A ARTE POLÍTICA NO MOVIMENTO MANGUEBEAT
Por: Keka Pereira • 20/6/2018 • Resenha • 1.846 Palavras (8 Páginas) • 361 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
DEPARTAMENTO DE MUSEOLOGIA
A ARTE POLÍTICA NO MOVIMENTO MANGUEBEAT
ÉRICA CRISTINA PEREIRA DE SOUZA
Artigo apresentado como parte da avaliação final da disciplina Teorias da Arte, orientado pela Professora Neila Maciel
Laranjeiras/SE
2017
A ARTE POLÍTICA NO MOVIMENTO MANGUEBEAT
RESUMO:
O artigo trata do movimento manguebeat, o qual teve como seu maior expoente o cantor Chico Science e a banda Nação Zumbi. Traz também a importância deste como ato político à época, onde o cenário cultural estava deprimido e inerte e a taxa de miserabilidade estava em alta, com intuito de modificar esta cena, o movimento manguebeat vai fazer uma mistura de ritmos e etnias para compor a cena mangue, que tem como objetivo engrandecer o cenário cultural do estado de Pernambuco.
Palavras-chave: Manguebeat; Identidade cultural; Política; Arte.
OBJECT:
The article deals with the manguebeat movement, which had as its greatest exponent the singer Chico Science and the band Nação Zumbi. It also brings the importance of this as a political act to the time, where the cultural scene was depressed and inert and the rate of miserability was high, in order to modify this scene, the manguebeat movement will do a mixture of rhythms and ethnics to compose the scene mangue, whose objective is to enhance the state's cultural scene.
Keywords: Manguebeat; Cultural identity; Politics; Art.
1 INTRODUÇÃO
O artigo trata sobre o movimento manguebeat, o qual fez uma mudança revolucionária na cidade de Recife, tanto influenciando os governantes,[a][b] quanto influenciando a sociedade que ali habitava, modificando a forma de viver daquelas pessoas.
Foi usado como embasamento teórico textos acadêmicos de diversas universidades e congressos. A ideia de escrever este foi por conta da inserção social à qual a autora estava inserida, além de se tratar de um tema de arte política.
A importância deste trabalho para a sociedade em geral é por conta da representatividade que a cena mangue trouxe para o país, mostrando a diversidade cultural existente em outros cantos do Brasil que não o eixo Rio – São Paulo, onde aconteciam as mais importantes ações culturais.
Já para a sociedade acadêmica, a importância leva em conta a veracidade do objeto e objetivo da própria cena mangue, qual seja mostrar que este foi um movimento artístico e político que mexeu com as estruturas governamentais e sociológicas da época.
2 CRISE CULTURAL E A REVOLUÇÃO DO MOVIMENTO MANGUEBEAT
[c][d]Eleita a 4ª pior cidade do mundo para se morar, no estado de Pernambuco, Recife sucumbia a um modo degradante. Devido a crise financeira, o único atrativo turístico que ela possuía era o cenário cultural, que naquele momento se encontrava deprimido, preste a perder a sua identidade por conta desta instabilidade.
Tendo como objetivo retirar a cidade de Recife do modo estático, um grupo de pessoas começaram se articular para “uma solução baseada na ideia de produção cultural própria, inédita, tendo como referências os ritmos e símbolos da cultura pernambucana sob a ótica da estética pós-modernista” (PICCHI, 2010, p.2).
A redenção cultural foi dada através da miscigenação sonora composta por vários ritmos musicais culturais locais como o maracatu, samba de roda, coco e os ritmos internacionais como o blues, jazz, hip-hop e o funk.
[e]
Com a música, eles [f]construíram uma nova identidade tornando assim possível a sua inclusão social, que vai “passando de objeto de crítica à sujeito de criação de uma nova linguagem” (TESSER, 2007, p.70), os integrantes passam a criar um novo contexto dentro do espaço social excludente onde conseguem manifestar as suas experiências de vida.
Como forma de manifestação cultural, a cena Mangue foi criada,[g] com a sua estrutura dando ênfase no coletivo e suas ideias apoiadas nas escrituras do sociólogo Josué de Castro, Chico Science e Nação Zumbi “surge com a premissa de misturar o lado musical com o lado social, a denúncia da desigualdade social na cidade de Recife, o ritmo caótico da maior metrópole do Nordeste e o desrespeito ao mangue (e a todo o ecossistema “antropo-biológico” que dele dependia)” (FRANCO, 2015, p.168).
[h]
Lançado em 1992, o manifesto Caranguejos com Cérebro, possuía esse título por tratar o mangue como terreno alagado onde se constroem barracos e palafitas, moradia dos excluídos e dos caranguejos, escrito por Fred 04, é dividido em três partes, onde a primeira fala sobre o “conceito mangue”, nos relatando sobre a beleza dos manguezais e da sua importância para o ecossistema, deixando em evidencia o símbolo de fertilidade, diversidade e riqueza que nela há. Na segunda parte, “Manguetown, a cidade”, já nos remete ao contexto histórico da cidade de Recife desde a expulsão dos holandeses, a destruição dos manguezais até à crise que estava ocorrendo na época. Na terceira e última parte, “Mangue, a cena”, o objetivo era criar um diálogo entre o mangue com a cultura pop capaz de conectar as boas vibrações.
O símbolo dessa comunicação se dá com o lema “uma antena parabólica enfiada na lama”, significando o mangue conectado com o mundo. De acordo com SOUZA e GOMES (2015, p.2), no que tange a comunicação, essa troca de informação a fim de criar um processo de entendimento é, na verdade, o ato de materializar pensamentos e sentimentos em signos conhecidos pelos participantes envolvidos no sistema.
Essa nova expressão cultural, que busca elementos “contemporâneos”, como a globalização, identidades culturais, intertextualidade, desconstrução, pluralismo, pode ser observada numa escala global de acontecimentos (PICCHI, 2010, p.3), dando notoriedade aos moradores das palafitas da cidade metropolitana do Recife e pressionando os governantes do Estado para que lhes dessem uma melhoria de vida, como a retirada das famílias que moravam nos manguezais e que se encontravam em situação humilhante, de extrema miséria, para que passassem a morar em residência comunitárias, onde eram ofertados serviços públicos de saúde e educação.
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