A Defesa do patrimônio cultural
Por: Digo Ferr • 7/8/2018 • Artigo • 722 Palavras (3 Páginas) • 201 Visualizações
Em defesa do patrimônio natural[pic 1]
Mauricio Adu Schwade,
economista e mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela UFAM, atua junto ás comunidades indígenas do povo Mura através do Conselho Indigenista Missionário (CHI).
E--moi!: mauadu@gmail.com
❑ Povo Mura luta para conservar seu território na foz do Rio Madeira, afluente do Rio Amazonas. Nessa região, os dois rios se desdobram em centenas de canais e lagos que servem de abrigo e local de reprodução para milhares de espécies de animais, estando entre os ecossistemas mais ricos em quantidade e diversidade do mundo.[pic 2][pic 3]
Legado e herança
As populações Mura habitam a região do Baixo Rio Madeira há centenas de anos e, ao longo de sua ocupação, enriqueceram o ambiente com espécies de uso direto, como são as castanheiras e ❑ babaçu. Porém, atualmente, esse fabuloso ecossistema vem sendo rapidamente destruido. Para ❑ Povo Mura não tem sido fácil assegurar o direito sobre seus territórios e suas formas próprias de relação, ocupação e uso do território. Apesar de a Constituição Brasileira de 1988 ter assegurado esse direito aos povos indígenas, ainda hoje grande parte da sociedade e agentes do Estado, conduzem suas ações pautadas em ideias desenvolvimentistas que se colocam em oposição à natureza e aos povos que criaram formas de convívio com ela.
Assim, a ideia de propriedade da terra é elemento central no processo atual de destruição do patrimônio natural e constituído pelas populações indígenas. No processo como ele tem ocorrido na Região Amazônica, para ter a propriedade da terra deve-se destruir o que for considerado natural. Tem privilégios para requerer a propriedade quem desmata ou explora o espaço com fins comerciais.
A resistência do Povo Mura
No caso dos Mura, eles resistiram por mais de dois séculos à invasão do espaço que ocupavam: o seu território. Esse espaço, condição e meio para sua vivência física e cultural, nunca tinha sido por eles visto e dividido em propriedade particular. No entanto, nas últimas décadas, a resistência Mura foi enfraquecendo, em parte porque muitos indígenas foram induzidos a adotarem a ideia de propriedade particular da terra. Isso criou profundos conflitos que fragmentou o povo, ao passo que invasores se avolumaram e, com maiores pode
res econômicos e políticos, foram se apropriando das áreas privilegiadas.
Os castanhais e babaçuais que se desenvolveram com a ação de seus antepassados, agora tombam para dar espaço ao gado. Os paraná.s, lagos e igapós, berçário de centenas de espécies de peixes e outros animais aquáticos, agora cedem lugar à criação de búfalos. ❑ Povo Mura aos poucos foi sendo submetido a situações análogas à escrava, nas fazendas.
Porém, a resistência Mura não está de todo vencida e, muitas pessoas, especialmente jovens, buscam se organizar, entender os problemas enfrentados por seu povo e buscar novas formas de luta, inclusive se apropriando de ferramentas da sociedade ocidental, como são as leis que asseguram direitos, em especial. a Constituição de 1988.
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