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A Genealogia da miséria humana no Nordeste brasileiro

Por:   •  4/7/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.143 Palavras (5 Páginas)  •  229 Visualizações

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Pesquisa sobre a geneaologia da miséria humana no Nordeste brasileiro e a questão fundiária relacionado ao livro ‘’Morte e vida severina’’.

  • Introdução

Esse trabalho tem como intuito, em poucas palavras, enfatizar a miséria do Nordeste com alusão ao livro ‘’Morte e vida Severina’’, que através de pequenos versos retrata a história de alguém, assim como inúmeras pessoas, que viu e sentiu na pele a luta contra a seca e a fome. Morte e vida Severina representa a realidade político-social do Nordeste brasileiro.

  • Miséria do Nordeste

As questões agrárias são muito antigas no Brasil, e especialmente no Nordeste, as atividades rurais sempre desempenharam importante papel econômico e social, todavia, apesar dessa enorme importância e influência, é uma região que detém muita pobreza e miséria. Nordeste e os seus problemas em relação a terra, mostram a estrutura fundiária herdada do tempo colonial. Em meados dos anos 50, originavam-se prostestos de âmbito nacional e regional, protestos não só realizados pelos trabalhadores, mas até de alguns partidos políticos. Nos anos 50, a questão agrícola foi o foco das discussões. Em 1956 ocorreu o I Congresso Camponês de Pernambuco, uma passeata de três mil trabalhadores pela cidade do Recife. Dentre as reivindicações desse movimento estavam: A extinção do cambão e do barracão; A luta contra o aumento do foro; A reforma agrária e outros. Além desse movimento houveram muitos outros que foram imprescíndeveis para o fortalecimento da luta e busca por soluções do problema da terra. O acesso à terra continua sendo um forte problema no Nordeste, porque ele possui um passado muito marcado pela pecuária de grande extensão, quando existia a chamada agricultura de subsistência. A concentração fundiária significa uma grande quantidade de terras na mão de um proprietário só, enquanto outras à mercê da miséria.

Todavia, esse problema não se deve apenas à política e falta de medidas governamentais (mesmo sendo de grande responsabilidade), mas também ao processo histórico que vem, desde cedo, impactuando a sociedade. A colonização do Brasil e a divisão das àreas ocupadas pelos portugueses trouxeram impactos até os dias de hoje. Posteriormente, houve o surgimento da Lei de Terras de 1850, que agregou um valor exorbitante às terras, tornando a propriedade inacessível à população de classe baixa e até mesmo da classe média. Durante o regime militar foi criado o ‘’Estatuto da Terra’’ para regulamentar a questão fundiária no país. Contudo, muitos criticaram os efeitos dessa lei, que, segundo alguns estudiosos, pode ser considerada uma falsa tentativa de incentivar a reforma agrária, quando na verdade o maior objetivo é dificultar ainda mais, burocratizando o processo.

 Outro problema diretamente relacionado com a luta pelas terras, é também a universalização da água. Em uma pesquisa feita pelo Instituto Trata Brasil, foi constatado que em 20 anos (contando a partir de 2015, até 2035) os gastos com a universalização do saneamento básico seriam superados pelo lucro trazido à sociedade. Seriam gerados 537 bilhões na economia, o resultado social seria visível. O problema é justamente esse, medidas precisam ser tomadas visando o longo prazo. Se não houver essa visão ampliada, nenhuma medida será feita por motivos de gastos excedidos, economia, crise, etc. Inúmeros problemas atuais no Brasil existem porque há a escassez de medidas e decisões governamentais, que são ausentes pela falta de recurso financeiro, teoricamente.

  • Morte e vida Severina como alusão à miséria do Nordeste

‘’Morte e vida Severina’’ é um poema do escritor brasileiro João Cabral de Melo Neto. A obra foi escrita entre 1944 e 1945 e mostra a identidade do Nordeste. João Cabral de Melo Neto fez parte da geração de 45, a terceira fase modernista, fase que é marcada pelo engajamento nos temas sociais e pelo forte envolvimento na política.

 ‘’Morte e Vida Severina’’ é dividido em 18 partes e nos mostra perfeitamente como era essa miséria em questão. Severino decidiu partir pois queria viver um pouco mais do que o esperado. Na época, chegar aos vinte anos no Sertão era privilégio. Nas primeiras partes, é retratado o percurso de Severino até Recife, sempre seguindo o Rio Capibaribe, que mesmo faltando o rio, era possível enxergar os rastros que ele deixou, enquanto que as partes do meio até o fim do poema, retratam Severino já em Recife com seus sofrimentos e reflexões, sem saída. ‘’Morte e vida Severina’’ pode ser conhecido como um poema trágico, que retrata bem os problemas enfrentados dessa época (meados dos anos 50), em versos não muito longos.

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