A esquecida perseguição às mulheres durante a Segunda Guerra Mundial
Artigo: A esquecida perseguição às mulheres durante a Segunda Guerra Mundial. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: nsiangani • 5/8/2014 • Artigo • 920 Palavras (4 Páginas) • 326 Visualizações
A esquecida perseguição às mulheres durante a
Segunda Guerra Mundial
Jan Friedmann
A Gestapo de Hitler prendeu milhares de mulheres que admitiram ter tido casos com
trabalhadores forçados estrangeiros na Alemanha, apesar de muitas confissões serem
falsas e feitas sob pressão. Muitos homens foram executados e as mulheres, enviadas
para campos de concentração pelo crime de "degradação racial". Algumas continuaram
sofrendo as consequências muito depois do fim da guerra.
Em 19 de setembro de 1941, Maria K. assinou o registro de seu interrogatório. Em sua
declaração por escrito ao detetive de polícia, a menina de 14 anos confessou que havia
"compartilhado a cama do polonês Florian Sp. e que também teve relações sexuais com
ele".
O incidente supostamente ocorreu em uma tarde de sábado em julho. Ela havia cuidado
das vacas durante o dia, e à noite ela e sua amiga Hedwig, de 18 anos, convidaram os
dois poloneses para lhes fazer companhia.
Segundo sua declaração assinada, elas os beijaram e depois os quatro foram para o
quarto. Hedwig com Josef G. e Maria com Florian. No quarto, o polonês tirou suas
calcinhas. Eles fizeram sexo três vezes naquela noite e duas vezes nos dias seguintes,
uma delas depois do almoço, atrás de um arbusto em um campo próximo. Esse é o
relato feito em sua confissão assinada.
Maria K., que hoje tem 82 anos, cobre o rosto com as mãos quando fala sobre a
"confissão" que mudou sua vida para sempre e que levou à morte os dois rapazes. Ela se
envergonha, embora o detetive da Gestapo tenha forjado a declaração e a espancado
para assiná-la. Essa é sua história hoje, e outros documentos sustentam sua veracidade.
Gisela Schwarze, uma historiadora da cidade de Münster, no oeste da Alemanha, passou
anos investigando casos como esse, vasculhando os arquivos dos tribunais especiais em
cidades como Dortmund, Bielefeld e Kiel. Ela descobriu a história de Maria K. em um
arquivo local. Ela se desenrolou em Asbeck, uma aldeia com uma população no tempo
da guerra de 850 pessoas, na região ocidental de Münsterland."Degradação racial"
Em consequência de sua pesquisa, Schwarze descobriu um grupo de vítimas do regime
nazista que havia sido negligenciado até hoje. Ele consiste em mulheres e meninas que
membros do governo acusaram de ter tido relações sexuais com trabalhadores forçados
estrangeiros. Alguns dos relacionamentos românticos realmente existiram, enquanto
outros foram inventados, mas a punição foi quase sempre extrema. As mulheres foram
enviadas para campos de concentração aos milhares, enquanto os homens geralmente
foram executados.
"Cidadãos alemães que se envolvem em relações sexuais com trabalhadores civis,
homens ou mulheres, de nacionalidade polonesa, cometem outros atos imorais ou se
envolvem em casos amorosos serão presos imediatamente", ordenou Heinrich Himmler,
o chefe das SS, em 1940.
O crime que os advogados nazistas haviam inventado chamava-se "degradação racial".
No início ele só era aplicado a relações entre judeus e não-judeus, mas a invenção
racista seria ampliada mais tarde para incluir os eslavos.
Os prisioneiros de guerra civis deportados eram obrigados a trabalhar em fábricas e nos
campos, onde tinham contato com os habitantes locais, muitos deles mulheres. Os
homens estavam lutando no front. Mas em toda parte havia informantes preparados para
denunciar – vizinhos, colegas de trabalho e professores –, contribuindo para uma
atmosfera infernal de ódio racial e preconceito.
Maria
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