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A visão do governo federal e das elites nacionais em relação a população sertaneja

Por:   •  4/7/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.421 Palavras (6 Páginas)  •  194 Visualizações

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CAMPUS MANAUS ZONA LESTE

AMANDA BEATRIZ DA COSTA FARIAS

A visão do governo federal e das elites nacionais em relação a população sertaneja.

MANAUS/AM

2019

AMANDA BEATRIZ DA COSTA FARIAS

3 ANO ”N”

A visão do governo federal e das elites nacionais em relação a população sertaneja.

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MANAUS/AM

2019

INTRODUÇÂO

Os fazendeiros (coronéis) da região sofriam com uma grande perda de mão de obra (devido à população crescente que se mudava para Canudos).A igreja católica também não aprovava a liderança de Antônio Conselheiro, pois acreditavam que havia distorções graves/heresias daquilo que ele estava pregando. Por consequência, a Igreja estava perdendo fiéis que se juntavam a Beato Conselheiro. O governo se encontrava sem controle sobre a comunidade. Os sertanejos de Canudos não eram submetidos às normas da República e às suas instituições.

A visão do governo federal e das elites nacionais em relação a população sertaneja.

A proclamação da República em terras brasileiras não significou o alcance imediato das transformações que, teoricamente, seguiriam a mudança de nosso regime político. O sertão nordestino era palco de terríveis contrastes de ordem social e econômica. De um lado, grandes famílias concentravam a propriedade das terras e disputavam o poder político entre si. Do outro, pobres sertanejos vivia uma grave situação de miséria e buscavam o alcance de uma vida melhor.

A crença religiosa operava como modo de se aliviar as tensões que atingiam a população menos favorecida. Porém, os representantes religiosos oficiais nem sempre ocupavam esse lugar, tendo em vista que defendiam a ordem vigente controlada pela restrita população de proprietários. 

Indico alguns pontos principais, que estão relacionados às causas do conflito.

 

1. Fome: o desemprego e os baixíssimos rendimentos das famílias deixavam muitos sem ter o que comer.

 

2. Seca: a região do agreste ficava muitos meses e até mesmo anos sem receber chuvas. Este fator dificultava a agricultura e não permitia a sobrevivência do gado.

 

3. Falta de apoio político: os governantes e políticos da região não se importavam com as necessidades das populações carentes.

 

4. Violência: latifundiários empregavam grupos armados para proteger suas propriedades. Eles espalhavam a violência pela região, como estratégia de manutenção do poder dos fazendeiros e forma de repressão a qualquer movimento político ou social, desfavorável aos seus patrões.

 

5. Desemprego: grande parte da população pobre estava desempregada em função da seca e da falta de oportunidades em outras áreas da economia.

 6. Fanatismo religioso: era comum a existência de beatos que arrebanhavam seguidores prometendo uma vida melhor.

         Nesse contexto, surgiu Antônio Conselheiro, rezando e conclamando fiéis para consertar igrejas e cemitérios pelo Nordeste. Ele atraiu a atenção e o respeito de multidões de fiéis. Em 1893, Antônio Conselheiro – que não era clérigo – estabeleceu-se num vilarejo abandonado. Em pouco mais de dois anos, o antigo vilarejo, localizado no interior da Bahia, transformou-se num aglomerado de mais de 20 mil pessoas, trabalhando e cultivando as terras em forma de comunidade.

A maioria dessas pessoas era de trabalhadores rurais, explorados por grandes latifundiários que, aos poucos, foram ficando sem mão de obra. Ao mesmo tempo, a Igreja passou a se sentir ameaçada com as pregações de Antônio Conselheiro. Chefes políticos nordestinos passaram a conclamar medidas governamentais que dispersassem o agrupamento.

Para os sertanejos, o arraial era a “terra prometida”. Para os padres que perdiam seus fiéis, e para os grandes proprietários de terra que perdiam seus trabalhadores, era um “reduto de fanáticos” que devia ser destruído.

Consolidando uma comunidade não sujeita ao mando dos representantes do poder vigente, Canudos, nome dado à comunidade por seus opositores, se tornou uma ameaça ao interesse dos poderosos.

Incriminada por setores influentes e poderosos da sociedade da época, Canudos foi alvo das tropas republicanas. Ao contrário das expectativas do governo, a comunidade conseguiu resistir a quatro investidas militares. Somente na última expedição, que contava com metralhadoras e canhões, a população apta para o combate (homens e rapazes) foi massacrada. A comunidade se reduziu a algumas centenas de mulheres, idosos e crianças. Antonio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para que estudassem as características do crânio de um “louco fanático”.

A Guerra dos Canudos é consequência direta de um longo processo de marginalização, violência e exclusão social da comunidade de Canudos. O movimento messiânico, causado pela miséria da população rural, a profunda religiosidade e a opressão de coronéis foram contra os interesses da elite da época, ou seja, contra os coronéis e sua perda de mão de obra; a Igreja com o crescimento do movimento considerado herético; o governo com a perda de controle e o pano de fundo pintado pela imprensa chamando o movimento de monarquista. Isso resultou em duas expedições fracassadas do estado baiano e mais duas expedições realizadas pelo exército nacional, culminando no massacre do arraial de Canudos.

Os grandes proprietários de terras saíram vitoriosos. E com eles os liberais republicanos que deram o golpe de 15 de novembro e conservaram a mesma estrutura de poder e pólos de dominação da sociedade escravista. O liberalismo republicano, num pacto com as oligarquias latifundiárias, destruiu até o último homem os habitantes de Canudos. Os políticos liberais exultaram com o feito. Apenas algumas vozes isoladas de estudantes se fizeram ouvir denunciando o genocídio. Para eles, o fundamental era a preservação da ordem latifundiária. Rui Barbosa redigiu um discurso que faria no Senado denunciando a selvageria do Exército. Dizia o rascunho do seu texto: “Canudos arrasou-se; mas não é no arrasamento de Canudos que se acha o maior proveito moral. Suprimistes uma colônia de miseráveis. Mas não tocaste na miséria que a produziu. A miséria é a ignorância, o estado rudimentário, o abandono moral dessas populações, sem escolas, sem cultura cristã, sem vias férreas, sem comércio com o mundo civilizado. Os jagunços são as vítimas da situação embrionária de uma sociedade enquistada ainda na rusticidade colonial. A lição não está na exibição atroz de uma cabeça cortada ao corpo exumado de um núcleo de homens decididos a se matarem pela visão de um falso direito, espetáculo oriental, que os nosso sentimentos repelem e que nem o pretexto da curiosidade científica absolve. Supunha-se que esta nação só se compusesse da população híbrida, invertebrada e mole das cidades; mas o deserto revoltado nos fez sentir na medula do leão a substância de que se fazem os povos viris. Mais ainda outra coisa se viu: para debelar um arraial, defendido pelo frenesi de um núcleo de homens decididos a se matarem pela visão de um falso direito, foi mister um exército. Calculem agora quantos exércitos não seriam necessários para semear neste país, para lhe impor o cativeiro, imaginem se há reações militares, que não desapareçam ao sopro do direito popular, quando a nação levantada tiver consciência, a vontade e a coragem de sua soberania.

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