A Venda das Esposas
Por: Fabiana Lima • 9/7/2018 • Trabalho acadêmico • 1.774 Palavras (8 Páginas) • 767 Visualizações
FICHAMENTO DO CAPÍTULO 7: "A VENDA DE ESPOSAS", DO LIVRO "COSTUMES EM COMUM", DE E. P. THOMPSON
THOMPSON, E. P. Costumes em comum. Capítulo 7 – A venda de esposas. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (p. 305 – 348)
- Até poucos anos atrás a memória histórica da venda de esposas na Inglaterra seria mais bem descrita como amnésia. Por volta da década de 1850:-Nenhum inglês queria lembrar de uma prática tão bárbara;The book of days (1878): coloca a “culpa” na população rural; Franceses representavam os ingleses com brutalidades pode ser considerado como prova da ignorância apatetada e dos sentimentos brutais de parte de nossa população rural". E o mais importante era repudiar e denunciar a prática, porque os "vizinhos continentais" da Grã-Bretanha tinham notado os "casos fortuitos de venda de esposas", e "acreditam seriamente que é um hábito de todas as classes de nosso povo, citando-o constantemente como evidência de nossa civilização inferior".(P.305)
- As fontes para o estudo são enigmáticas e opacas; Tanto no The book of days e no The mayor of Casterbridge os relatos não mostram ritualização e sim a compra direta de um bem. O pressuposto subjacente a ambos os relatos é que a venda da esposa era uma compra direta de um bem. E uma vez estabelecido o estereótipo, é demasiado fácil interpretar a evidência por meio do clichê. Pode-se então admitir que a esposa era leiloada como um animal ou mercadoria, talvez contra a sua vontade, seja por motivos puramente mercenários.(P 306)
- Thompson encontra 300 casos; Menefee encontra 387 casos; Os dois compartilham da redefinição do ritual de venda de esposas como uma espécie de divórcio; Menefee escreve o texto como aprendiz de etnógrafo, sem conhecimento do contexto social histórico. Alguma parte do seu material é contraditório e irrelevante (P.307)
- Thompson coleta 300 casos e rejeita 50, resultando em 250 casos. Menefee coleta 387 casos, mas destes, Thompson considera “confiáveis” apenas 300. Na somatória das duas coletas, aproximadamente 150 casos se repetem nas descrições dos dois autores. Então a somatória final de casos equivale a aproximadamente 400.Os primeiros exemplos não fornecem nenhuma evidência quanto à natureza da prática.(P.308)
- Havia duas formas principais de realizar a venda de esposas. A primeira forma era em praça pública e a segunda forma, em uma taverna. A segunda forma substitui a primeira no ano de 1830-1840 (P.309)
- Quando a venda de esposas se tornou visível e relevante à classe média e ao público refinado para que fosse digna de uma nota na imprensa? Talvez a resposta esteja relacionada com as mudanças na consciência social, nos padrões morais e nos valores. Assim a prática se tornou tema de reportagem e comentários mais frequentes no inicio do século XlX.(309)
- Acredita-se que antes de 1790 a venda de esposa já fosse praticada. O costume foi pouco noticiado, pois não era considerado digno de registro. O silêncio pode ter ocorrido por ignorância e indiferença a um costume tão comum que não exigia comentários ou aversão. (p. 310)
- O clímax de vendas parece ser na década de 1830, porém, não podemos confiar nesses dados, pois o ritual já acontecia muitos anos antes, porém não era tão noticiado. As vendas de esposas tornaram- se dignas de menção na imprensa junto com o reflorescimento evangélico, que, ao elevar o limiar da tolerância da classe média, redefiniu uma questão de "ignorância" popular como uma questão de escândalo publico.(P.310)
- Há uma clara descrição de venda ritual da esposa, com leilão público e com entrega da mulher presa por uma corda, num tratado legal primoroso sobre The laws respecting women as they regard their natural rights [As leis concementes às mulheres no que diz respeito a seus direitos naturais], publicado em 1777. Os casos de vendas de esposas se espalham por diversas regiões(P.311)
- O consenso da opinião esclarecida na metade do século XIX era de que a prática existia apenas nas camadas populares, principalmente nas zonas rurais afatadas(P.312)
- Os casos que ocorriam nas classes mais elevadas recebiam duras críticas da imprensa ocupação. Por serem casadas, as mulheres são descritas pela sua aparência, comportamento ou suposta conduta moral, mas muito raramente pela ocupação. Mas sabemos que havia duas empregadas de minas; pelo menos as duas eram mendigas, vendidas para poupar as taxas assistenciais da paróquia; uma era operária de fábrica, e outra fazia novelos numa fiação.(P.313)
- Algumas vezes, as esposas eram entregues de graça ou por um copo de cerveja; o valor mais baixo negociado foi três farthings. Talvez o preço médio estivesse na faixa de dois xelins e seis pence a cinco xelins, embora muitos exemplos fiquem acima ou abaixo desse valor.As trocas eram feitas por cerveja, animais (burro, cachorro), e dinheiro (xelins); Algumas notícias são abreviadas, outras são sensacionalistas e de forma bem completa. (p 314)
- Os rituais da Venda de esposas, prescrevia alguma das seguintes formas:
a) A venda deveria ocorrer numa praça de mercado ou outro local de comércio. Se não fosse em um desses locais, talvez a venda não fosse reconhecida perante a sociedade e tornava-se ilegal.(P.315)
b)A venda era às vezes precedida por um a núncio público ou reclame. Podia-se usar o a pregoador ou o sineiro da cidade para dar a notícia, ou o marido podia andar pelo mercado carregando um cartaz com um aviso da pretendida.
c) A corda era essencial para o ritual. A mulher era levada ao mercado presa por uma corda, em geral amarrada ao redor do pescoço, às vezes ao redor da cintura. A corda era um elemento para transferência legal(P.316)
d) No mercado deveria haver uma espécie de leiloeiro. Podia ser o marido, um funcionário do mercado, etc. Leiloeiro muitas vezes elaborava elogios à mulher(P.318)
e) Deveria haver troca de algum dinheiro, não interessando o valor. (P. 320)
f) No momento da entrega da corda às vezes se faziam juramentos parecidos ao de uma cerimônia de casamento.(P.320)
- Muitas vezes se confeccionavam documentos, que eram guardados como certidões, como prova de respeitabilidade.(P.321)
-Para os Cristã a venda de esposas era altamente ilegal e imoral e tinha tendência a menosprezar o matrimônio (P.322)
-Fica claro que embora não o fosse na década de 1960 , comecei ao coletar esses dados - que temos de retirar a ao retirar a venda de esposas da categoria de uma brutal venda de gado e colocá-la na categoria de uma espécie de divórcio seguido de novo casamento. Isso ainda pode despertar expectativas impróprias, pois o que está envolvido é a troca d e uma mulher entre dois homens num ritual que humilha a mulher tratando-a como a um animal.(P.323)
- O consentimento da esposa era condição necessária para a venda. Muitas vezes, apesar da venda ser feita em um aparente leilão, o comprador já havia sido predeterminado e já era o amante da esposa. (p. 323)
- Pergunta: se tanto a esposa como o marido podiam de vez em quando recorrer à fuga e ao abandono do lar, por que os dois ainda achavam necessário passar pelo ritual publico( e vergonhoso)da venda?
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