A Revolução Inglesa de 1640 (Christopher Hill)
Por: PolysM • 2/5/2023 • Dissertação • 548 Palavras (3 Páginas) • 68 Visualizações
As principais transformações agrárias ocorridas na Inglaterra ao longo dos séculos XVI e XVII em A Revolução Inglesa de 1640 (Christopher Hill)
Na passagem do século XVI para o XVII, a derrocada do sistema feudal e o afloramento de uma Inglaterra mais industrial e capitalista suscitaram uma série de mudanças não só na estrutura econômica, mas também social, religiosa e política do país. Nessa nova ordem emergente, a agriculta era a principal atividade econômica, em A Revolução Inglesa de 1640* o britânico Christopher Hill apresenta os motivos que levaram ao aumento no preço dos alimentos, traçando uma linha desde o comércio ultramarino – responsável pelo aumento do mercado – até a ascensão da classe média capitalista.
Segundo o autor, as mudanças na comunidade agrícola da Inglaterra começaram ainda no século XV, quando os alimentos e a lã passaram a ganhar valor mercadológico e Colombo descobriu a América, dando início às grandes navegações e a procura de novos comércios. Os metais vindos da América provocaram uma escalada nos preços entre 1510 e 1580, “O efeito de tudo isso foi equivalente ao da inflação nos nossos dias. Os que tinham rendimentos fixos ficaram mais pobres, aqueles que viviam do comércio e da produção para o mercado enriqueceram.” (HILL, p. 28). Na busca por atender demandas cada vez maiores e adaptando-se à dinâmica capitalista, que se mostrava cada vez mais benéfica para esses grupos, comerciantes e agricultores capitalistas (gentry) promoveram diversas transformações agrárias.
Uma das primeiras modificações foi a expropriação de terras comunitárias através de atos logrados pelo Parlamento. Daí o surgimento dos cercamentos, nome dado a privatização de terras de uso comum dos camponeses; aqueles que não podiam pagar para viver nesses domínios eram expulsos, muitos foram obrigados a mendigar, roubar ou morreram de fome. A terra tornou-se uma mercadoria. Essa medida permitiu que a burguesia expandisse sua área de produção, criando assim as grandes propriedades sob a perspectiva de ganhar dinheiro e não mais de obter apenas o suficiente para a própria subsistência – embora esse ainda fosse o motivo principal da herdade.
Junto da expansão territorial veio o aumento da produção. Os senhores entenderam que utilizar toda a área cultivável dedicada a uma cultura era mais lucrativo do que o sistema de três campos empregado na Idade Média, no qual apenas dois terços da terra era utilizada para plantar duas culturas. A nova técnica aumentou não só a área de plantio como a quantidade da produção.
Além das modificações relacionadas à quantidade, também ocorreram avanços no sentido qualitativo. A técnica de rotação anual consistia no revezamento de culturas a cada ano de forma a não saturar os campos. Por exemplo: suponha que em 1630 cultivou-se trigo; em 1631 será cevada e em 1632 batatas. Tal dinâmica permitia que a lavoura tivesse diversidade e permanecesse saudável, pois as próprias culturas faziam a adubação. Outras técnicas foram sendo desenvolvidas com o tempo, como a adoção do arado de ferro e a substituição do boi pelo cavalo, mais rápido e apto para o trabalho. Nascia assim a manufatura em massa nos campos ingleses.
Com esses avanços e outros futuros, a roda do capitalismo girava cada vez mais rápido, a relação senhor-camponês evoluía para a de patrão-empregado e junto da burguesia a nobreza mercantil crescia rapidamente, entrando em choque com a velha aristocracia em decadência.
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