A Memória em Krzysto Pomian

O historiador, filósofo e ensaísta polonês, Krzysto Pomian em seu texto, pensa a memória como uma presença do passado, e essa presença se manifesta na forma de uma representação feita de modo seletivo pelos indivíduos quando iseridos em um contexto social ou nacional. A memória seria então uma parte da identidade do sujeito em si mas não só dele, ela se aplica aos que completam o meio onde estão inseridos. Mas a visão de memória de Pomian não se restringe aos aspectos puramente sociais. É preciso entender como nosso organismo reproduz este estado de percepção de algo que já se passou e no entanto tem o poder de se fazer vívido na consciência de quem o possui. O ponto a ser debatido é que o ser humano não é o único animal a possuir essa faculdade de preservar rastros ou vestígios de um tempo que já se passou. Animais irracionais também podem portar memórias acerca de uma série de comportamentos que deve ter em determinadas ocasiões específicas, mas o homem tem a capacidade de desenvolver a linguagem e tornar a sua memória um processo coletivo de construção no qual toda a coleção de vestígios do passado que podemos encontrar no tempo serve para o propósito de construir uma identidade comum a esta raça de animais pensantes.

Como seres dotados de habilidades comunicativas únicas – desenvolvemos gramática, retórica, arte etc. – há uma necessidade do indivíduo de remontar no tempo e se relacionar com esse passado mesmo estando no presente afim satisfazer anseios e questionamentos. A memória é então uma capacidade de recriar impressões e sentimentos que já foram vividos. É a representação daquilo que o tempo já levou ainda que de forma imperfeita, já que o passado não pode ser reconstruído de maneira integral e a dúvida é algo que permeia o processo de formação da memória.