. Os índios na História
do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2010. Capítulos 1 e 2.
Por Suelen Souza
“Os povos indígenas tiveram participação essencial nos processos de conquista e colonização em todas as regiões da América” (ALMEIDA, 2010).
Até 1980 perdurava a visão clássica de como havia ocorrido o primeiro contato entre indígenas e europeus. Por muito tempo se negou a grande importância da participação dos indígenas no processo de colonização, além disso, esses povos que aqui viviam foram durante anos e infelizmente ainda são apresentados como passivos, aculturados e assimilados. Esse pensamento durante muitos anos tirou dos povos indígenas seu papel como um agente histórico e os colocou apenas como uma das partes envolvidas no processo de colonização.
Nesse sentido, a visão que se tinha da forma de vida desses “povos primitivos” eram a de que esses possuíam uma cultura e relações culturais, assim como uma identidade étnica única e imutável que foi destruída com a chegada dos europeus. Isso os transformava em um povo esquecido e sem história. Sendo assim, por muito tempo houve um pensamento de que se tratava de uma sociedade em que havia um dominador e um submisso, uma cultura era superior a outra e extinguia a mesma.
Sem dúvida foi com a Constituição de 1988 que esses povos começam a ganhar mesmo que pequena, uma atenção na sociedade, eles passam a ser amparados por uma lei que resguarda o direito de ser diferente, todavia é importante pensar que esse processo se deu pelos movimentos sociais e indígenas que começaram a surgir no século XX, e ademais ocorreu algo que muitos não acreditavam que pudesse acontecer, os índios nos anos de 1980, davam sinais de que não iriam desaparecer.
Esses povos começaram a multiplicar-se e aos poucos os historiadores começam a ter interesse em entender todo o processo vivenciado por aquele povo. O chamado processo de aculturação transforma-se na medida em que se entende que na relação entre as duas culturas não ocorreram à extinção de uma delas, mas sim o fortalecimento. Assim sendo, se o que as teorias do século XIX e até mesmo do século XX diziam que esses povos iriam desaparecer é necessário pensar naquilo que foi usado como instrumento de análise.
Outro fator que levou a revisão de como se deu a relação entre colonizado e colonizador foi que cada vez na década de 80 começou-se a ter um dialogo entre história e antropologia e assim a cultura, por exemplo, deixa de ser vista como imutável o que possibilita o pensamento de que a relação entre colonizado e colonizador se da em uma troca de culturas.
A autora aponta em seu texto a contribuição dada por grandes estudiosos entre eles E.P. Thompsom que a mesma diz ter tido papel importante para se pensar na historicidade da cultura, a pensando como um produto histórico que se transforma. A mesma apresenta ainda a fala do antropólogo Sidney Mintz que analisa que o sistema cultural é variável no que se refere as intenções, consequências e atos escolhidos pelos indivíduos, assim como declara que pessoas situadas em posições socialmente diferentes podem agir da mesma forma, entretanto essas não geram para ambos as mesmas consequências.
Almeida apresenta ainda que desde 1970 que vem se problematizando o conceito de aculturação e o que começa a acontecer é uma troca desse termo para um processo de apropriação e de ressignificação cultural, como dito anteriormente esse fator deriva de não se pensar mais a cultura como imutável dentro de um grupo ou povo. Ela ainda aponta o estudo de Steve Stern que nomeou de resistência adaptativa o processo que os indígenas utilizaram para sobreviver e garantirem melhores condições de vida, entre essas a colaboração com os europeus, integrar-se a colonização, aprender novas práticas culturais e politicas e de certa forma a fizeram para obter possíveis vantagens no meio que passaram a viver.
Esse pensamento de forma alguma retira a realidade de que esse povo passou por muita violência no processo de conquista e colonização, tanto que a mortalidade foi altíssima, entretanto o que a autora chama a atenção é que esses povos não foram de forma alguma passivos, puramente assimilados e aculturados. “Como lembrou Jonathan Hill, os grupos sociais humanos, mesmo reduzidos à escravidão e às piores condições, são capazes de reconstruir significados, culturas, histórias e identidades” (ALMEIDA, 2010).
Para pensar nas questões de identidade étnica Maria Regina elenca os pensamentos de Max Weber que nos anos de 1920, alertava para o papel da ação política comum como elemento que gera esse sentimento de comunhão étnica. Assim como, utiliza do pensamento de Frederick Barth, no fim dos anos 1960, que muito havia sido influenciado por Weber e que enfatizou que as distinções étnicas não dependem de ausência de interação social, muito menos são destruídas por processos de mudança e aculturação. O autor chama valoriza ainda a importância da ação politica, assim como o caráter organizacional e o sentimento subjetivo de pertencimento ao grupo.
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