A Empresa brasileira e sua colonização
Por: j_vac • 14/11/2017 • Resenha • 1.243 Palavras (5 Páginas) • 145 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - Departamento de História
HIS 044 - História do Brasil I – 1o.S. 2017
Profa. Adriana Romeiro
João Victor de Ávila Chamon
PRADO JR., Caio. Caráter Inicial e Geral da Formação Econômica Brasileira. In: História Econômica do Brasil. 33 ed. São Paulo Brasiliense, 1986, p. 13-23
A empresa brasileira e sua colonização
A parte do capítulo da obra História Econômica do Brasil de Caio Prado Jr. aqui analisada, publicada pela primeira vez em 1945 e se configura como uma das mais célebres interpretações sobre a história econômica do Brasil por ser uma das primeiras interpretações sobre nosso país que foi realmente brasileira. Pois, na época em que foi escrita, grande parte dos escritos sobre a História do nosso país estava em língua estrangeira, não sendo possível considera-los parte de uma historiografia realmente brasileira. Logo, a obra de Caio Prado inaugura esse período de inovação intelectual e afirma-se como referência nos estudos sobre a formação do território brasileiro.
Caio Prado Jr. nasceu em 1907 e era pertencente a uma família de políticos paulistanos. Formou-se em direito no ano de 1928, publicando sua primeira obra em 1933, Evolução Política do Brasil. Atuou ao longo de sua vida como historiador, geógrafo, político e editor, Prado Jr, era de orientação marxista, o que torna-se evidente ao ler a obra. Esse fato é importante, pois define o modo como se deve entender a sua análise, buscando sempre a partir de um viés economicista, explicar as origens do país.
Ao longo de sua vida, alinhado as ideias comunistas, elegeu-se deputado duas vezes pelo Partido Comunista Brasileiro e, mesmo após o golpe de 1964 continuou lutando para publicar suas obras e contra o regime. Além disso, junto de Monteiro Lobato e Arthur Neves fundaram a Editora Brasiliense, que ainda hoje mantém os direitos de publicação dessa obra.
Na parte do capítulo analisado, Prado Jr. utiliza do argumento de que a expansão marítima dos países europeus no século XV se origina de simples empresas comerciais e que derivará do comercio continental europeu até o século XIV que era unicamente terrestre e limitado. Entretanto, com a mudança da rota marítima com a descoberta do estreito de Gibraltar essa dinâmica se alterará dando espaço aos países ibéricos, Inglaterra e Holanda. O autor ao longo do capítulo atribui o fato de que os países europeus lançaram-se ao atlântico não para colonizar e buscar novas terras, mas sim para encontrar um novo caminho para as índias e consequentemente fazer comércio com essas terras. Logo, o interesse quanto à colonização Americana era ínfimo, sendo esse território encontrado apenas uma barreira ao objetivo comercial europeu.
O autor atribuirá o pioneirismo português baseando-se em sua vantagem geográfica, sendo o primeiro país a encontrar uma nova rota às Índias e estabelecer feitorias comerciais no lado ocidental da costa africana. Prado Jr. dirá que todos os acontecimentos da chamada “era dos descobrimentos” será apenas um capítulo da história do comércio europeu, demonstrando assim, seu viés marxista em que as mudanças sociais e econômicas da Europa só mudaram por um desejo de renovação da economia. Portanto, a ideia de ocupar o nosso território não surge de imediato a nenhum desses países, muito menos a de povoar sendo apenas uma circunstância que devia ser contornada e realizou-se de modo imprevisto.
A ocupação portuguesa durante algum tempo não realizou-se por alguns motivos segundo o autor, a peste bubônica que atacou a europa alguns séculos antes – o contingente populacional não estava totalmente recuperado – e o fato de que o comércio com o oriente se fazia muito lucrativo. Entretanto, com a descoberta de ouro por parte dos espanhóis na América, o interesse português voltou-se a América. A ocupação aqui não poderia ser feita do mesmo modo que na África, pois pelo fato de que o território era muito primitivo era necessário que se criasse um povoamento que pudesse administrar a produção dos gêneros comerciais (pau-brasil inicialmente). Sendo assim, a ideia de povoamento só surgirá a partir daí.
Segundo Caio Prado, a colonização do continente americano foi singular em cada uma das suas partes, podendo ser divida em colonizações feitas nas áreas temperadas (América do Norte) e nas regiões de clima subtropical/tropical. Nas regiões de clima temperado, a povoação se dará por motivos políticos ao qual a Europa passava e também a Inglaterra (política de cercamentos). A ideia dos povoadores era construir um novo mundo, no qual não fossem perseguidos por suas opções políticas ou religiosas. O autor analisa que pelo fato da região possuir um clima parecido com o europeu, o modelo de sociedade implantado ali não variava muito com a sua origem e trazendo assim uma similaridade entre os povos europeus e norte-americanos. Demonstrando assim, como a preocupação geográfica, para Prado Jr. era importante para definir as características de um povo. Por outro lado, nas regiões tropicais/subtropicais a diversidade de condições naturais será um estímulo à colonização, pois permite a possibilidade de obtenção de produtos alimentícios que fazem falta ou não existem na Europa. A sociedade nessas localidades terá um modelo inteiramente original, visto que o clima e as características geográficas demandarão outro tipo de relações políticas e societárias que não se enquadram no modelo europeu. Afinal, na América Portuguesa/Espanhola o modelo econômico adotado para o sustento dos europeus será o dos plantations. Ou seja, uma sociedade com um forte caráter mercantil, uma empresa do colono branco que usa da natureza para a produção de produtos tropicais e uso do trabalho escravo de indígenas e negros.
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