A Bahia Do Imaginário A Realidade
Por: Valtemir Batystah • 8/11/2018 • Ensaio • 495 Palavras (2 Páginas) • 170 Visualizações
A Bahia Do Imaginário A Realidade
“ gente da Bahia! preta, parda, roxa, morena, cor de bons jacarandás de engenho do Brasil (madeira que cupim não rói) sem caras cor de fiambre nem rostos cor de peru frio
sem borrões de manteiga francesa (cabelo ruivo de inglês e de alemão) Bahia ardendo de cores quentes, carnes mornas gostos picantes. “ (Gilberto Freyre,1990)
O trecho acima citado, explica claramente a visão que Freyre tinha sobre a Bahia, que aqui é configurada, como um lugar pacifico e isolado de todos os conflitos. Em contrapartida, a Bahia republicana está repleta de situações que, vão de encontro aos escritos de Gilberto Freyre que presume que essa Bahia é a “terra das concessões”, lugar onde as diferenças e semelhanças tem pontos comuns e são amenizadas.
Por outro lado, Heraclito na obra: Desafricazar as ruas: Elites letradas, mulheres pobres e cultura popular em salvador (1890-1937). Vai tratar justamente da configuração das ruas da capital baiana, em torno das necessidades da elite republica, ora, essa elite pretendia se estabelecer não apenas nos espaços privados, como no período colonial, mais fazer das ruas seu “habitat”. Com as reformas urbanísticas encabeçadas pelo então governador J.J Seabra, Salvador estaria acompanhando o progresso das outras capitais a exemplo do Rio de Janeiro, que promoveu uma série de reformas urbanas, por outro lado a população pobre e negra seria retirada das ruas de onde sobrevinha seu sustento, por simbolizar o atraso colonial (escravização), Heraclito chega a afirmar que:
“ A rua, portanto, constantemente desprestigiada por encarnar a metáfora de todos os vícios, transformou-se no lugar dos excluídos. Escravos de ganho, mendigos, prostitutas, ladrões e vagabundos “. (Pag. 239).
Como sabemos, com o findar da do processo de escravização a população negra recém liberta ainda não dispunha de mecanismo que favorecessem a sua sobrevivência, logo as ruas se tornaram o lugar de trabalho e subsistência. A insatisfação das elites baiana advinha da tentativa de modernizar a capital baiana, para embranquecer as ruas, afim de atrair novos investimentos. Para romper os problemas com a elite, a população negra precisava se articular de forma bem mais organizada. O que dificultou a organização política negra, foi a cooptação dos negros pelas relações interpessoais. Vale lembrar que, essas pessoas da rua, eram sobretudo mulheres que retiravam do comercio informal o sustento de seus filhos, a elite pretendia e domesticar a mulher negra para que o projeto de embranquecimento da cidade fosse vitorioso. Assim como no vídeo O Quebra Bondes que relata os conflitos existentes na Bahia, a mídia da época tinha fundamental importância, a exemplo do jornal à tarde, que representava a repressão as religiões afro-brasileiro e os costumes negros, mesmo com a liberdade de culto presente na constituição, essa mídia insuflava a perseguição política. Podemos dizer que a ideia de Bahia plena e pacifica, fora superada por uma Bahia que de fato tem problemas sócias e está tentando uma nova organização político e social.
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