TRABALHO DE METODOLOGIA PRATICA DE ENSINO ANALISE FILME SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS
Por: ze_correa • 5/10/2021 • Trabalho acadêmico • 2.728 Palavras (11 Páginas) • 172 Visualizações
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Analise do filme Sociedade dos Poetas Mortos
Aluno: José Osvaldo Henrique Corrêa
06/2008
LDNA
Relação: escola e organização do espaço escolar:
A observação do filme hollywoodiano Sociedade dos Poetas Mortos (1989) nos permite acarear as representações com as concepções de tempo e espaço da Modernidade e da Pós-modernidade, o que nos auxilia para que questionemos os tempos e espaços escolares da escola atual. O filme como meio de representação, constrói e exibe seus quadros de realidade por meio de códigos, mitos, convenções, ideologias de uma cultura. Através do processo de significação construímos nossa posição de sujeito social e nossa identidade cultural.
A análise das representações de espaço escolares que são apresentadas no filme Sociedade dos Poetas Mortos estão repletas do “peso” de valores culturais tradicionais caros à Modernidade.
O espaço é uma categoria básica dos os sistemas de representação, e todo meio de significação, por sua vez, deve traduzir seu objeto em dimensões espaciais. Todas as identidades, estão localizadas no tempo e no espaço simbólicos, e possuem suas ‘’geografias imaginárias”, suas paisagens características, seu senso de lugar, bem como localizações no tempo, nas tradições inventadas que ligam passado e presente. Logo, os significados produzidos em relação à instituição Escola e aos sujeitos que a habitam ganham expressão: o/a professor/a, o/a aluno/a, a educação, o ensino, as pedagogias.
As cenas da arquitetura do prédio, suntuoso, imponente, se destacam, pois o prédio aparece entre campos verdes, sem nada que o cerque além da natureza, um grande lago, que se integra na composição de um ambiente tranqüilo, afastado do movimento da cidade, faz-nos pensar em condições que impedem qualquer possibilidade de dispersão do objetivo maior que é a concentração de esforços para um desempenho excelente a que se aplicam não só os alunos, como também os professores que vivem, como seus alunos, na Escola. Assim, os espaços ocupados por alunos e professores restringem-se, na maioria das cenas, ao espaço escolar. Porém, há um mundo paralelo acontecendo na cidade, que pode ser observado em cenas que mostram o deslocamento de um aluno, de carro, para fora dos limites da escola para visitar amigos de seus pais ou, ainda, quando se utiliza de uma bicicleta para aproximar-se de uma outra realidade - representada pelo movimento de jovens de um time de baseball, o barulho e a coreografia de uma torcida feminina organizada pelos corredores de uma outra escola onde jovens do sexo feminino e do sexo masculino compartilham de aulas conjuntas, e também numa festa onde há bebida, jogo, dança.
A escola e sua formação do espaço arquitetônico na sua forma tradicional, busca disciplinar tanto o corpo, quanto a posteriori, como nos mostrou Foucault, a disciplinarização toma como “cavalo de batalha” aplicar-se a nível mental. A disposição espacial da escola, organização das cadeiras, distribuição dos alunos em salas fechadas por idade, vem antecipar, a futura distribuição empregatícia fabril.
Relação professor –alunos-conhecimento
A partir da tipologia pedagógica utilizada no filme, que é moderna, porém tradicionalista, podemos observar diferenças em relação às escolas da Idade Média, como por exemplo a passagem de uma comunidade de mestres e de alunos (comum na Idade Média) a um sistema de autoridade dos mestres sobre os alunos. Aparecem vários exemplos disso, durante o filme, por exemplo, no momento em que os alunos vão fazer as refeições: o espaço é delimitado, separando alunos e professores. Os professores ocupam um espaço físico privilegiado, como um espaço de maior poder, onde a autoridade se impõe sobre os alunos. Nessa concepção de educação é o professor que determina tanto o que o aluno deve saber como o que deve pensar.
Há ainda outros códigos sendo utilizados para comunicar essas idéias. Podemos lembrar, por exemplo, da posição dos alunos na sala de aula, da disposição dos acentos (modelo onde primeiro se conhece a nuca do companheiro, distribuição que não favorece o debate), da composição do ambiente. Observamos a utilização de um regime disciplinar desde a entrada dos alunos no internato, na utilização da biblioteca, nos dormitórios, no refeitório; espaços e tempos segmentados e marcados por horários e ritmos próprios, necessários ao bom desenvolvimento dos princípios do colégio que, além daqueles destacados tradição, excelência, honra e disciplina, institui um tipo de saber, próprio das pedagogias tradicionais. Aulas segmentadas, os espaços definidos para a prática de esportes, da higiene, do estudar e do ensinar. Tanto as atividades dos alunos, como o espaço disponível, são controlados em horários e espaços determinados (dormir-quartos, rezar-capela, comer-refeitório, ler-biblioteca, higiene-banheiros, etc.). O relógio da capela, a sineta, podem ser tomados como marcadores que nos trazem a lembrança de rigidez, hora definida, tradição.
Relação professores-alunos
Os professores adotam uma pedagogia tradicional, onde o exame tem um papel central, aspecto este analisado por Foucault que, considerava a preocupação com a regulação, a vigilância e o governo da espécie humana como características do poder disciplinar, ou seja, que “o objetivo deste poder consistia em manter sob um tipo de controle as vidas, o trabalho, as infelicidades, e os prazeres dos indivíduos teria como finalidade a produção de um ser humano dócil”. Os locais onde este tipo de poder aparece são as instituições que se desenvolveram ao longo do séc. XIX e que policiam e disciplinam as populações modernas, entre elas a escola.
Tal prática ainda é recorrente nas instituições de ensino, onde muitas vezes a carga demasiada de conteúdo traz à tona uma numerosa quantia de atividades, em detrimento da qualidade a que serão submetidas posteriormente a um debate que não trará resultados significativos. Ora, ele é muito mais significativo quando os parâmetros são o desenvolvimento e a exploração profunda do conteúdo, e não somente tê-los como mais um texto na orgulhosa estatística da intelectualidade.
Segundo Foucault o exame está no centro dos processos que constituem o indivíduo como efeito e objeto de poder e de saber. É ele que, combinando vigilância hierárquica e sanção normalizadora, realiza as grandes funções disciplinares de repartição e classificação, de extração máxima das forças e do tempo, de composição das aptidões.
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