A mestiçagem é sinônimo de democracia racial?
Por: Daiane Borges • 13/4/2019 • Resenha • 1.250 Palavras (5 Páginas) • 153 Visualizações
A mestiçagem é sinônimo de democracia racial?
Gilberto Freyre nasceu em 15 de março do ano de 1900 em uma família tradicional de Pernambuco,é considerado um destacado erudito com uma notável produção acadêmica.
Freyre estudou no exterior e foi aluno de Franz Boas,com quem estudou Antroplogia e aprendeu a distinguir os conceitos de raça e cultura.Esse período que viveu no exterior colaborou para a sua reflexão sobre o povo brasileiro,assim, Freyre trouxe em sua mala o embrião da sua obra consagrada “Casa Grande e Senzala”,sendo lançada em 1933 e que revolucionou os estudos, tanto pelos conceitos desenvolvidos,tanto,pela qualidade literária,outras obras de grande destaque são: “Sobrados e mocambos” (1936), “Nordeste” (1937) e “Ordem e progresso”(1959).
É inegável que Freyre construiu obras de grande complexidade e riqueza,visto que,retratou o Brasil sobre as perspectivas da sociologia,antropologia e história,inclusive alcançou méritos internacionais,tendo livros traduzidos para outras línguas.
Freyre foi considerado inovador para a época por abordar sujeitos que até então estavam invisíveis para a sociedade o que consequentemente causou intensas polêmicas,foi um enorme escândalo para setores mais conservadores falar sobre negro,índio,mulher,criança e ainda sexo.
Freyre demonstrou grande interesse pela história do cotidiano social,isso fica exemplificado na obra Casa Grande e Senzala Formação da Família Brasileira sob o Regime Patriarcal que apresenta como centralidade o processo de colonização e o cotidiano do Brasil rural do início do século XIX,além do mais,o processo de como o índio ,o negro e o português colaboraram para a construção do povo brasileiro. A princípio a obra foi vista com “bons olhos” pelo movimento negro,uma vez que tratava sobre o processo de miscigenação entre portugueses,índios e negros a qual culminou com a formação da sociedade brasileira.
É importante destacar que Freyre faz um desvio do olhar intelectual e político,ao transformar em positivo a mistura de raças,o que anteriormente era considerado maléfico.E ainda ao colocar a miscigenação como um processo harmonioso,revelando uma democracia racial e também como responsável em amenizar a desigualdade social entre a casa grande e a senzala.
Logo,a mestiçagem além de permitir a mistura de raças também promove a mistura de cultura,ele inova ao abordar questões como de alimentação e higiene. Freyre foi revolucionário ao enxergar as raças de forma igualitária, o Brasil como um grande espetáculo das raças, o país da democracia racial, ao contrário das ideias que estavam imperando mundialmente e que enxergavam o Brasil como um país inferior devido o grande número de escravos vindos da África.
Freyre transformou a visão negativa da miscigenação em positiva,porém na década de 60 passou a ser criticado,inclusive pelo Movimento Negro que antes o apoiava.
Isso deve se ao fato do novo significado que a sua obra recebeu,a nova interpretação que os leitores realizaram ao compreenderem a valorização dos portugueses e da casa grande para a construção do povo brasileiro.
A linguagem literária abordada por Freyre em sua obra trazia uma visão romantizada e camuflava os conceitos embutidos que após certo tempo causariam discussão.
A obra de Freyre causou muitas críticas,isso devido a posição do homem branco e senhor,apesar de ele ter valorizado a presença do negro ,fica claro a predominância da cultura patriarcal e a valorização da presença portuguesa no Brasil e no mundo.
Algumas interpretações da obra referem se a formação do Brasil devido a Casa Senhorial,ou seja,a formação da identidade nacional a partir da perspectiva da Casa Grande,logo esta foi a responsável pela aproximação entre negros e brancos no Brasil e reduzia a distância social entre escravos e senhores devido as relações sociais que mantinham.Assim,as relações culturais e sociais foram se alterando,criando um novo modo de vida.
Aos portugueses era atribuída uma capacidade de adaptação,de se misturar com facilidade com outras raças,possuíam uma empatia inata,ou melhor dizendo,dispunham de predisposição para a colonização híbrida e escravocrata dos trópicos,isto devido,ao seu passado étnico e cultural,de um povo indeterminado entre Europa e África.
Um fator que contribuiu para a miscigenação foi o fato de haver poucas mulheres brancas disponíveis para os colonizadores,revelando um desequilíbrio demográfico.Esse fator culminou primeiramente com a relação entre portugueses e índias e depois portugueses e africanas.Também houve incentivos da Coroa em enviar mulheres brancas para os colonos aqui presentes no Brasil.
Freyre não retratou a violência implícita que ocorreu no processo de miscigenação,na verdade foi uma agressão tão quanto foi o processo de colonização,pois retira do negro e do índio o protagonismo histórico e os submetem ao poder do europeu,desdenhando a trajetória de luta e resistência ao mínimo de tentativa de dignidade e identidade.
Freyre escreveu a respeito da alimentação sobre a ótica de duas
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