A TEORIA DA HISTORIA

Com o fim do século XX, a disciplina de História, segundo François Hartog (2017, p.25) “parece ter passado de toda poderosa a impotente”. Surgindo uma latente crise no ensino de história. Justifica-se a isso, por exemplo, o fato de a história não ser mais exclusiva aos historiadores, e muitos outros profissionais se apossaram dela.

Contudo, o que se percebe, é que há um nítido afastamento entre os profissionais da educação básica, com os da academia, o que acaba enfatizando a crise no ensino de História. Porém nos últimos anos esse cenário vem mudando, ocorrendo vários encontros, com o objetivo de aproximar os diferentes profissionais que atuam na área.

Sobre esses encontros Manoel Luiz Salgado (2009, p.35), nos esclarece que,

Na pauta desses encontros, de acordo com os objetivos definidos por seus organizadores, está o estímulo ao diálogo entre o profissional do ensino fundamental e médio e o pesquisador e professor universitário, a fim de que esses dois mundos não permaneçam estranhos entre si.

Não obstante, ainda é urgente e necessário, que as escolas não reproduzam apenas o que é feito na academia. A constituição do saber historiográfico deve ocorrer na sala de aula, colocando os educandos como protagonistas, onde sejam capazes de produzir, analisar, interpretar e criticar respectivamente.

Em relação a constituição da formação da consciência histórica e do saber historiográfico, muitas vezes os discentes interpretam o tempo histórico com estranheza, não compreendendo que o mesmo é marcado por permanências e rupturas. Sobre isso, Sônia Regina Miranda (2013, p.40), nos explica que,

É, muitas vezes, inimaginável, tanto para a criança quanto para o jovem, por exemplo, não propriamente compreender o fato de que não existia o Google, o celular ou o WhatsApp no tempo de infância das mães ou avós, mas especialmente operar com a plausibilidade envolvida na ideia de que outros modos comunicativos eram possíveis em virtude da existência de outras sociabilidades e de que a vida não se organizava com base nesse sentido de urgência

É nessa perspectiva que o trabalho que pretendo desenvolver, se aproximará, ao trabalhar com jornais na sala de aula, sendo este um grande veículo de comunicação no século XX, e ainda persistente no século XXI.

Neste sentido, o jornal analisado será o periódico “Jornal das moças” e as suas possiblidades para serem trabalhados nas aulas de História, o trabalho terá como finalidade apresentar como a mulher é representada no âmbito familiar e na sociedade, nas páginas do semanário “Jornal das Moças” nos anos de 1937 a 1945, o período delimitado deve-se ao fato de Getúlio Vargas poder estabelecer seu discurso ideológico. E como artefato cultural, a construção de podcasts pelos alunos, através de roteiro elaborado pelo docente.

Sendo assim, os alunos além de analisarem, poderão analisar, criticar e construir coletivamente a consciência histórica de um determinado período da História.

Justificando o meu objeto de estudo, dentro do saber historiográfico, e não visto apenas como reprodução, mas também de produção, Salgado (2009, p.38), afirma que, “Nesse sentido, pensar o ensino de história implica necessariamente, segundo meu juízo, articular escrita e ensino como parte da produção do conhecimento histórico”.