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A Cidade Antiga

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Por:   •  23/2/2015  •  1.629 Palavras (7 Páginas)  •  264 Visualizações

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Trata o presente trabalho, de uma resenha descritiva, de forma concisa, da obra-prima do historiador Francês, Fustel de Coulanges, que retrata a história civil, contando a evolução social e política do mundo Grego e Romano, concentrada basicamente nas crenças religiosas, e, por conseguinte, no culto aos mortos.

A obra, dividida em cinco partes (livros) deixa patente que é na busca no passado, a explicação para presente: “o homem é o produto e o resumo de todas as suas épocas anteriores”, afirma. E segue, rematando que a maneira de se compreender uma sociedade, incluindo a que vivemos, é conhecer suas crenças e relações familiares a partir de suas leis e regulamentos, pois, segundo o autor, não são as regras que impõe os comportamentos, mas, pelo contrário, surgem como necessidade de especificar e organizar os costumes em um corpo unificado de leis. “Se as leis da associação humana já não são as mesmas das da antiguidade, o motivo está em que algo do próprio homem se transformou” conceitua.

A divisão da obra em frações, pelos próprios títulos situam o leitor: Crenças Antigas, o primeiro livro; O segundo, A Família; A Cidade, é o titulo do terceiro livro; As Revoluções, o quarto e encerra com o título Desaparece o Regime Municipal.

Na parte inicial da obra, são definidas as crenças, o modo de pensar e agir dos povos, na antiguidade. Ênfase singular à morte e à alma. Enquanto consideravam a primeira como uma mera mudança de estado, intuíam que a alma continuava a viver na terra perto dos vivos, e por isso, a importância dos túmulos e ritos fúnebres, já que continuariam a ‘viver’ debaixo da terra. Aliás, segundo o autor, essa é a origem da necessidade da sepultura aos mortos, pois a crença apregoava que o insepulto não tinha morada e por isso, não era feliz. Temia-se mais a privação do sepultamento digno quanto a própria morte.

Situações como a descrita, podem parecer inexplicáveis diante dos olhos do mundo contemporâneo. Porém, e Fustel, já no prefácio da obra, alerta para a necessidade de analisarmos a cultura da época, como fenômeno meramente histórico e cultural e que jamais pode ser usado como baliza para o mundo moderno, sendo indispensável despir-se de convencionalismos a respeito desses povos e estudá-los a luz dos fatos. Em outras palavras, é nos dada a tarefa de entender que somos apenas herdeiros culturais, e o legado Greco-Romano deve ser analisado como se fosse totalmente estranho ao mundo moderno.

Não obstante as demais contribuições, a obra literária de Fustel deixa explícito o profundo vínculo da religião com a sociedade, a família e o próprio governo. Exemplifica essa assertiva, a relação conexa e firme estabelecida desde os tempos mais antigos, entre a religião doméstica, a família e o direito de propriedade. Esta por sua vez, estava implícita na própria religião. Cada família tinha o seu lar e os seus antepassados. Esses “Deuses”(antepassados – adoração venerada ao homem da família que morria) podiam ser adorados pela família e só a ela protegiam, portanto era propriedade sua. Para corroborar essa conexão, o autor afirma que a terra pertencia aos mortos da família e aos que nela ainda iriam nascer. Desligar uma da outra é alterar o culto e ofender a religião. “não foram as leis, mas a religião, aquilo que primeiro garantiu o direito de propriedade” afirma Fustel. Em decorrência, somente o filho herdava a propriedade, não existia testamento. Havia exacerbada prerrogativa ao pátrio poder. Além disso, segundo o autor, a família não recebeu da cidade suas leis, mas sim, da religião. O direito privado teria existido antes mesmo da cidade. Ao legislador foi cominada a lei originada na família onde o esposo possuía o poder de senhor do lar, de rei, de magistrado.

Ainda para robustecer o liame entre religião e governo, o autor, fruto de sua pesquisa, destaca que a religião se envolvia no governo, na justiça e na guerra, resultando necessariamente que o sacerdote fosse ao mesmo tempo: magistrado, juiz e chefe militar. A lei, surgiu naturalmente como parte da religião, instituídas em paralelo ao culto que faziam, na prisca Era aos Deuses, e basicamente fundada naquela crença religiosa. Em resumo, havia uma mescla de ritos religiosos com legislações, que eram, ambos, rigidamente cumpridos, face a um misto de medo e respeito com os Deuses.

A Cidade-Estado surgiu como um resultado de uma organização familiar. Família, frátria (Comunidades Gentílicas – na qual um ajuda o outro na produção e na colheita), tribo, eram sociedades equivalentes, paralelas, e nascidas umas das outras, por uma série de federações. Bem no princípio, as cidades nada mais eram do que a reunião de chefes de família. As famílias independentes e sem parentesco, uniam-se e dividiriam o que inicialmente era apenas um lugar e depois virou um país-entre si, formando as sociedades predominantes. Assim, se dá a origem das cidades-estado, através da iniciativa dos gregos, que começaram a unir as cidades que cultivavam idênticos cultos e religiões.

Com a expansão das famílias, surge a necessidade de criar uma divindade superior ao absolutismo do pátrio-poder familiar, e que protegesse a frátria como um todo. O desenvolvimento das frátrias acabou gerando as tribos, e o culto aos deuses e heróis dessas tribos era irrestrito, acima dela, não havia poder social algum, relegando o lar apenas a um altar submetido a um deus maior. Com essa passagem se dá o estado de frátria para o estado de Cidade, advento de associação de tribos, resguardando seus ritos, segredos e identidades.

Embora pareça modesto no mundo contemporâneo, esse regime municipal, para a época, era algo extraordinário. Contudo, essa forma de organização das cidades-estado sempre estava ameaçado pela resistência interna de clientes e escravos, além da iminência de ataques de outras cidades. Logo, foi necessária uma federação de cidades que acolhesse as reivindicações políticas e jurídicas,

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