Resenha do texto "“Totem e consumo: um estudo antropológico de anúncios publicitários” de Everardo Rocha
Por: Rayane Anchieta • 22/2/2021 • Resenha • 902 Palavras (4 Páginas) • 308 Visualizações
Universidade Federal Fluminense
Publicidade e Propaganda , Antropologia I
2019.1
Rayane dos Santos Anchieta
Resenha do texto "“Totem e consumo: um estudo antropológico de anúncios
publicitários” de Everardo Rocha
Publicado em 2000, o artigo “Totem e consumo: um estudo antropológico de anúncios
publicitários” de Everardo Rocha, apresenta algumas ideias sobre as relações entre cultura e
consumo, tema que, de acordo com o autor, foi ignorado por muito tempo pelas ciências
sociais, principalmente por causa do fascínio pela produção e não também sobre como a
cultura interfere no processo de consumo dessa tal produção. A ideia primeiramente discutida
está relacionada ao processo de significação dos produtos, dizendo este está sempre atrelado a
um valor social que remete à necessidade de consumo. Ou seja, os motivos que governam
nossas escolhas entre lojas, marcas, estilos e gostos são relações sociais que se referem à
identidades e grupos, produtos e serviços. O autor destaca ainda que o processo de trocar, de
atrelar, significados dos produtos propicia a criação de uma identificação desses produtos na
sociedade. Isto é, estando em sociedade, as pessoas estão o tempo criando significados para
as coisas, porque uma produção por si só não consegue criar sentido o suficiente para que
seja consumida. Esse processo de significação traz a necessidade de construção de um código
capaz de ser interpretado pela sociedade a qual é direcionada aquela produção e que é
vinculado através dos meios de comunicação de massa.
O autor então enfatiza o importante papel do marketing e da publicidade, para tornar possível
esse processo de significação, trazendo valor ao produto e consequentemente tornando-o
objeto de consumo.
“Esta é a função dominante que a comunicação de massa exerce entre nós: ser um projeto de
integração cultural pelo exercício de uma vocação classificatória cuja tarefa é explicar a
produção e, assim, socializar para o consumo. [...] É o sistema da mídia que humaniza a
produção, dilui as fronteiras e libera o encontro entre esferas opostas, fechando o ciclo da
produção e do consumo.”
Neste trecho o autor destaca novamente o papel do marketing na relação entre a cultura e o
consumo, e em como ele é fundamental para a construção de uma identidade cultural que
direciona as necessidades de consumo de uma sociedade. Nessa parte as ideias de Everaldo
Rocha podem ser equiparadas com as presentes no texto de Stuart Hall “A identidade cultural
na pós modernidade” em que é dito que estão surgindo novas identidades que fragmentam o
indivíduo moderno antes visto como um sujeito unificado. Hall diz que “quanto mais a vida
social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens
internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente
interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas —desalojadas —de tempos,
lugares, histórias e tradições específicas.” E isso se relaciona com a significação dos produtos
no sentido que se o mundo é regido pela globalização e esta é atrelada ao marketing, logo, as
mídias, o marketing e suas vertente não só constroem a identidade cultural como um todo,
mas a renova.
Posteriormente o autor exemplifica sua teoria por meio de sua própria vivência. Ele conta que
em uma viagem com amigos à Cochabamba na Bolívia, o grupo foi até uma feira nativa e
havia diversas coisas da cultura local para serem consumidas, mas que nem ele nem os
amigos gastaram sequer um centavo, porque para eles tudo era muito estranho, muito
diferente, e sem significado. Segundo Rocha,
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