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A cabanagem

Por:   •  27/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.906 Palavras (8 Páginas)  •  581 Visualizações

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Resumo

A cabanagem ou revolta dos cabanos ocorrido durante a primeira metade do século XIX na região do Grão-Pará tomaram dimensões que ultrapassaram os limites da província, contudo é considerada por alguns historiadores que seguem uma linha tradicional como um levante de cunho apenas regional, foram anos marcados por intensa violência e derramamento de sangue tanto pela parte rebelde “malvada” quanto pelo  lado legalista “heroico”.

Magda Ricci em seus textos nos apresenta outro lado do levante ocorrido na região Amazônica no período de 1835 a 1840, numa tentativa elucidar, responder os diversos questionamentos que a mesma já recebera a cerca dos reais motivos da eclosão da revolta dos cabanos, embora historiadores tradicionais limitem tais respostas se faz necessário que professores, pesquisadores não deem como assunto esgotado.    

 A autora nos leva a conhecer seus principais líderes e suas ambições, Clemente Malcher, os irmãos vinagre e Eduardo Angelim, que aliados a uma grande massa de um povo sofrido, insatisfeito, enxergam no levante uma possibilidade de mudança, índios, negros, brancos, todos juntos com interesses em comum embora com posições sociais diferentes, que dá a perceber, entender segundo o historiador Caio Prado Júnior como uma verdadeira “Luta de classes”.

  1. Contexto Histórico da Revolta

No ano de 1830 a Província de Grão-Pará que até então compreendia os estados do Pará e Amazonas, contava com um pouco mais de 80 mil habitantes incluídos negros, índios escravos, tapuios que eram indígenas que moravam nas vilas, Belém era uma cidade com mais ou menos 24 mil habitantes, de lá se exploravam as drogas do sertão, a província do Pará era a mais distante da capital, porém a mais ligada a Lisboa.

    Para entendermos um pouco melhor certo levante se faz necessário voltarmos 12 anos atrás antes do inicio da revolta, chegavam ao ano de 1823 notícias sobre o nascente Império Brasileiro, tais informações fazem gerar conflitos entre aqueles que não aceitavam a dominação lusitana e aqueles que permaneciam fiéis a coroa Portuguesa, que por sua vez não queriam o fim de seus privilégios e dominação.

Ainda no ano de 1823 o trágico episódio ocorrido no navio Brigue Palhaço onde foram executados por asfixia mais de 250 presos políticos, entre eles soldados e populares, as massas passam a questionar o fim do domínio e dos privilégios dos portugueses, o descontentamento por parte das camadas mais abastadas e até mesmo parte de uma elite insatisfeita com a maneira de governar do império faz com que gere um conflito generalizado entre índios, negros, brancos.

  1. Uma revolução por dentro

Neste tópico Magda Ricci nos mostra que a principio os principais alvos dos cabanos, eram portugueses e maçons, a perseguição a esses grupos como relata a autora ocorreram de modos pontuais e culminaram nos assassinatos das duas autoridades máxima da província, com a subida do primeiro cabano ao poder e seu discurso que pregava o retorno ao campo e ao trabalho, aqui parafraseio uma frase dita por esses dias, não querendo ser anacrônico, mas a dita frase dizia “Não Pense em Crise Trabalhe”, certo discurso feito por Malcher faz com que a grande massa perceba que uma volta ao campo e ao trabalho seria uma permanência e continuidade em sua posição social.

Malcher segundo Ricci, buscar frear o fervor revolucionário presente em janeiro de 1835, várias foram às razões segunda a autora que levaram Felix Malcher tomar tal atitude, o mesmo havia prometido agir de modo diferente dos antigos governantes, cuidando do chamado “bem público” e não de seus interesses pessoais.

 Após a nomeação de Felix Malcher como presidente da província, o mesmo empreende uma confusão entre o então chamado “bem público” e seus interesses pessoais, efetivou várias demissões de antigos funcionários, nomeando em seus lugares os chamados homens de sua “confiança”, tal atitude do governante é visto na cidade do Rio de Janeiro como uma grande polêmica, contudo para o regente em exercício Feijó, essas nomeações eram “justas” o que deixava inquietos os habitantes da região.

Outras atitudes tomadas por Malcher vão gerar mais descontentamentos entre a grande massa, o aumento do salário de alguns funcionários recém- nomeados, e, diga-se de passagem, isto era ilegal no Império brasileiro, o recolhimento de todo o armamento que se encontravam no porto e nas embarcações da Marinha Imperial, Malcher acreditava que depois de empossado as massas deveriam ser desarmadas, solicitou aos comerciantes portugueses que abrissem as portas dos seus estabelecimentos, à exceção dos lugares em que se vendiam "bebidas espirituosas", Malcher garantia que seriam respeitados suas propriedades e seus direitos.

Esta ultima medida tomada Malcher segundo Ricci vai acarretar-lhe um desastre político, os portugueses não enxergaram com bons olhos, Malcher dava ordem aos tesoureiros do Pará que proibissem os portugueses que vendesse suas propriedades, apurando seu capital e levando-o para o estrangeiro, de outro lado a grande massa de cabanos ficava a suspeitar de um presidente que pedia aos seus inimigos portugueses que permanecessem no Pará, dando garantia aos seus bens.

No meio militar Malcher cria mais uma confusão, os soldados milicianos que há tempos já não recebiam suas devidas pagas são quase que obrigados a utilizar moedas que já tinha sido tirada de circulação, tais moedas foram carimbadas com o valor com o qual deveria circular, isto gera uma confusão porque ninguém sabe ao certo os valores legais desta moeda, que estava fora de circulação no resto do Império e que renascia do Grão-Pará já inflacionada e fraca.

 O governo de Felix Malcher segundo Ricci vai torna-se insustentável, quando o mesmo resolve prender antigos partidários de Lobo de Souza, Malcher ordena que as tropas de linha de Belém deslocassem- se para a vila de Vigia e, por conseguinte para as diversas vilas na ilha de Marajó e outras localidades no médio Amazonas, o argumento que utilizava para tal ato era que se fazia necessário sedimentar o novo regime nestes outros pontos, Magda Ricci explica que outra hipótese para tal atitude era desarmar ou afastar as milícias de Belém.

  1. As lideranças Cabanas e o povo

         No tópico que segue Ricci nos mostra as principais lideranças do Levante Cabano, são eles Felix Clemente Malcher, irmãos vinagre e Eduardo Angelim, Felix clemente Malcher mesmo não nascendo em Belém adotara a região de Acará como centro da ação política, Acará era uma região onde se concentrava uma grande parte dos engenhos de cana- de – açúcar e de escravos africanos no Pará.

Felix Malcher casou-se com D. Rosa Maria Henrique de Lima filha de um dos mais ricos fazendeiros da região de Acará, Malcher com o tempo torna-se um líder liberal e passar a galgar posições tanto na milícia quanto na política local, torna-se tenente- coronel, saindo de Acará torna-se vereador em Belém, aliou-se ao cônego Batista Campos que na época era líder liberal conhecido e redator do periódico local.

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