A Independência do Haiti e da América Espanhola
Por: pedrosampaio_ • 14/11/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 2.745 Palavras (11 Páginas) • 568 Visualizações
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Universidade Federal Fluminense – UFF
Curso de graduação em História
Pedro Sampaio
Primeira avaliação de História da América II
Rio de Janeiro
2017
1.Estabeleça relações e conexões entre as independências de Estados Unidos, Saint Domingue e as independências hispano-americanas.
O fim do século XVIII e início do século XIX foram marcados por uma época turbulenta nas América. Enquanto na América do Norte, a independência dos Estados Unidos em 1776 já mostrava um ensaio para o que vinham a acontecer nos anos seguintes, na América Latina francesa e espanhola os territórios encontraram muita resistência interna e externa e processos bem mais complexos. Nessa questão vai ser visado estabelecer relações, mostrando diferenças e semelhanças entre três diferentes colônias das Américas: a América britânica (Estados Unidos), a América francesa (Haiti) e a América Espanhola. Para isso, é necessário antes fazer uma breve explicação factual dos seus processos, contextualizando-os.
Para compreendermos a Independência das 13 colônias é necessário falar do contexto histórico mundial da época. Após a Guerra de Sete Anos entre as duas principais potências mundiais da época - França e a Inglaterra, com seus respectivos aliados - a Inglaterra encontrava-se com recursos esgotados e viu nas 13 colônias uma espécie de luz para recuperar os gastos e as percas que a guerra havia trazido. Para isso, foram impostas variadas medidas que visavam estreitar a relação entre a colônia e a metrópole, como a tributação dos mais variados produtos e a criação de uma força militar mais presente. Tais atitudes foram recebidas com enorme resistência pelos colonos, que estavam acostumados com a denominada negligência salutar, desenvolvendo assim certa autonomia se comparada às outras colônias da época. Uma série de conflitos então se estendeu por anos e resultaram na proclamação da Independência em 1776. A Declaração de Independência dos Estados Unidos, um dos documentos mais importantes para o mundo contemporâneo, se baseava nos ideais iluministas e nas ideias de John Locke, federativa e liberal. Tornou-se, então, o primeiro país independente das Américas.
A Independência do Haiti, assunto que será mais amplamente discutido na questão 2, se deu principalmente por influência da Revolução Francesa e por protagonismo de escravos e mulatos. Após alguns anos de conflitos, em 1801 Vicent Ogé chega ao poder da colônia francesa e toma uma série de medidas que desagradaram a Corte, representada agora por Napoleão Bonaparte, que mandou uma tropa de dezenas de milhares de homens para restabelecer o controle da ilha. Após 21 meses de batalha, por conta da forte resistência negra e de doenças tropicais como a febre amarela, os haitianos (como ficaram conhecidos pós-independência) vencem a batalha, se tornando independentes em 1804, como é observado por Moya Pons no seu capítulo sobre Independência do Haiti:
Según los datos militares franceses, unos 50.250 soldados perdieron la vida en esta campaña, que terminó en 1804 con la rendición y la huida de los supervivientes [...]. El 1 de enero de 1804 Dessalines y otros victoriosos generales negros proclamaron la independencia de Haití (un nombre amerindio de La Española). Francia había perdido su colonia más rica.[1]
Quando se trata, agora, da Independência da América Espanhola, falamos de um processo bem mais complexo e duradouro do que dos outros dois anteriores. Como é analisado no texto de John Lynch denominado ''As Origens da Independência da América Espanhola'', esse processo começa a ser diferenciado e único quando se tem ''um caso raro na história moderna: uma economia colonial dependente de uma metrópole subdesenvolvida.''[2]. Por essa peculiaridade das colônias espanholas, é proposta pelos Bourbon uma série de novas políticas que visavam modernizar e estreitar as relações com as colônias, medidas estas que em longo prazo resultaram na maior insatisfação dos colonos, como a criação de intendentes escolhidos pela Corte, substituindo os cargos de alcades mayores e corregidores[3], dominados por colonos. Além disso, seguindo o que é analisado no texto de Lynch, os Bourbon ainda visaram enfraquecer a Igreja e reformularam exércitos, sendo exclusivamente espanhol. Essas novas políticas se, em curto prazo vieram por beneficiar a metrópole, em longo prazo só serviram para complicar ainda mais a relação com as colônias. Porém, sem dúvidas, a medida bourbônica que mais prejudicou a auto-afirmação metropolitana para com a colônia foi o ''comercio libre'', que, sem a intenção, ajudou a desenvolver cada vez mais as próprias colônias espanholas[4].
O processo de independência da América Espanhola só foi se complicando com o tempo, e chegou ao seu ápice em 1808, quando Napoleão Bonaparte invadiu a Espanha, destituindo o rei Fernando VII. Com isso criollos das mais diferentes áreas, como México, Venezuela, Argentina e Colômbia, assumiram um discurso que trouxe consigo a ameaça definitiva para o domínio espanhol: enquanto Fernando VII não estivesse no poder, os colonos assumiriam controle das suas próprias áreas a partir da criação de Juntas Coloniais, como é analisado nos capítulos de Timothy Anna e David Bushnell, respectivamente denominados ''A Independência do México e da América Central''[5] e ''A Independência da América do Sul Espanhola''[6]. Enquanto, de um lado, os criollos clamavam a legitimidade das Juntas e prestavam subordinação apenas a Fernando VII, os espanhóis, de outro lado, enxergavam nisso uma ameaça para o sistema colonial. A intenção real dos colonos, porém, não é exata, mas é um fato que as Juntas assumidas por criollos vieram por protagonizar todo o processo de independência até 1825. É importante ressaltar, também, que os movimentos de independência da América Espanhola são muito diferentes uma das outras, enquanto tiveram áreas que, como o México e a Venezuela, sofreram várias reviravoltas, outras como o Paraguai obtiveram sucesso rapidamente.
Agora, compreendido os três processos de independência é possível traçar relações entre eles. A independência das 13 colônias, por ter sido um processo que ocorreu cedo e, principalmente pelas bases da Declaração de Independência, obteve um enorme peso na influência das independências que vieram adiante. O ideal federalista, constitucionalista e liberal (mesmo que apenas para homens brancos) foi seguido, por exemplo, pela primeira Constituição da Venezuela de 1811 como é analisado por Inés Quintero:
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