A Final Programa História da ÁFrica e dos Afrodescendente Cristina Wissenbach
Por: Nathalia Cecilia Pessoa Caires • 19/10/2022 • Abstract • 4.291 Palavras (18 Páginas) • 84 Visualizações
22/03/2022
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Disciplina FLH0426
História da África e dos Afrodescendentes no Brasil: Conteúdos e Ferramentas Didáticas para a Formação de Professores do Ensino Médio e Fundamental
Docente: Maria Cristina Cortez Wissenbach
1º Semestre 2022 – Vespertino
Projetos alternos, sujeitos plurais e narrativas múltiplas: temáticas em torno da História da África e dos Afrodescendentes nas Américas.
Justificativa
A historiografia da escravidão no Brasil e nas Américas, bem como a que tratou do período pós-emancipação oferece a possibilidade de alargar o campo dos estudos sobre as populações africanas e afrodescendentes, contemplando seus movimentos, sua criatividade cultural, religiosa e social e sua agência histórica. De outro lado, a produção de intelectuais vinda dos movimentos sociais, desde a antessala da Constituição de 1988 aos tempos atuais das lutas antirracistas, antissexistas, feministas e decoloniais, traz consigo maior visibilidade a projetos alternos, colocando sobre novos patamares a discussão histórica da sociedade brasileira. Propostos na formação de comunidades históricas de refugiados, de ribeirinhos, aos propagados pelos movimentos sociais de mulheres, de quilombolas contemporâneos e pelas comunidades indígenas, esses movimentos e projetos sinalizam uma maneira diferenciada de pensar desde a liberdade, as questões de gestão do meio ambiente, a importância da territorialidade, às formas de expressão das dimensões do religioso, das festas e das manifestações culturais, e principalmente, desde o século XIX, caminhos distintos dos colocados pela modernidade ocidental. A ideia do título parte da reflexão crítica sobre comentários constantes nos testemunhos da época da Abolição que indagavam sobre a capacidade dos ex-escravizados e ex-escravizadas gerenciarem a liberdade recém obtida (“o que fará essa gente quando for decretada a completa emancipação?”) e da intenção em colocar em pauta, projetos e propostas contr-hegemônicas e atuações políticas de luta contra o racismo, o eurocentrismo e o preconceito e, neles, a possibilidade de se “desacostumar ao racismo”, como afirma Achille Mbembe.
Objetivos
Assim, focalizando múltiplas narrativas, produções e projetos em curso, o curso tem em vista o revigoramento dos dispositivos da Lei 10.639/03 e da Lei 11.465/08 e de seus efeitos, fornecendo aos alunos e alunas elementos conceituais que orientem sua atuação como professores de História no desenvolvimento dos temas da lei e que os instruam na produção de materiais didáticos. Nas interlocuções entre História Social, Antropologia, Arqueologia, bem como nas novas vertentes da História Pública, os conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas, leituras e discussões tem como eixo a revisão no estudo das dinâmicas que conectaram as sociedades de ambas as margens do Atlântico, orientada pela perspectiva das transformações que acompanharam o processo da diáspora africana no mundo atlântico, as circularidades, as vindas e os retornos, e as reconfigurações africanas nas Américas. Além disso, a proposta é abarcar nos movimentos sociais do império, da república e dos tempos atuais, sujeitos silenciados e/ou estigmatizados – mulheres, crentes, penitentes, camponeses –, recuperando a partir dos referenciais de uma produção comprometida, a maneira de integrá-los à História. Pretende-se também, em termos de renovação didática, dar continuidade aos estudos de meio – as excursões didáticas – como forma de aprofundar o contato das alunas e dos alunos com as comunidades quilombolas e indígenas, apreendendo a diversidade de histórias e formações e os diferentes projetos e narrativas históricas que informam sua organização.
Estrutura do curso
O curso constará de aulas expositivas versando sobre os temas elencados, seguidas de discussão de textos assinalados e detalhados no programa. Estão previstos convites feitos a expositores especializados nos temas em cena, como também estudos de campo/excursões didáticas, realizados junto a comunidades quilombolas em áreas historicamente expressivas.
Avaliação
A avaliação será feita a partir da participação das alunas e dos alunos nas discussões dos textos e na apresentação de relatórios de leitura dos textos; constará também de relatórios de viagens e trabalhos finais (a combinar).
Planejamento, cronograma do curso e indicações de leituras
Aula 1 – 23/3
Apresentação e planejamento das aulas e leituras
- Fernanda Mena, FSP 26.02.2022, 11 Signatários de carta de 2006 contra cotas raciais dizem por que mudaram de posição.
26/3 ás 14 horas MASP PALESTRAS ONLINE. Abdias Nascimento: político, artista e ativista intelectual com Kabengele Munanga, youtube@maspmuseu
Aula 2 – 30/3
Os estudos sobre o negro no Brasil, os movimentos sociais, a Constituição de 1988 e as políticas púbicas (com destaque para a Lei 10.639/2003)
- PARECER 03/2004 CNE que institui diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Relatora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/003.pdf
- Nilma Lino Gomes. O movimento negro brasileiro como ator politico. In ---- O Movimento Negro educador. Saberes construidos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Editora Vozes, 2ª. Reimpressão, 2018 [2017].
- Manuela Carneiro da Cunha. Compartilhar a memória. In: DIAS, Camila Loureiro Dias Artionka Capiberibe (org). Os índios na Constituição. São Paulo: Ateliê Editorias, 2019.
Aula 3 – 06/4
Intelectuais mestres indígenas e quilombolas: saberes orgânicos e movimentos contra-coloniais.
- Ailton Krenak. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
- Antônio Bispo dos Santos. A dificil arte da confluência – entrevistadora Liliana Coutinho. Culturgest, 28/10/2020. https://www.youtube.com/watch?v=XZhhs98SVxc.
18/4, às 17:30. Ana Mauad, abertura do evento,"História Pública e Humanidades Digitais'', Canal História USP / CAPH / DH.
Aula 4 – 20/4
Memórias e autobiografias afro-atlânticas. Rafael Domingos Oliveira, doutorando, PPGHS/FFLCH/USP
- Harriet A. Jacobs. Incidentes de vida de uma escrava, escrita por ela mesma. São Paulo: Hedra, 2020.
- Rafael Domingos Oliveira. Vozes afro-atlânticas. Autobiografias e memórias da escravidão e da liberdade. São Paulo: Editora Elefante, 2022.
Aula 5 – 27/4
Dos múltiplos sentidos históricos, políticos e historiográficos de Palmares e de Cucaú.
- Silvia Hunold Lara. Diálogos. In: ---- Palmares & Cucaú. O aprendizado da dominação. São Paulo: FAPESP; EDUSP, 2021, p. 103-159.
Aula 6 – 4/5
De Palmares e o 20/11 de Zumbi aos quilombos contemporâneos: ressemantizações
- Beatriz Nascimento. Ôrí. Direção Raquel Gerber, 1989.
- Alex Ratts. A terra é meu quilombo: terra, território, territorialidade. In: --- Eu sou atlântica – sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Iprensa Oficial, 2006, p. 50 -70.
Aula 7 – 11/5
Preparando a excursão didática 1 (Mandira) – as comunidades remanescentes de quilombos e as reservas extrativistas
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